Harlen
Maria, escritora
Na
noite de 22 de agosto, sexta-feira, o espaço cultural da Vila São Cotolengo, em
Trindade, enfeitou-se alegria: uma escritora, que em tempos de antes valeu-se
daquela instituição, escolheu a tradicional casas de caridade para sua estreia
como escritora. E reuniu ali expressivas pessoas de sua própria vida – como o padre
Everson e a fonoaudióloga Geana Alves Tomás, além da psicóloga Maria Luiza de
Carvalho.
O
livro é apenas o primeiro, pois a autora cuida, já, da redação do próximo. Este
é “Harlen – Autobiografia de uma jovem movida pela fé”. Harlen tem hoje 34 anos
(não considerem isso uma inconfidência de minha parte, pois no livro ela dá sua
data de nascimento); pouco após completar 15, ela, que era modelo e estava de
viagem marcada para os primeiros compromissos no exterior, cometeu algo
determinante: um mergulho em água rasa.
O
resumo é porque não pretendo copiar seu livro nem antecipar informações e
emoções a que o leitor tem direito. Quero contar apenas que revivi, na
solenidade de lançamento desse livro, a emoção que, há poucos anos, Harlen
despertou em mim ao contar de sua trajetória desde o acidente até o tratamento
na Vila São Cotolengo. Ela fraturou, naquele fatídico mergulho, três vértebras
na altura do pescoço, resultando em tetraplegia. Vieram-lhe a depressão, o
desânimo, uma frustração indescritível – aquilo a que, popularmente, chamamos
de “entregar os pontos”.
Se
a dor daquela adolescente resultava nisso, imagino o que viveu sua mãe (pouco
após essa tragédia, outra sacudiria a família: seu irmão mais velho faleceu num
acidente rodoviário). E Harlen preferiu, em vez de se tratar, numa jornada que
demandaria anos e muitas cirurgias, recolher-se à fazenda; e ali, prostrada na
cama, inclinada, diante de uma janela, visava a paisagem e os movimentos de seu
outro irmão na lida.
Nasceu
um bezerro e Harlen distraía-se com a novidade. E o rebento tinha as extremidades
das patas retorcidas, “feito minhas mãos”, contou-me ela, quando a conheci. A
vaca caminhou uns poucos passos e se deitou; mas o bezerro não conseguiu
levantar-se; impulsionado pelo instinto, arrastou-se até as tetas da mãe e
sorveu o colostro.
O
irmão de Harlen olhou para ela e determinou: “Você viu, né? Ele se virou e foi
atrás, mas você fica aí, sem fazer nada!”. Ela recorda que aquilo “foi como um
tapa na cara”. Chamou a mãe e disse-se disposta ao tratamento.
Fé,
determinação e paciência. E Harlen, aos poucos, conquistou seu lugar na vida e
ganhou auto-estima, devolveu à mãe – à família, enfim – um pouco da felicidade
perdida. Trabalha como consultora de beleza, cursou Teologia, é palestrante (excelente
motivadora, com seu exemplo) e escritora.
Bem:
este espaço é limitado. Voltarei ao assunto em breve. Um beijo, Harlen,
enquanto aguardamos o próximo livro!
*
* *