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domingo, março 09, 2008

Tratando ainda de prefácios



Tratando ainda de prefácios




Recebi, de alguns leitores, comentários acerca da crônica anterior, em que falei de Anatole Ramos, José J. Veiga, Guimarães Rosa e suas atitudes quanto aos prefácios. Eles estão, todos, na íntegra, no meu bloguinho: penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com.

“O prefácio (...) é a apresentação da obra. Para quem já é consagrado (um dia não o era), a dispensa do comentário é possível, mas para um iniciante, mesmo incomodando os famosos, não” (Mara Narciso, médica e escritora, estudante de jornalismo, Montes Claros, Minas).


“É, eu gosto de prefácios. E também gosto de orelhas, lombadas quadradas... Vejo o prefácio sempre como um presente que se dá, não se pede. Mas quem, hoje em dia, dá sem que se peça? Poucos e raros. Quanto a Letrados com urticárias a pedidos de novatos, muito me entristece saber. Pois este, hoje, Letrado, um dia foi novato, ou algum nasceu pronto e recitou invés de chorar? E há muitos bons novatos! Talvez melhores novatos do que foram, ontem, os que hoje, do alto de seus pedestais, os prefaciam, ou se coçam... Ah, Letrados (...) Se a obra merece, Caríssimo ou Excelentíssimo ou Digníssimo Letrado, “prefaceia”, vai!” (Soraya Vieira, editora, Rio de Janeiro).

“Se não tenho os pés, pra que quero os sapatos? Se não tenho livros, pra que prefácio? Você mesmo disse um dia: " Quem faz o prefácio pega carona com o escritor" (este se esqueceu de assinar).


“É, em quase todas as situações, o novato é discriminado e, na maioria das vezes, excluído. Conheço pessoas extremamente talentosas sofrendo discriminações e pré-conceitos e fora do mercado pelo fato de ser novato. País ingrato este não? Exclui os novatos e abandona os mais velhos. Quanto ao assunto prefácio, para que serve? Para nos convencer de que a obra vale a pena?”. (Este também ficou no anonimato).

“E vá se preparando, meu amigo poeta... Um dia, se vier a lançar um livro de charges e cartuns, certamente vou querer um seu, hehehe”. (José Neto Alves, jornalista, cartunista, Belo Horizonte, Minas)

E, por fim, num longo comentário (está inteiro no meu blogue), o escritor Adriano César Curado diz, dentre outras coisas: “O prefácio é importante em um livro, pois se trata da diversidade de conceitos e opiniões. Quando um escritor “novato” (não entendo o que a crônica quis dizer com isso) pede um prefácio a quem se acha veterano, não está à procura de palavras açucaradas e nem de elogios à sua obra. Ele quer, sim, uma opinião nova sobre o que escreveu, muitas vezes no intuito de evoluir e, futuramente, compor uma obra melhor”.

Simplifico, resumindo, sintetizando etc.: Gostei de escrever algo que suscitasse tantas opiniões interessantes. Deixei no ar a impressão de que também eu não gosto de prefácios. Será que não? Meus 15 livros têm prefácios. E já produzi prefácios às dezenas, mas continuo achando que não devo fazer isso: não tenho competência. Mas, se o autor me pede, como não atender? Só consigo dizer “não” quando (isto aconteceu recentemente) o autor insiste para que eu prefacie também o livro seguinte. Argumento que não fica bem, que há outros escritores e críticos amigos. Diversificar é sempre bom, uai.

No mais, é dizer que, para mim, o livro é uma festa. E festa implica convidados. Neste caso, o autor convida os que preencherão o prefácio, as orelhas e, muitas vezes, a contra-capa.

Agora... O autor tem que se convencer de que, ao montar sua festa, tem que preparar bem o ambiente, os acepipes, as bebidas e os adereços. E que a festa seja boa! Tintim...

10 comentários:

Ler o Mundo História disse...

Tim-tim :)
beijos
Frô

Anônimo disse...

Luiz, gosto muito de prefácios. Muitos deles ajudam a compreender a obra, ou nos dão uma visão particular sobre ela.
Orelhas são também excelentes, desde que bem construídas, desde que não sirvam apenas para elogiar.
Quando for publicar um livro (meu sonho), espero que tenha ambos, orelhas e prefácio.
Acredito que os autores já consagrados devem sim se prestar à tarefa de prefaciar os novatos. Afinal, quem melhor que eles poderia realizar esta tarefa?

beijos, boa semana para você.

Mara Narciso disse...

Agora todos ficamos sabendo a sua opinião sobre prefácios: um bem necessário.

Foi bom ter deixado de lado o "Dia Internacional da Mulher": um mal desnecessário. Esse sim, uma pedra no sapato das mulheres independentes que odeiam uma tutela.

Anônimo disse...

Queira ou não, você é bom também em prefácios orelhas, apresentações, índices, resenhas e principalmente em miolos.
Beijo, querido.
Marilda

@Viu__Falei disse...

Olá... Gostaria de te apresentar o portal www.ousar.net que tem um catálogo de artistas goianos e tá começando agora.. então precisa da sua ajuda na divulgação...
por favor convide os amigos artistas a se cadastrarem no site.. ok...
Parabéns pelo seu blog.

Anônimo disse...

Tim-Tim!
...Às boas festas, ilustradas por Ilustres convivas.

*

Senti falta da Mulher - musas constantes de suas Letras - no seu Dia Internacional.

Não queimei soutien na praça... Adoro um mimo, seja no meu dia Internacional, assim como, em todos os dias...

Boa semana.

Soraya

*

Madalena Barranco disse...

Olá querido Luiz, ah, adorei sua posição sobre os prefácios! Eu gosto muito quando os livros os têm devidamente preenchidos. É como se fosse uma visão de fora sobre o livro que temos em mãos. Eu acho que você é modesto quando diz que não se sente indicado para escrevê-los, porque você tem uma boa visão sobre o que querem dizer as palavras! Beijos.

Anônimo disse...

"Novatos", por favor, escrevam um bom livro, preparem um belo ambiente para os convivas e peguem "carona" no rabo de um grande e luminoso comêta, pois todo leitor adora ler orelhas, prefácios... e só depois é que o livro será folheado e lido.Portanto: TIM-TIM!!!
"Peguem" ou peçam ao Luiz de Aquino ou a outros com o mesmo talento e brilho, e daí; TIM-TIM mais uma vez, porque se seu livro já for bom, depois de prefaciado pelo poeta Luiz de Aquino, garanto a vocês que ele ficará aínda muito melhor, rs,rs,rs,rs!!!
Luiz, estou dizendo só a verdade, né siô? "Novatos", eu só fui verdadeira, mas cuidado, caso seu livro seja ruim (todo pai acha sua
(cria" perfeita?), nem peçam para o Luiz de Aquino, pois ele vai coçar as mãos...e não vai prefaciar ou "avalizar" livros ruins de maneira alguma.

Luiz,parabéns menino, adorei à polêmica gerada por seu texto sobre prefaciar ou não um "novato", gosto de texto que coloca os neurônios para funcionarem, Mesmo que seja para concordarem ou não,e isso é porque não gosto muito de unânimidade.Mas, veja bem, eu entendí a sua colocação sobre o assunto, até porque já tive o grato prazer de ler alguns livros seus e todos são prefaciados por grandes escritores.

Boa tarde e uma ótima semana!!!

Leida Gomes

Lord of Erewhon disse...

Escritor que faz prefácio é como puta que faz strip. Literatura que se explica é pior que prostituição, é vontade de fama por razão medíocre: a de se julgar escritor, quando não se passa de vendedor ambulante de palavras.

Um escritor não se explica: escreve e cala - essa é a sua vida e a sua morte.

Os melhores cumprimentos.

M.C.L.M disse...

Excelente texto, parabéns!
Sinto-me uma "novata", tentando publicar meu primeiro livro de poesias que provavelmente não terá
prefácios....rs.