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sexta-feira, maio 02, 2014

Marina, a imprevisível






Marina, a imprevisível



A Marina é um ser muito, muito especial. Completou, há poucas semanas, quatro anos de vida, de um olhar penetrante e curioso e de uma perspicácia incomum e, inevitavelmente, muitas tiradas de rara inteligência. Mesmo no tempo em que a fala ainda não se mostrava plenamente desenvolvida – aquela fase dos tatibitates, de trocar R e L, de fundir sílabas e mesmo inventar palavras quando necessário, o modo de raciocínio já se mostrava muitos pontos acima do esperado.
Marina em ação: ornamentando a árvore de Natal na casa do tio Luiz.
Esse período, pouco antes e pouco depois dos dois anos, dá-nos a medida do quanto a pessoa, a pequena pessoa, valoriza seus objetos, sejam brinquedos ou roupas; e, no caso dela, em que a vaidade feminina já se mostrava latente, os adereços como um diadema (ou tiara), um brinco ou pulseira têm também importância incomum, como que definissem um estado de emoções.
E a árvore de Natal de sua casa.
Além dos brinquedos e objetos pessoais, os símbolos que tão bem marcam essa fase, como os super-heróis, são também referências. Enquanto os meninos se sentem homens-aranha, super-homens ou homens-de-ferro, as meninas gostam de se sentir borboletas, cinderelas e brancas-de-neve. E foi pelos dois anos que ela ganhou um “roupa de borboleta”, com asas e um diadema com as antenas da lepidóptera. Bem... Felizmente, o apartamento, num 21º andar, tem telas, porque a pequenina queria mesmo era sair voando pela janela.
A primeira cartinha, para balançar o coração da mamãe...
Gosta muito, também, de cães. A avó materna, Roseanna, tem uma cachorrinha, dessas que se criam em apartamentos; de pequeno porte, pois. E Marina, desde sempre, sente-se meio dona da cadela. Vez em quando liga para a avó: “Vovó, você me empresta a Zoé?”. Roseanna diz que entre elas, com relação à cadelinha, há como que um pacto de “guarda compartilhada”. Atende, pois, mas dois dias depois, no máximo, Marina liga outra vez:  “Vovó, busca a Zoé”...
Outra vez em ação: fazendo bolo.
Um dia, ela passeava com a Zoé e a mãe, Taíssa. Embarcam no elevador ao lado de uma moça que chegava também de um passeio com seu poodle, de porte bem maior.  O macho rosnou para Zoé, como quem tem seu território invadido; foi contido pela dona e tão-logo desembarcaram, Marina, assustada, comentou: “Mamãe, aquela ovelha queria devolar a Zoé”.
Ela há de ser uma exigente dona de casa...
Estes dias, ela vive uma nova experiência: o tio Rodolfo vai se casar e a noiva, Tia Dani, escalou Marina como dama-de-honra; caberá a ela conduzir as alianças. Marina nada comentou, apenas acompanha, como quem não liga, as conversas em torno de todos os preparativos. E, muito ao seu modo, preferiu consultar a avó Roseanna:
... mas, também, uma ocupadíssima internauta!
– Vovó, quando um homem conhece uma mulher e se apaixona eles se casam, né?

  Sim, Marina, é isso mesmo.

– E no casamento, quem leva as alianças?

– Ué, Marina, uma criança muito bonitinha e bem arrumada, bem vestida como daminha de honra.

– E quando um cachorro conhece uma cachorra? – quis saber mais.

– Ah, Marina! Eles também se casam.

– E quem leva as alianças?

– Os cachorrinhos crianças, é claro!

Marina meditou:

– Hum... Casamento de cachorro não é elegante!

* * *




4 comentários:

Mara Narciso disse...

Eu me apaixonei por Marina, mas também fiquei triste, pois me obrigaram a me separar de um menino de quatro anos que gosto muito. O nome dele é Arlie Emanuel. O irmão dele, Pedro Lucas, de 10 anos é um amor também. O que fazer para conseguir ficar longe deles e não chorar?

Sueli Soares (RJ) disse...

Finalmente, consegui visitar meu computador e vim correndo procurar a crônica. Tento visualizar essa criaturinha deliciosa que é a Marina, ao mesmo tempo em que relembro os três netinhos da minha vizinha. No início da tarde, os meninos (um de cinco e dois de seis anos) jogavam bola e um chute do menorzinho foi tão forte que o tênis veio parar no meu quintal. Que gritaria! Os três me chamando, desesperadamente, a fim de recuperarem o calçado. A algazarra dos meninos lembrou-me a infância dos meus filhos e senti saudade. E que saudade!

Mirian S. Cavalcanti (RJ) disse...

ah Luiz, um encanto, mesmo! e plena de raciocínios e conclusões e negociações.
Parabéns à família e beijos à Marina
Mirian

José Liberato Ferreira Caboclo disse...


Excelente a crônica.Sua neta ficaria abismada ao saber que o cão do
Príncipe Inglês teve uma suite exclusiva no Copacabana.Por outro lado
A LOURA linda Gleise Hoffman falou no Congresso que A CPI da Petrobras
a repuguina,A burrice a impreguina.
abraços,


José Liberato Ferreira Caboclo