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domingo, dezembro 12, 2010

Professor: profissão de risco



Il.: Elson

 Professor: profissão de risco


A violência nas escolas continua sendo ignorada pelas autoridades. Ao que parece, as altas cúpulas da Educação e da Segurança não conseguem despertar, nos parlamentares, a sensibilidade capaz de buscar medidas que alcancem a paz nas escolas para que, no futuro, num “dia feliz”, possamos dar início à tão sonhada Era da Educação no Brasil.

Somente no decorrer desta última semana, há sete dias da minha crônica mais recente (“Fé na vida e na Pessoa”), vi na tevê reportagem que nos mostra o quanto alguns países asiáticos avançaram, em poucas décadas, em tecnologia e qualidade de vida. E vi também que o Brasil, apesar de alguns festejarem “um avanço” na avaliação do ensino público, continua num humilhante 53º lugar, num grupo de 64 países avaliados. E vi também o programa Profissão Repórter, da TV Globo, a mostrar o clima de terror que se impõe  contra professores e funcionários das escolas.

Os algozes são adolescentes, na maioria. Mas há crianças agressivas, também, além de jovens adultos, como o que, poucas horas antes de o programa de Caco Barcelos ir ao ar, matou o professor que “lhe deu” nota baixa (nota alta é mérito do aluno; nota baixa, perseguição do professor). Ao ser preso, na manhã seguinte, o assassino disse que “se sentia perseguido” pelo professor.

Há alunos, em escolas públicas e privadas, que agem em bloco para irritar um professor; quando o mestre cai na trama, é filmado por celulares e acontece a reclamação no Ministério Público ou em órgãos superiores da Educação. Uma garotinha de oito anos sugeriu, numa escola municipal de Goiânia, que a professora “limpasse o quadro com o c*”. Sem perder a postura, a professora chamou o pai da criança, que atendeu de pronto (coisa rara, é bom que eu diga); ao ouvir o caso, o pai pôs-se a rir.

Exigir uniformes e respeito aos horários faz de diretores, professores e funcionários inimigos que se tornam ameaçados e agredidos por crianças que se mostram hábeis na verbalização de impropérios e adolescentes que atacam de várias formas: um tapa ou soco, o arremesso de uma carteira, e até o uso de facas, revólveres, estiletes e lâminas de barbear. Traficantes que atuam em torno das escolas, disfarçados de vendedores de guloseimas ou lavadores de automóveis, invadem pátios de escolas para obter água e usam os muros para inscrever avisos, como preço do serviço etc.). E aliciam estudantes para distribuir drogas.

Alguns importantes órgãos de gestão e fiscalização do ensino acolhem, sem a investigação racional, acusações contra dirigentes bem intencionados. Qualquer estudante com objetivos de mera contestação, ou pais que preferem o conflito à conversa e almejam resultados políticos (desde a eleição de diretores e secretários até a corrida por uma cadeira na Câmara de Vereadores) manipulam a Educação para atingir seus objetivos. E os dirigentes, com os salários que todos sabem ridículos, assoberbados com os afazeres, ainda têm de perder tempo para defender-se de acusações levianas formuladas por maus alunos ou, pior ainda, por supostos líderes estudantis que, com o tempo dedicado “à causa”, já seriam doutores acadêmicos, se os partidos que detêm o controle de entidades estudantis (?) lhes permitissem de fato estudar.

É fato que há professores ruins, mas são tantos ou menos que o índice de policiais corruptos; a diferença é que não se tem medida coercitiva contra o mau professor. É mau professor o que não tem conteúdo nem competência didática e (ou) pedagógica; é mau professor o que se vale da posição para assediar alunos (atitude anti-ética que se mistura, muitas vezes, com o crime de pedofilia); é mau professor quem faz da cátedra um púlpito eleitoral de qualquer natureza, sobretudo de política partidária.

A escola pública brasileira assemelha-se, hoje, a um “Complexo do Alemão” espalhado. Já passa da hora de uma ação eficaz para sanear o sistema. E, ao mesmo tempo, é indispensável que se cuide, já, de reavaliar a remuneração e as condições de trabalho dos profissionais da Educação. Os professores devem ter a chance de viver com um só emprego. Merecem, para tanto, ser incluídos na PEC 300 – essa que propõe a remuneração digna para policiais e bombeiros militares de todo o país: quatro mil reais para professor; para mestre, sete mil reais.

Enfim, meu recado ao pai que riu ao saber que a filhinha de oito anos mandou a professora “limpar o quadro com o c*”:

– Cuidado, moço! Daqui a uns quinze anos, sua filha poderá matar uma professora, em lugar de ofender com palavras.


* * *


Luiz de Aquino é escritor, membro da Academia Goiana de Letras. E-mail: poetaluizdeaquino@gmail.com.






19 comentários:

Linda Pacheco disse...

Parabéns, Luiz!
Talvez se todos nós tivessemos sua coragem tantos professores apaixonados pela docência não teriamos largado esse que é realmente um sacerdócio. Mais um ponto pela sua coragem. Bjos

Mara Narciso disse...

Mantenha a sua cruzada contra o desrespeito ao outro. Mantenha a sua indignação em dia. Não se deixe anestesiar pela aceitação da violência como algo normal e inexorável. Que os maus alunos sejam punidos exemplarmente com a expulsão, e os maus professsores também o sejam. Pela política da liberdade, sem perder de vista os bons modos e a ética.

Fátima Cerqueira disse...

Não concordo quando dizem que magistério é sacerdócio. Não sou cristã o bastante para dar o outro lado da face. Estudei para orientar, ajudar os discentes a encontrarem seus caminhos. Não sou domadora e tampouco catequista. Escola não é extensão de lar. Limites e respeito são e devem vir de casa . Enquanto a maioria dos pais acharem que o caráter dos filhos é responsabilidade da escola, a mesma não conseguirá cumprir seu papel, oferecer conhecimentos. Sua crônica aguçou minhas revoltas. Ah!!! Quem maltrata a própria língua, pouco se faz respeitar.Parabéns pela solidariedade.

Mariana Galizi disse...

Ah, caríssimo Luiz... até descobrir-se o que fazer,devemos entrar num jogo de auto-defesa, sem nunca extrapolar as linhas que protegem o corpo discente de "maus professores", afinal, é preciso acarinhar o aluno semi-analfabeto que limita-se em assinar seu nome e que é passado ao próximo ano, porque há leis que o protegem nessa condição de precariedade cultural.
Antes que sejam os alunos grandes terroristas sociais, é notável lembrar que os filhos problema o são porque a extensão dos pais é latente e explode nessas camadas sociais.
Hoje, o professor é muitas vezes refém do que é refletido nesses pequenos aprendizes, a sociedade está invadida e a responsabilidade do professor hoje é tomar a posição de família para educar, mas que não recebe o respeito de quem o faz.

Maria Dulce Loyola Teixeira disse...

maria dulce loyola teixeira

Oi Luiz,
É certíssimo o que você escreveu. Ainda ontem comentei no facebook: "O despreparo dos professores, não por culpa deles, mas porque o Estado pagando mal não incentiva um professor mais qualificado, portanto por todo o Brasil temos um professor acuado, que não consegue assumir sua missão de "mestre" educador em todos os sentidos - só será se o Estado cuidar melhor deste profissional que é a extensão da educação familiar e DIGNO DO MAIOR RESPEITO DE ALUNO E DA SOCIEDADE".
Não é necessário demitir, Mauro Borges quando entrou para governar, "internou" os professores em um regime de reabilitação, proporcionando um reciclagem para todos, dando chance aos que já estavam lecionando e oportunidade de melhorar o conhecimento. O resultado surpreendeu.
Basta querer que se faz. Mas, é preciso acabar com o mito de que quanto menos instrução melhor para o político - da mesma forma despreparado -
A educação é a única forma de mudar o Brasil doente do corpo e da mente - se na primeira aula de ciências, ainda no pré escolar as crianças aprendem que é preciso lavar as mãos antes das refeições e que só deve beber água filtrada - isso já garante uma grande parte da população com saúde.
Ah, se houvesse vontade política para resolver isso...
Grande abraço, boa semana!

Maria Dulce

Cláudia Peres disse...

Olha, Luis,

Sou professora e hei de comungar das idéias expostas em sua crõnica.Cada vez mais, está sendo arriscado entrar numa sala de aula e ministrar conteúdos programáticos, uma vez que, nosso público-alvo carece de conteúdos de berço! Infelizemente, essa é uma dura e cruel verdade! Mesmo assim ainda acredito no poder transformador que a Educação formal exerce sobre as pessoas...é um caminho, é uma fonte, é uma oportunidade que não deixa de ser um RISCO!!!

Obrigada, por seus textos!

ELIANA KRUSCHEWSKY disse...

Meu querido, Luiz.

Tive a felicidade de visitar teu blog hoje e li o primeiro texto PROFESSOR- PROFISSÃO DE RISCO.

Li com muita atenção, pois você levantava uma questão em volta de um tema em que pais e professores passam, mas não sabem lidar.

Fiz Letras na UESC-BA 1993 e consurso público estadual que me oportunizou ministrar aulas e Literatura, língua Portuguesa e Redação para um universo de adolescentes de escolas públicas e particulares por 13 anos. Hoje ainda mantenho vinculo, mas estou em licença sem vencimentos para exercer minha missão como terapeuta de almas.

Mas te falo uma coisa: Lidei como este novo comportamento por este tempo todo e tive oportunidade de receber informação sobre o este comportamento através de Dr. Egidio Vecchio em Porto Alegre, me incintivando a ir em frente com este projeto.

Logo, venho pedir-lhe permissão para citar este teu texto no meu projeto que é voltado a pais e professores, pois tenho certeza que será mais um elemento adjuvante no processo.

Um forte abraço de PAZ.

Silvio Mello disse...

Caro amigo Prof. Luiz...!!!
Li a tua "angustiante" crônica, publicada hoje no Diário da Manhã...
Você se engana quando alertou aquele pai FDP, que riu quando a sua filha manda o professor limpar o quadro com o cú....
Na tua projeção, se essa menina que tem hoje 8 anos, após 15 anos ela completaria 23 anos.....
Prof. Luiz, essa menina seria Bandida com 15 anos.... não com 23 anos......
E esse pai FDP será, ou já é, com certeza, um político corrupto ou um corno que não tem o mínimo de aptidão para educar sua filha...........!!!!!!!!!

Ainda não te contei ...: Sou professor aposentado, Área de Educação Física, os últimos 7 anos exerci cargos administrativos (direção de Escola, Supervisão Pedagógica, etc..)
Para elevação de nível, antes da aposentadoria, cursei uma Pós-Graduação em PsicoPedagogia, mas não atuei, não cliniquei e nem tive mais vontade de exercer cargo algum na Educação...

Por ser da Área de Educação Física, peço que me desculpe pelos erros de pontuação, acentuação, pronomes mal colocados, concordância.... enfim .... pelos "assassinatos gramaticais"

Em outro momento, voltarei a comentar sobre da Famigerada Lei 5.692, de 1971, quando tiraram do nosso currículo algumas matérias de suma importância....Penso que tudo se originou daí.....!!!
Na época tínhamos um Asno (Jarbas Passarinho) e uma Anta (Sandra
Cavalcanti), responsáveis pela Educação no Brasil, essa Calamidade que veio a seguir...
--
abraços
Silvio Mello

Madalena Barranco disse...

Olá, Luiz querido,

Tudo isso me leva a pensar que o amor e o respeito precisam ser mais valorizados, principalmente nas instituições de ensino. Esse mundo corre tanto para tomar conta de coisas supérfluas e se esquece de parar para... Amar...

Beijos - adorei seu texto.

Anna Serpa disse...

Eu estou largando a profissão. Foram 20 anos, quero fechar com chave de ouro, mas não dá mais. Pouco dinheiro e prospecto de velhice desamparada.

Lindalva Costa disse...

Luiz,

O tema "Professor- Profissão de risco" gerou um bom desabafo. Que bom!! Muitos puderam expor aquilo que sentem. Pessoas corajosas como você são as que deveriam estar na política, ou seja, que devemos ter no quadro político do Brasil. Você não é político, mas a meu ver deveria ser. É uma pessoa que conhece de perto os problemas da sociedade. Acho que os políticos deveriam fazer o mesmo que você tem feito. Antes de falarem sobre educação em suas campanhas, precisam conhecer de perto a realidade. Sabemos que não são todos, mas a maioria deveria entender que a Educação deve ser “PRIORIDADE”. Fazem suas campanhas prometendo monte de coisas e... Aliás, acho também, que grande maioria dos que trabalham na "Secretária da Educação” não sabem o que se passa numa escola pública. Muitos acham exagero às reclamações do corpo docente. É isso aí, Luiz. A educação no Brasil está entre as piores do mundo. Sou professora de espanhol e faço pesquisas para saber como está à educação em vários países e principalmente nos países vizinhos. Fico envergonhada de saber que o Brasil, um país com tão grande potencial, possa estar entre os piores, ou talvez o pior, não sei. Que vergonha me dá!!! Ah, sobre a violência nas escolas, você viu a última de dois garotinhos(13 e 14 anos)? Então, eles colocaram álcool no filtro de água dos professores, e em seguida cuspiram dentro. Uma professora inocentemente bebeu a água e foi parar no hospital. Eles disseram que foi apenas uma brincadeira.Ufa, que brincadeira, hem? Essas são apenas algumas das noticias que ficamos sabendo. Mas nós, educadores, temos muitas outras para contar. Precisamos de espaço. Aqui não daria para expor todas as artimanhas dos nossos queridos alunos. O mais triste é realmente a postura de alguns políticos em relação à educação atual.
Parabéns, Luiz!!! Eu, como professora, posso garantir que realmente é o que se passa. Precisam tomar providências. Muitos pais estão achando bonitas "as risadinhas cínicas" dos seus filhos. Más não sabem o que estão plantando. Conhece o ditado: "colhemos o que plantamos". Isso pode gerar muitos problemas futuros até mesmo dentro dos seus próprios lares. Mas ainda dá tempo de acordarem. Só espero que não demorem e percebam a tempo a realidade. Um abraço.

Maria Rosa Ferraz Dias disse...

Muito bom! É preciso estar alerta. Os pais precisam se conscientizarem da necessidade de ajudar seus filhos, ajudando a escola e os professores e não passando a mão na cabeça e achando engraçado o que as crianças fazem hoje. As conseqüências de uma postura errada recairão sobre eles mesmo. Adoro você meu amigo.

Klaudiane Rodovalho disse...

Visitei seu blog, só comentários bons!!! Precisamos de mais jornalistas como você, com fibra, caráter. Agora que o assunto está em destaque, muitos farão suas reportagens, mas você não, Educação é tema recorrente em suas crônicas e o principal, valoriza os professores. Onde eles estão?! Você assistiu ontem à reportagem do Domingo Espetacular? Foi sobre violência na escola, também.
Parabéns pela homenagem na AGL, merecidíssima.

Sheldon Led disse...

Eu frequentei minha vida toda a escola pública, e presenciei/sofri coisas parecidas com as relatadas no post! O problema está na educação familiar, que não existe... é como diz o ditado: Cortar o mal pela raiz.

Bariani Ortencio disse...

Parabéns pelo seu ótimo artigo! Vamos bater nesta tecla até acordar alguém que se proponha a abraçar a causa.
Bariani Ortencio

Heliany Wyrta disse...

Quando leio você eu reflito muito sempre...
Quando você fala do que vivo eu me vejo no seu escrito.
Não vou te falar que seu texto é ótimo, Luiz, porque é trágico!
Mas quero te agradecer por tê-lo escrito.
Você não é homem de jogar a sujeira embaixo do tapete e nem de fingir que não vê o que é claro e evidente, admiro muito isso em você!
Sobre ser político, nunca pense nisso, Luiz, por favor. Essa podridrão não é seu lugar. Não acredito que possa haver virtude no mundo político, é um jogo de interesses, na maioria das vezes imoral.
Sobre ser professor hoje no Brasil, é um desafio. É desgastante, mas necessário que os bons não desistam!
Ser um bom professor é nadar contra a corrente, é fazer o que todos esperam que você não faça!
Temos uma péssima mania de preferir as mazelas, a violência e as atrocidades,estas provocam comentários mais efusivos.
O maior problema do professor hoje é que você não tem alunos, você precisa construí-los!
A que ponto chegamos!
Seria natural que nas escolas encontrássemos alunos, pessoas que foram ali para buscar novos conhecimentos, curiosas e ansiosas pela busca do saber, que tivessem perspectivas de vida.
Mas não! Encontramos nas escolas públicas um grande número de crianças que são geradas a esmo, por pais ausentes que as mandam para a escola em troca de um bolsa família, de um vale gás, de uma merenda, de um benefício assistencialista qualquer.
Existe um sistema que incutiu nas pessoas a visão de coitado, que precisa ser auxiliado, que não tem capacidade de lutar e sair da condição de miserável, aliás, ele nem deve deixar de ser miserável, pois quanto mais ele for mais benefício ele poderá ganhar.
E nas escolas particulares, um grupo mais perigoso ainda de delinquentes que se acham donos do mundo e que pensam que podem tudo, que não podem ser contrariados jamais.
Em todos os âmbitos, temos um grande grupo de crianças que não recebem nenhuma orientação familiar, em relação a moral e bons costumes (essas palavras de tão raras, são pronunciadas com ressalvas, é antiquado falar disso hoje em dia). E essas pessoas vão para a escola e a sociedade quer que os professores eduquem e transmitam valores morais que são de responsabilidade da família.
Precisamos repensar os rumos da nossa história!
Todas as atrocidades atuais parecem ter um culpado natural: o professor!
Existem também os maus professores, aqueles que estão nessa profissão apenas por não conseguir algo melhor para fazer. Ou que tinham algum ideal, mas deixaram se perder pelo caminho. Que estão nas escolas matando o tempo, matando a si e as possibilidades de progresso humano que poderíamos ter.
Sou professora e lidar com a realidade atual é extremamente difícil.
Porém não desisto, acredito no que faço, tenho convicção que esse é meu caminho e é isso que sei fazer bem.
Por isso, tenho coragem para lutar pela melhoria da qualidade da educação, que perpassa por melhores salários dos professores, por política de formação e qualificação dos profissionais da educação, por melhoria das estruturas físicas dos ambientes educacionais, por meios mais eficientes de avaliação do trabalho pedagógico, inclusive de dizer aos meus pares que educação é coisa séria...
Há tanto a ser feito, mas é necessário que a sociedade acorde, saia desse estado letárgico e comece a cobrar real investimento no ser humano!
Chega de medidas paliativas!
Chega de enrolação!
Precisamos de atitude coerente e eficiente que promova a transformação necessária!
Basta de falácia!
Por isso repito: admiro você, Luiz! Quando encontrarmos mais pessoas com a sua coragem e indignação...

Heliany Wyrta disse...

Quando leio você eu reflito muito sempre...
Quando você fala do que vivo eu me vejo no seu escrito.
Não vou te falar que seu texto é ótimo, Luiz, porque é trágico!
Mas quero te agradecer por tê-lo escrito.
Você não é homem de jogar a sujeira embaixo do tapete e nem de fingir que não vê o que é claro e evidente, admiro muito isso em você!
Sobre ser político, nunca pense nisso, Luiz, por favor. Essa podridrão não é seu lugar. Não acredito que possa haver virtude no mundo político, é um jogo de interesses, na maioria das vezes imoral.
Sobre ser professor hoje no Brasil, é um desafio. É desgastante, mas necessário que os bons não desistam!
Ser um bom professor é nadar contra a corrente, é fazer o que todos esperam que você não faça!
Temos uma péssima mania de preferir as mazelas, a violência e as atrocidades,estas provocam comentários mais efusivos.
O maior problema do professor hoje é que você não tem alunos, você precisa construí-los!
A que ponto chegamos!
Seria natural que nas escolas encontrássemos alunos, pessoas que foram ali para buscar novos conhecimentos, curiosas e ansiosas pela busca do saber, que tivessem perspectivas de vida.
Mas não! Encontramos nas escolas públicas um grande número de crianças que são geradas a esmo, por pais ausentes que as mandam para a escola em troca de um bolsa família, de um vale gás, de uma merenda, de um benefício assistencialista qualquer.
Existe um sistema que incutiu nas pessoas a visão de coitado, que precisa ser auxiliado, que não tem capacidade de lutar e sair da condição de miserável, aliás, ele nem deve deixar de ser miserável, pois quanto mais ele for mais benefício ele poderá ganhar.
E nas escolas particulares, um grupo mais perigoso ainda de delinquentes que se acham donos do mundo e que pensam que podem tudo, que não podem ser contrariados jamais.
Em todos os âmbitos, temos um grande grupo de crianças que não recebem nenhuma orientação familiar, em relação a moral e bons costumes (essas palavras de tão raras, são pronunciadas com ressalvas, é antiquado falar disso hoje em dia). E essas pessoas vão para a escola e a sociedade quer que os professores eduquem e transmitam valores morais que são de responsabilidade da família.
Precisamos repensar os rumos da nossa história!
Todas as atrocidades atuais parecem ter um culpado natural: o professor!
Existem também os maus professores, aqueles que estão nessa profissão apenas por não conseguir algo melhor para fazer. Ou que tinham algum ideal, mas deixaram se perder pelo caminho. Que estão nas escolas matando o tempo, matando a si e as possibilidades de progresso humano que poderíamos ter.
Sou professora e lidar com a realidade atual é extremamente difícil.
Porém não desisto, acredito no que faço, tenho convicção que esse é meu caminho e é isso que sei fazer bem.
Por isso, tenho coragem para lutar pela melhoria da qualidade da educação, que perpassa por melhores salários dos professores, por política de formação e qualificação dos profissionais da educação, por melhoria das estruturas físicas dos ambientes educacionais, por meios mais eficientes de avaliação do trabalho pedagógico, inclusive de dizer aos meus pares que educação é coisa séria...
Há tanto a ser feito, mas é necessário que a sociedade acorde, saia desse estado letárgico e comece a cobrar real investimento no ser humano!
Chega de medidas paliativas!
Chega de enrolação!
Precisamos de atitude coerente e eficiente que promova a transformação necessária!
Basta de falácia!
Por isso repito: admiro você, Luiz! Quando encontrarmos mais pessoas com a sua coragem e indignação...

Heliany Wirta disse...

Quando leio você eu reflito muito sempre...
Quando você fala do que vivo eu me vejo no seu escrito.
Não vou te falar que seu texto é ótimo, Luiz, porque é trágico!
Mas quero te agradecer por tê-lo escrito.
Você não é homem de jogar a sujeira embaixo do tapete e nem de fingir que não vê o que é claro e evidente, admiro muito isso em você!
Sobre ser político, nunca pense nisso, Luiz, por favor. Essa podridrão não é seu lugar. Não acredito que possa haver virtude no mundo político, é um jogo de interesses, na maioria das vezes imoral.
Sobre ser professor hoje no Brasil, é um desafio. É desgastante, mas necessário que os bons não desistam!
Ser um bom professor é nadar contra a corrente, é fazer o que todos esperam que você não faça!
Temos uma péssima mania de preferir as mazelas, a violência e as atrocidades,estas provocam comentários mais efusivos.
O maior problema do professor hoje é que você não tem alunos, você precisa construí-los!
A que ponto chegamos!
Seria natural que nas escolas encontrássemos alunos, pessoas que foram ali para buscar novos conhecimentos, curiosas e ansiosas pela busca do saber, que tivessem perspectivas de vida.
Mas não! Encontramos nas escolas públicas um grande número de crianças que são geradas a esmo, por pais ausentes que as mandam para a escola em troca de um bolsa família, de um vale gás, de uma merenda, de um benefício assistencialista qualquer.
Existe um sistema que incutiu nas pessoas a visão de coitado, que precisa ser auxiliado, que não tem capacidade de lutar e sair da condição de miserável, aliás, ele nem deve deixar de ser miserável, pois quanto mais ele for mais benefício ele poderá ganhar.
E nas escolas particulares, um grupo mais perigoso ainda de delinquentes que se acham donos do mundo e que pensam que podem tudo, que não podem ser contrariados jamais.
Em todos os âmbitos, temos um grande grupo de crianças que não recebem nenhuma orientação familiar, em relação a moral e bons costumes (essas palavras de tão raras, são pronunciadas com ressalvas, é antiquado falar disso hoje em dia). E essas pessoas vão para a escola e a sociedade quer que os professores eduquem e transmitam valores morais que são de responsabilidade da família.
Precisamos repensar os rumos da nossa história!
Todas as atrocidades atuais parecem ter um culpado natural: o professor!
Existem também os maus professores, aqueles que estão nessa profissão apenas por não conseguir algo melhor para fazer. Ou que tinham algum ideal, mas deixaram se perder pelo caminho. Que estão nas escolas matando o tempo, matando a si e as possibilidades de progresso humano que poderíamos ter.
Sou professora e lidar com a realidade atual é extremamente difícil.
Porém não desisto, acredito no que faço, tenho convicção que esse é meu caminho e é isso que sei fazer bem.
Por isso, tenho coragem para lutar pela melhoria da qualidade da educação, que perpassa por melhores salários dos professores, por política de formação e qualificação dos profissionais da educação, por melhoria das estruturas físicas dos ambientes educacionais, por meios mais eficientes de avaliação do trabalho pedagógico, inclusive de dizer aos meus pares que educação é coisa séria...
Há tanto a ser feito, mas é necessário que a sociedade acorde, saia desse estado letárgico e comece a cobrar real investimento no ser humano!
Chega de medidas paliativas!
Chega de enrolação!
Precisamos de atitude coerente e eficiente que promova a transformação necessária!
Basta de falácia!
Por isso repito: admiro você, Luiz! Quando encontrarmos mais pessoas com a sua coragem e indignação...

Cristina disse...

Parabéns, sei que muitos talvez possam achar exageradas as tuas palavras. Pessoas que não imaginam o que se passa atualmente, dentro de uma sala de aula. Burocratas da educação, dirão que não entende da pedagogia utilizada dentro das unidades educacionais. Pais, podem achar que está olhando apenas um lado da questão. Até alguns professores, mais cínicos e indiferentes á sua realidade, comentarão que não tem noção real do que se passa numa escola. Acontece, que eu, enquanto professora concordo com cada palavra que foi emitida. Iria mais longe até, em alguns pontos. Sou professora efetiva, desde 1999, desenvolvi sérios problemas de saúde em decorrência de meu trabalho, sem amaparo institucional. A quem recorrer? Pais -a grande maioria- nem comparecem nas escolas de seus filhos. Representates das Secretarias de Educação, quando aparecem é para cobrar, ou questionar. Alunos, em sua maioria não estão nem ai pra aprender nada. Acham que com um computador e com a internet, podem aprender mais que com um professor. Qual será nosso papel daqui a alguns anos, não sei. Penso até, se irei me permitir continuar nesse atual sistema caótico chamado EDUCAÇÃO.
(cris)