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sábado, agosto 08, 2015

Atendimento em urgências

Atendimento em urgências



Um hospital de urgências, como o nosso HUGO (Hospital de Urgências de Goiânia) não é apenas o que se vê. O que se vê?

Aquele edifício na margem direita da Avenida Primeira Radial (para quem vai do Setor Sul ao Setor Pedro Ludovico), o pátio de estacionamento, um heliporto... O vaivém de pessoas encaminhando amigo ou parente – ou buscando notícias – e eventualmente um corre-corre de repórteres e de policiais – enfim, um agito incontido, um movimento irracional ou intuitivo no afã de salvar vidas, no que se envolvem centenas de pessoas de formações várias – médicos, paramédicos, enfermeiros e assistentes, psicólogos, assistentes sociais, dentistas, motoristas, ajudantes diversos...

Ali ninguém vai com a paciência de quem procura um checkup ou um orçamento odontológico. A clientela é, em quase totalidade, de pessoas acidentadas, portanto fraturas simples ou expostas, traumatismo craniano (muitas vezes com complicações que exigem providências no segmento buco-facial, com lesões graves de maxilares etc.) e uma infinidade de outros desdobramentos. Há casos em que uma equipe se faz de socorristas ortopedistas, neurologistas, odontólogos, otorrinos, oftalmologistas...

Dá-se que num hospital como aquele mobilizam-se cerca de 1.600 profissionais de saúde, além da indispensável equipe de retaguarda – que vai de administrações e assistentes até nutricionistas, trabalhadores em serviços gerais que garantem a higiene (desde a limpeza de pisos e paredes até a complexa lavanderia, passando por processos variados de esterilização instrumental e ambiental).

Há, no HUGO, centenas de residentes médicos e de outras profissões, bem como estagiários. Não raro, a unidade hospitalar é visitada por profissionais em aperfeiçoamento com o propósito de pesquisas que alimentam dissertações de mestrado e teses de doutorado. Como a enfermeira paulistana Flávia Holanda, doutoranda em Administração de Enfermagem pela Universidade Federal Paulista, que elegeu 12 hospitais de referência nacional para subsidiar sua tese.

Estive com ela na Diretoria de Ensino e Pesquisa do HUGO, a DEP. Essa Diretoria coordena tudo o que se relaciona com ensino e pesquisa no Hospital. Cabe a ela receber estagiários e residentes, em medicina ou em múltiplas profissões envolvidas no complexo das atividades do HUGO - uma unidade com tamanha complexidade e importância no sistema público de saúde de Goiás, capaz de atender não apenas a capital e sua região, mas todo o Estado e ainda muitos clientes advindos de outras unidades federativas.

Essa capacidade de atendimento é causa ou efeito da condição do HUGO – um hospital-escola e sua Diretoria de Ensino e Pesquisa está sob a competência técnica e administrativa do neurologista Luiz Fernando Martins.

E foi justamente na Diretoria de Ensino e Pesquisa que pude conversar com a doutoranda Flávia L. Holanda. É dela, para a obtenção do doutorado, a “Matriz de Competência Profissional do Enfermeiro em Emergências”. Trata-se, se assim posso dizer, de um manual de procedimentos que envolve todos os itens prováveis ou possíveis nesse processo.

Resumindo – diz ela – o tema é Competência Profissional. E define que, para atuar em emergências, o enfermeiro tem que ter oito competências básicas – Desempenho assistencial, Trabalho em equipe, Liderança, Humanização, Relacionamento interpessoal, Tomada de decisão, Direcionamento para resultados e Pro-atividade. E lista ainda várias competências associadas “que alimentam as competências básicas”.

Pois bem, esses detalhes enriquecem-se à medida que a profissional discorre sobre sua tese. E é isso o que ela procura nos hospitais – listou doze deles, em vários pontos do país (incluindo-se o HUGO), para coletar informações com enfermeiros de hospitais, do SAMU e outros tipos de unidades de emergências.

“Achei que o HUGO”, disse-me ela, “está organizado e se estruturado para este atendimento. Tive boa impressão da equipe de atendimento, que é multiprofissional, na Sala de Emergência, com assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais, além de médicos e enfermeiros”.

Referiu-se ainda à questão de equipamentos, ou recursos materiais, indispensáveis a um bom atendimento e concorda com a observação do diretor-geral do HUGO, Dr. Ciro Ricardo, de que a busca é pelo ideal, mas que cada resultado atingido imediatamente se torna passado e a busca por esse ideal é permanente. “O propósito – realça Flávia Holanda – é melhorar a qualidade com apoio das parcerias, inclusive os governos. E destaca um dado importante, muitas vezes ignorado por quem desconhece a complexidade do atendimento em emergência: “Há que se definir o perfil do paciente em emergência” – e exemplifica com a possibilidade de recusa de paciente, “numa atitude que à primeira vista pode parecer desumana, mas cada unidade é preparada para um determinado tipo de cliente (paciente). Acolher um paciente fora do perfil pode trazer graves resultados para este – inclusive o óbito, conclui ela.

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Luiz de Aquino – jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

Um comentário:

Mara Narciso disse...

Uma análise bem completa de jornalista habilidoso e de grande vivência. Deu para visualizar o formigueiro que deve ser o HUGO, porém um lugar de formigas organizadas, que buscam a excelência. Bom artigo.