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sábado, setembro 18, 2010

Cálidas Mineiras em Termas Goiás

(Poema meu ilustrado e divulgado com o carinho dos meus amigos poetas José Aloise Bahia e Silvana Guimarães, ambos mineiros. Vejam como fica bonito no "Germina": 

http://www.germinaliteratura.com.br/2010/ageneticadacoisa_luizdeaquino_set10.htm

O propósito: mostrar o texto e como foi concebido, daí o tema "A genética da coisa".


Carvão de Fernando Fiúza (1953-2009), artista mineiro.

cálidas mineiras em termas goiás
                                    por luiz de aquino




O poema



Morenas mineiras,
serenas sereias
de tetas pequenas
e nádegas plenas
(abundantes).

Sóbrias maneiras
de moças faceiras,
saudáveis mineiras
de além horizontes
(visitantes).

Nos clubes, nas ruas,
nos lençóis, à lua,
vestidas ou nuas
— é comê-las cruas —
(são suas?).

Em termas piscinas
as vejo meninas;
mineiras maneiras,
morenas apenas,
sereias serenas
louras vindouras
(gatinhas. São minhas?).

Negras, castanhas,
castas, me assanham:
discretas, insinuantes
— prefiro as mineiras,
sereias morenas
de tetas parcas e nádegas fartas —
(abundantes).






Razão



Esse poema foi concebido em Caldas Novas, minha cidade natal, em 1989 ou 1990. Como tudo o que temos no sul de Goiás, e tal como era até a década de 1970, nossos ancestrais tinham raízes em Minas Gerais. As famílias pioneiras de lá (Gonzaga de Menezes, Rodrigues da Cunha, Lopes de Morais e outras) vieram de Minas, tal como os hábitos e o modo de falar, especialmente do Triângulo Mineiro (que já integrou a Província de Goiás). Minha mãe nasceu em Minas (Conquista) e meu pai, que é goiano de Pirenópolis, tinha um avô mineiro (José Florentino Alves, de Bom Despacho). No decorrer da década de 1980, o turismo firmou-se em Caldas Novas e os finais de semana eram marcados por inúmeras excursões advindas de várias regiões brasileiras e, com farta frequência, também de outros países. As pessoas vinham conhecer "o maior manancial de águas termais do mundo" e deliciar-se nas piscinas dos clubes e hotéis.

E estava eu vivendo o conforto da minha década de quarenta. Não sei se o apelo vinha do DNA, mas o fato é que sempre me identifiquei, a partir da troca de olhares, com as mineiras. Costumava ir-me daqui, de Goiânia, para a minha terrinha logo após o término do expediente de sexta-feira; menos de duas horas de automóvel, já estava em casa (dos pais), aprontando-me para um circuito descontraído em torno das excursões chegantes, ou mesmo de pessoas vindas em minúsculos grupos, em carros particulares. Curtia, assim, aquilo que chamávamos de "namoro de final de semana", que melhor se caracteriza, nos conceitos de agora, como "ficar".

De alguns encontros assim restaram-me algumas paixões que ensejaram viagens (ora eu ia, ora a namorada vinha) e a distância, sim, foi obstáculo, em alguns casos, para consolidarmos um envolvimento de maiores raízes... Mas ficou, neste poema, o registro ao que me valeu como uns poucos, mas fortes e expressivos, encontros afetivos. Coisas memoráveis, sim!



Luiz de Aquino (Goiânia/GO) -  Jornalista, professor, articulista, poeta, contista e cronista do jornal Diário da Manhã, Goiânia, GO. Estudou no Rio de Janeiro e em Goiânia, onde reside com a família. Graduado em Geografia pela Universidade Católica de Goiás. Membro da União Brasileira de Escritores, da Academia Goiana de Letras e do Sindicato de Escritores do Rio de Janeiro. Na infância, preferia ouvir rádio, ler revistas em quadrinhos e livros de histórias que jogar futebol no meio da rua. Gosta de artes, literatura, informática, viagens, MPB, chorinho e a “bossa nova” da poesia moderna, por sua cadência e liberdade. Prefere as viagens de automóvel às de avião, mas o que gosta mais é de conversar sobre literatura e coisas do cotidiano. Publicou, entre outros, O Cerco (Contos, Editora Líder, Goiânia, 1978), Sinais da madrugada (Poemas, Editora Centauro, Goiânia, 1983), Isso de Nós (Poemas, Edições Consorciadas UBE/Kelps, Goiânia, 1990), Deu no jornal (Crônicas, Terra, Goiânia, 2000), A noite dormiu mais cedo (Poemas, Prêmio de Literatura Cora Coralina, Agepel, 2002), Sarau (Poemas, Editora Talento, Goiânia, 2003) e As Uvas, teus mamilos tenros (Poemas, Editora Talento, Goiânia, 2005, com ilustrações de Pollyanna Duarte, professora da Universidade Católica de Goiás). 


5 comentários:

Mariana Galizi disse...

Talvez, os amores vividos se perpetuem com saúde na memória pela precoce morte, não do amor, mas do ato.
Neste sentido moram em nossos corações saudades que nutrem nossa essência do mais puro lirismo, a beleza leve, sem rancores, torna a poesia fluída e cristalina, como se o amor não fosse desvirginado pelo cotidiano.
Bela poesia, Luiz.

Sônia Marise Teixeira disse...

Oi!
Mineiras...hein? SE fossem só as mineiras....rapaz......
Lindo poema.
bj

Marília Núbile disse...

Poesia,Prosa e Festa!
Versos eróticos e significativos, para cantar paixões de um tempo e lugar, propícios às suas entregas e conquistas, de "formas" e "cores".
-Prosa informativa sobre as razões de seu fazer poético:-musas,além Paranaíba!
-Ainda, momento cívico-cultural,proporcionado pela atuante Vereadora Célia Valadão.
Enfim,tudo ARTE!!!

Mara Narciso disse...

O poema nos remete às tetas pequenas e aos glúteos fartos das mineiras daquele tempo. Encontro-me, sendo mineira também, no setor oposto, com seios fartos e glúteos modestos. O poema dá fome aos marmanjos e a crônica faz sonhar as meninas. Dose dupla de prazer para os dois gêneros. E ainda a ampliação, aqui neste local, do seu histórico. No DOMINGÃO tudo está superlativo.

Maria José Lindgren Alves disse...

Uma graça seu poema às cálidas mineiras. Curti muito!


Maria