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domingo, outubro 07, 2012

Morgan Freeman e o preconceito de cor


Morgan Freeman e 
o preconceito de cor




Temo o dia em que a tecnologia 
sobrepasse nossa humanidade. O 
mundo terá apenas uma geração 
de idiotas” (Albert Einstein)



Recebi, no Facebook, um filmeto de 40 segundos em que o festejado ator Morgan Freeman dialoga com Mike Wallace. O branco lhe pede opinião sobre o mês da consciência negra, e ele responde que é contra; o branco se espanta e Morgan Freeman pergunta-lhe, então, qual é o mês da consciência branca. Não existe, foi a resposta, acrescida de “Eu sou judeu”. E o ídolo negro insiste: “E o mês da consciência judaica?”. A resposta é outra vez negativa e de novo acrescida: “Mas como vamos acabar com esse preconceito?”. O negrão abrevia: “É muito fácil. Eu paro de te chamar de branco e você para de me chamar de preto”. Vejam em http://youtu.be/tNEoIo3XMws.

Esse filminho precisa chegar ao Supremo Tribunal Federal. Antes que os ministros apreciem a ação em que uma entidade  “representativa” pretende censurar Monteiro Lobato nas escolas. Não consigo entender se o que pretendem essas instituições racistas é apagar a História ou simplesmente chegar ao que nos parece mais óbvio – movimentar verbas. No governo anterior, e com verbas públicas, chegou-se a até elaborar uma cartilha do politicamente correto e uma cartilha que deu muito o que falar sob a cobertura de um combate à homofobia.

Pessoas que agridem homossexuais e (ou) discriminam índios, pretos, mulatos, pardos (está assim nas normativas do IBGE, não é mesmo? Pardo, para mim, é papel com que se faz embrulho reforçado), gordos, baixos, mulheres etc. e tal sofrem de algum distúrbio mental – ou físico, refletindo no psicológico. E aí, nas últimas duas décadas apareceu um novo tipo de conduta, de postura. Trata-se de se instituir um orgulho gay, ou uma soberba racial. Para quê? Consolidar a diferença? Que diferença?

Nem todo mundo se preocupa com isso. Boa parte dos jovens prefere alienar-se nas telinhas de seus celulares moderníssimos, de suas lousas eletrônicas, que preferem chamar de “tablet”, palavra de raiz latina que chega a nós com a empáfia de que se reveste a juventude para parecer mais importante: ‘É inglês!”. Nós os vemos nas portas das escolas, nas conduções, nos xôpins e até mesmo nos cinemas “comunicando-se” pela mídia cibernética. Tudo bem, estaria tudo bem se, a par de usarem essa parafernália, eles cultivassem também as relações pessoais. De minha parte, escolhi não usar meu telefone como terminal da Internet; quando saio de casa, quero mesmo é ver e curtir pessoas, seja no trabalho ou no comércio, nas praças, nos bares.

Assim, enquanto os jovens se fecham em redes sociais, os “lideres” de minorias qualitativas inventam ações. Monteiro Lobato que seja condenado, quem mandou escrever “neguinha”?

Vou expandir essa coisa aí! Meus amigos literatos – escritores e professores, leitores apaixonados e críticos dedicados – que me ajudem! Vou oferecer a essa gente mais um prato maravilhoso!

Existiu um alagoano na vida brasileira, médico, pintor, poeta (chegou perto de ganhar um Nobel de Literatura e só não o obteve porque morreu precocemente, uns quatro ou cinco anos de receber a honraria da Academia Sueca) chamado Jorge de Lima. A Academia Brasileira de Letras recusou-o seis vezes, imaginem! E acham que a ABL agora vai mal porque aceitou Paulo Coelho; essas falhas decorrem das imperfeições humanas e ninguém se torna gênio por estar numa academia; o processo é na mão contrária, mas mesmo assim acontecem erros, como se vê.

Jorge de Lima, no entender do professor, jornalista, crítico literário, diplomata e grande figura humana (este foi membro da ABL, tardiamente) Antônio Olinto, “foi um dos maiores poetas do Brasil e de toda a América Latina!”. Pois esse poeta já foi homenageado em samba-enredo pela Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira com “Imagens Poéticas de Jorge de Lima”, no desfile de 1975. A motivação veio do poema “Essa Negra Fulô”:

          Ora, se deu que chegou 

          (isso já faz muito tempo) 
          no bangüê dum meu avô 
          uma negra bonitinha, 
          chamada negra Fulô.

E tem mais, muito mais... Se o propósito é censurar, esvaziem-se as bibliotecas! E as pinturas do Di Cavalcanti; e as canções de Lamartine Babo; e tudo o que se passa nas escolas de samba, nas torcidas dos times populares... Mas o que fazer com a intimidade do pensamento? As ditaduras já tentaram isso. Não deu certo!


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