O voto e o apreço
Publiquei no espaço que ocupo no Facebook, há poucos dias, um
apelo: que não me enviem “santinhos” de candidatos, pois já tenho a minha chapa
montada. E preciso esclarecer: reservo-me o dever de buscar informações e
consolidá-las para proceder às escolhas que o caso exige.
Jamais pedi votos para os meus candidatos – porque costumo
respeitar o poder de escolha de cada um. Meus filhos e irmãos, toda a minha família,
sabem bem dos meus princípios, nunca tentei impor nada a ninguém, dou-lhes
plenas condições de se informar e, uma vez informados, tomar suas decisões.
Quando votei pela primeira vez, o golpe militar estava instalado.
A pressão estava generalizada (sem trocadilhos), com perseguições, prisões e as
inevitáveis e sempre muito imaginativas delações.
Sob esse clima, toda uma geração, hoje próxima dos 70 anos, para
mais e para menos, se desenvolveu – ou se deu mal, conforme cada caso. Dentre
os que se deram mal, incluo os que ficaram ricos com os beneplácitos que o “poder”
oferece. E bem-aventurados, para mim, são os que venceram as intransigências e,
hoje, realizam algo de positivo para a comunidade – filhos e netos das vítimas
e dos algozes daquele tempo.
Naqueles primeiros anos, éramos jovens estudantes. Muitos
militando no movimento estudantil, sem penduricalhos com os partidos oficiais.
Até hoje tenho uma certa resistência quanto ao envolvimento do movimento
estudantil com partidos legalizados, pois partidos em campanha expõem-se em
demasia, realizando alianças para mim inexplicáveis.
Poderia lembrar aqui os nossos artifícios para escapar dos
delatores, da vigilância do aparelho de repressão, dos diretores e professores
fidelizados com o sistema, mas estou atento, nestas semanas daqui até 5 de
outubro, ao processo das campanhas. Desde muito antes, e por apreciar as mudanças
para melhor no sistema de Saúde do Estado, enxerguei no Dr. Antônio Faleiros um
candidato digno do meu voto – uma gota d’água no oceano das urnas, mas é o meu
ato de escolha, digno da minha condição de cidadão.
Sempre agi assim. Nem sempre fui feliz – e já gastei este espaço
das minhas crônicas para declarar inutilizado, pelo candidato por mim
sufragado, o voto dado com confiança. Umas poucas vezes, mas houve, sim! No
primeiro caso, era um governador que, na megalomania de seu primeiro mandato,
traía os votos conscientes e declarava que trocava de boa vontade o voto de um “
doutor” (pessoa letrada, na gíria dele) por mil votos das “pessoas humildes”,
porque com o mesmo esforço ele conseguiria, sim, mil votos na periferia e não
podia confiar plenamente no voto de alguém “que se diz consciente”.
Ao escolher Faleiros, baseei-me num passado que remonta a 1987, o
ano em que Henrique Santillo foi empossado governador e nomeou o jovem médico
mineiro Secretário de Estado da Saúde. Foi ele quem criou o SUDS (Sistema
Unificado Descentralizado de Saúde), instituição que antecede (certamente, foi
o exemplo que possibilitou a nova iniciativa) ao SUS (Sistema Único de Saúde),
o maior plano de saúde gratuito de todo o mundo!
Não bastasse isso, do passado, Antônio Faleiros, outra vez secretário
de Estado da Saúde, adotou nos hospitais e outras unidades de saúde do sistema
estadual a Gestão Inteligente, pelas organizações sociais. Os resultados são
visíveis e indiscutíveis, com o público usuário (pacientes e seus familiares)
aprovando as novas medidas em 90%. Hoje, a gestão dos bens de saúde é altamente
positiva, e os procedimentos profissionais ganharam a condição de “relações
humanizadas”, quanto ao atendimento.
O que se tem hoje é um modo digno de se tratar a Saúde Pública. A
criação da Rede Hugo (Hospitais de Urgências de Goiás), dos Credeq (Centros de
Referência e Excelência em Dependência Química), os AME (Ambulatórios Médicos
de Especialidades) e, na continuidade, os Consórcios Intermunicipais de Saúde,
do que resultará atendimento mais ágil, próximo e eficaz, reduzindo o fluxo de
ambulâncias e demanda médica e laboratorial na capital do Estado.
Resumindo: ao escolher Antônio Faleiros para secretário, o
governador Marconi Perillo apostou na eficiência que conhecemos no quatriênio
de Henrique Santillo – e apostou com segurança, pois obteve ainda maiores
resultados neste governo do que naquele, ainda que se considerem todas as
circunstâncias das duas épocas. E este meu voto, de valor numérico talvez
insignificante, é a minha expressão consciente de que escolho, sim, o melhor.
* * *
2 comentários:
Parabéns, caro poeta, pela clareza de suas manifestações tão bem construídas e pelo seu nível de consciência. Abraços
Tão difícil nos dias de hoje vermos uma convicção como a sua Luiz. Eu, que militei com paixão pelo PT durante 25 anos, há muito não peço voto a ninguém. Mal consigo escolher. Era melhor antes, quando éramos inocentes.
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