José J. Veiga em sua última visita a Goiás (foto de Osair Manassan, 1998), |
Exemplo
e motivação
No começo da
semana, dia 9, o Instituto Histórico e Geográfico de Goiás promoveu o primeiro
evento de homenagem a grandes goianos centenários, com Gilberto Mendonça Teles
discorrendo sobre José J. Veiga, para o deleite dos amigos, dos leitores e de
estudiosos da obra do grande contista goiano, o único dentre nós que transpôs
fronteiras, conquistando a exigente Europa.
Veiga, pelo traço genial de Almir (do DM). |
A Academia
Goiana de Letras já elaborou um calendário em torno de pelo menos quatro destes
– José J. Veiga, Eli Brasiliense, Bernardo Élis e Carmo Bernardes (o IHGG
inclui outras pessoas, todas elas integrantes, em vida, dos quadros daquele
Instituto) – e os reverenciará no decorrer de 2015. Também a Academia
Pirenopolina de Letras, Artes e Música (APLAM) já anunciou homenagens aos
quatro grandes escribas, que, coincidentemente, têm passagens pela histórica
cidade.
No momento em
que me dispunha a traçar estas linhas, vejo uma chamada do Jornal Hoje, da Rede
Globo, dando conta de que o técnico Dunga convocou o Furacão da Copa (de 1970),
o imortal atleta Jairzinho, a participar de sua equipe. E o inesquecível ídolo
da melhor de todas as Seleções do Mundo em todos os tempos, na grandeza de sua
simplicidade, justifica: “Ele me quer como fator de estímulo e motivação”.
Emocionei-me!
Na miudeza dos meus
parcos feitos nas letras e na ação cultural em Goiânia e cercanias, tenho
frequentado escolas, especialmente da rede pública, a convite de professores
que querem mostrar aos meninos estudantes que eu já vivi aquela realidade.
Compreendo esse
empenho, o dos mestres, em mostrar-nos aos meninos. Afinal, por ser jornalista,
meu nome aparece na mídia. Por ser escritor, eles podem ver meu nome em capas
de livros etc. E não me custa revisitar os ambientes colegiais que me levam em
viagens de tempo. Vejo-me naqueles rostos, naqueles horários curiosos e nos
sorrisos de surpresas. E vejo-me, em muito menor escala, repetindo Gilberto Mendonça
Teles e o próprio José J. Veiga.
Jairzinho, o
Furacão, terá muito o que dizer como sugestões e conselhos aos nossos craques
de agora. E terá sempre muito o que contar sobre sua vivência em clubes e na
Seleção. Ele falará de como eram os uniformes e (especialmente) as chuteiras
daquele tempo, dos árbitros e da imprensa, de suas emoções e das
concentrações... Feliz de quem puder ouvir essas histórias e, mais ainda, de
quem as absorver como exemplos e lições de vida e experiência.
O mesmo poderiam
fazer Rivelino, Tostão, Gerson, Clodoaldo, Brito... Aliás, quase todos dentre
aqueles 23 (alguns eram cheios de empáfia já naquele tempo; hoje, têm cabelos
brancos). O mesmo, noutro campo, fazem pessoas como o já citado GMT, os poetas
Coelho Vaz e Aidenor Aires, Iuri Rincón Godinho e Adriano Curado. Ou o
professor José Fernandes, o competente escritor Alaor e seu igual e irmão
Eurico Barbosa... Enfim, um grande número de intelectuais da pena que
discorrerão sobre os nossos ídolos centenários. Deles, diremos o que sempre
dissemos, contaremos de suas competências, de suas vivências, de seu talento e
do quanto elevaram o nome de nosso Estado além dos horizontes do gado e dos
grãos, do pequi e (lamento) da sub-arte que nos tem servido de referência.
A placa sumiu, mas a rodovia Corumnbá-Pirenólis chama-se José J. Veiga; |
Na próxima
quarta-feira, o SESC de Goiás homenageará José J. Veiga, também. É que em sua
Biblioteca Central, na Rua 15, está o Espaço José J. Veiga, criado para acolher
o acervo literário do autor de Sombra de
Reis Barbudos e O Relógio Belisário.
Esperamos aqui o casal Carla e Gabriel Martins (ele é sobrinho e herdeiro de
José J. Veiga) e a bibliotecária Dênia Diniz de Freitas (de Belo Horizonte). Dênia
foi quem, a meu pedido, organizou o acervo para que fosse trasladado para
Goiânia.
Particularmente,
estou muito feliz. Por escolha de José e sua esposa, Clérida Geada, tornei-me
depositário de tal acervo, de que cuidei com a parceria da Academia Goiana de
Letras (Casa Altamiro) até abril de 2007, quando o entreguei aos cuidados do
SESC. Agradeço a fineza e a visão de realidade dos líderes José Evaristo e
Giuglio Cysneiros, bem como de toda a equipe da Biblioteca Central.
É assim, com
este estado de espírito, que festejo este ano de 2015 – eu que privei do
convívio e de excelentes momentos com esses quatro grandes.
Ouvindo boas dicas do Mestre (Barraca do Escritor, em Goiânia), 1982. |
* * *
Luiz de
Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
4 comentários:
Privilégio e tanto atravessar o Oceano Atlântico e conquistar os europeus. Poucos brasileiros conseguiram esse feito. Parabéns ao José J. Veiga. Por ocasião do centenário de vida dele, Pedro J. Bondaczuk o homenageou, buscando em escritos seus, Luiz, detalhes e fotos de José J. Veiga. Publicou no Blog Literário. Você chegou a ver?
Até conhecê-lo, pouco sabia sobre Goiás. Esse pouco me era transmitido pelo meu saudoso pai. Através dos seus escritos, posso admirar mais a beleza de uma região tão rica. Não sei se terei a oportunidade de revisitar Goiânia, mas a cidade e seus habitantes merecem meu carinho e respeito. Parabéns, mais uma vez!
Goiânia, 15.3.2015.
Estimado Luiz de Aquino:
bom dia. Li na sua crônica, referente de modo especial ao nosso admirado José Jacinto Veiga, no Diário da Manhã de hoje, uma generosa referência ao meu nome - e ao do Eurico. Agradecendo, aproveito para lhe passar uma informação que desde outubro venho querendo lhe transmitir: no memorável parecer e voto da desembargadora Elisabete Filizzola Assunção no julgamento, realizado no dia 8 de outubro de 2014, da apelação da sentença proferida pelo juiz de direito Maurício Magnus na ação contra o meu livro sobre João Guimarães Rosa, no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, é citado e muito valorizado um texto escrito por você a respeito do caso. Isso significa que o seu texto contribuiu para a vitória da justiça.
E é também por isso que lhe expresso agora o meu agradecimento pela pronta solidariedade com que você me acudiu, e ao meu livro, naquele período muito difícil da minha vida.
Receba um fraterno abraço do colega e amigo
Alaor
(Alaor Barbosa reporta-se a esta crônica e cita outra, publicada aqui em 28/09/2008, sob o título "Reserva de Marcado":
http://penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com.br/2008/09/reserva-de-mercado.html)
Querido Luiz,
sempre leio, com muita atenção, suas crônicas. Nem sempre faço comentários,
mas continue a me enviá-las, porque não me passam despercebidas.
Como você, gosto de comemorações em datas pré-estabelecidas, tipo Natal,
Dia da Criança, Dia das Mães e muitas outras, pelo motivo de festejar, abraçar, reunir. Gosto! Gosto do meu aniversário, de ser lembrada, presenteada, de agradecer a Deus pela dádiva da saúde e da vida longa. Amo igualmente os aniversários das pessoas do meu coração.
Acompanho-o no trabalho e nas comemorações do grande José J. Veiga. Li quase todos os livros desse fantástico prosador que cria mundos surreais,
que nada mais são que nosso próprio universo terreno. Apreciei a crônica do seu amigo (fugiu-me o nome) sobre ele. Muito bem delineada e sugestiva. Li com interesse.
Continue, meu querido, no trabalho literário, seja quando escreve, seja quando dinamiza o panorama cultural do nosso meio. Você é atuante, dinâmico e ama o que faz. Precisamos de pessoas assim!
Beijo.
Maria Helena
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