"ELA" - foto roubada do álbum do artista Roos Ross no Facebook (se ele reclamar eu removo) |
Prazer
em festejar
No decurso da
semana, ouvi notícias desencontradas sobre o estado de saúde de Fernando Alonso
após o acidente que sofreu durante um treino. Diziam que ele despertou sem
lembrar-se de sua vida real, isto é, sentia-se como um adolescente que corria
de kart e que sonhava ser um piloto de Fórmula 1. No dia seguinte, a notícia
era sobre a reação um tanto indignada do atleta, ridicularizando os dois
jornais que divulgaram tal versão.
Perfeitamente
normal, a brabeza do campeão. Quem gosta de ser considerado sem-memória? Isso
de se perder no tempo deve ser igual a estar no meio do mato sem saber das
referências para se sair dali. É indispensável a consciência de nossa história e
do espaço geográfico.
Há algum tempo,
uma senhora mal-humorada publicou no Facebook algo parecido com isso: “Amanhã é
meu aniversário. Não me deem parabéns, eu não fiz nada, não realizei nada, apenas
me desejem feliz aniversário porque dar parabéns em aniversário é burrice”. Fiquei
a imaginar... E viajei num espaço que só eu conheço, um misto de memória e
imaginação, buscando saber como teriam sido as tais festas pagãs da antiguidade
– essas que nos deram o Carnaval, a Páscoa, o Natal... Sei que elas se ligavam
à geografia e ao registro temporal dos antigos, que essas festas associavam-se
às mudanças de estações (os solstícios e equinócios).
Todos festejamos
aniversários de nascimento, de namoro, de casamento e de muitas outras
ocorrências de menor monta nas vidas individuais, mas de forte significação
social. E conheço pessoas de comparável mau-humor – tomando por referência a
senhora que recusa parabéns – ante datas, aquelas que acusam o comércio de
marcar o calendário com o Dia das Mães e o dos Namorados e até o Natal.
Eu gosto muito
de datas assim. E o comércio faz muito bem em nos lembrar disso e nos sugerir
que presenteemos as pessoas: trocar presentes é gesto de grandeza social e
emocional. E, convenhamos, o que seria de nossas vidas sem o comércio? Não
precisei viver toda a vida para concluir que “coisas supérfluas” dependem do
momento e das nossas atividades, e não de uma lista que alguma autoridade
setorial tenta nos impingir. Para mim, batom é quase sempre supérfluo (mas é
lindo ver uma mulher bem maquiada!), como um dicionário que tanto me serve há
de ser superficial para aquela senhora que prefere sapatos a livros.
Tudo isso,
queridos leitores, só para manifestar minha alegria neste 8 de Março, o Dia
Internacional da Mulher (este dia pode bem ser supérfluo, pois sou dos que
reverenciam a mulher todos os dias, mas se a humanidade se concentra para
festejar, quero festejar junto!). Como quero lembrar também que o próximo dia
14 é o Dia Nacional de Poesia (o dia de nascimento, em 1847, do poeta Castro
Alves) e também o 21 de Março (equinócio de Primavera no Hemisfério Norte e,
obviamente, de Outono para nós), Dia Internacional da Poesia.
E entre estas
datas de alto alcance social, vou festejando cada dia no âmbito das relações
pessoais nos aniversários de amigos e parentes, é claro! Festejo o bom estado
de Fernando Alonso, o campeão, e os aniversários diários de tantos que me são
queridos! Festejar é celebrar, comemorar (lembrar junto).
Ah... a vida
seria muito sem-graça se não festejássemos tanto!
***
Luiz de
Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
4 comentários:
Adorei sua crônica ,poeta!
Um abraço!
Que lindo, poeta, um homem que lembra e adora datas, presenteia as pessoas que ama e guarda de memória as datas especiais! Raro! Você merece "parabéns" E eu os dou. Por favor, não seja modesto, receba-os, pois os merece!
Concordo plenamente com suas colocacões. E, tal qual a mal-humorada senhora, existem aqueles que debitam (ou creditam?) na conta do comércio as comemorações de datas especiais, como Dia das Mães, dos Pais, Natal, etc. Penso como você. Retirem-se dos calendários essas festividades e sobrará um triste vazio, exatamente como a amnésia do famoso corredor.
Tenha um bom dia.
É preciso marcar bem o tempo e os festejos servem-se muito bem a isso. Sou emburrada com o Dia Internacional da Mulher, mas sei que ele é necessário, pois nem todas são livres e autônomas como eu.
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