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terça-feira, abril 26, 2016

Rodovia José J. Veiga: Agetop não repõe placas



Em 1999, posei ao lado da novíssima placa. Todas desapareceram e a Agetop não atende aos meus apelos.


Rodovia José J. Veiga: 

Agetop não repõe placas



Lidar com a memória desperta saudades. Saudades boas, claro. Os fatos ruins, aprendi a transformá-los em lembranças risíveis – ou, quando é o caso, flashes de perdões. E aprendi também a considerar saudade somente o que nos recorda alegrias. O despertar para esta crônica levou-me a abrir uma coletânea encadernada do semanário Gazeta de Goiás, que editei por um ano e meio, entre colegas de admiráveis talentos e dedicação, como Amilton Carvalho, Maristina Andrade, Sálvio Juliano, Eleusa Menezes, Nilson Gomes, Dorothy Menezes, Rose Mendes e o virtuoso programador visual Carlos Sena, além de Alessandro Carrijo... os esquecidos perdoem-me, assumo as falhas de memória

Já se completaram 17 anos de uma viagem inesquecível ao Rio de Janeiro. Propus-me a realizar três eventos – assistir à defesa de tese de doutorado, na PUC, do amigo poeta Goiamérico Felício, na tarde do dia 2 de março. A manhã do mesmo dia, aproveitei-a nos outros dois itens – visitar o poeta Afonso Félix de Sousa e o contista e romancista José J. Veiga, dois goianos exponenciais no ofício literário. Entrevistei-os, obviamente, valendo-me do indispensável oportunismo jornalístico.

Mexido pelas lembranças, fui às páginas do semanário Gazeta de Goiás. A entrevista com Afonso, transformei-a na matéria jornalística com que homenageamos o Dia Nacional da Poesia (14 de março), naquele ano, e a de Veiga, guardei-a (ainda tenho a fita e o minigravador).

Hão de perguntar-me, alguns, a razão de não ter publicado tal entrevista e haverá quem suponha ser um capricho meu etc. Pode ser, não sei. Hei de, a qualquer momento, desgravar tal entrevista e trazê-la ao conhecimento – vamos ver. Fato é que, na última página da edição de 2 a 8 de maio de 1999 da Gazeta de Goiás (Ano II, nr. 95), publicamos (o editor de Cultura era o competente jornalista, artista plástico e professor Sálvio Juliano) matéria que tomou quase toda a página – “Rodovia José J. Veiga” (era o título).

Era o fim de uma jornada. Quando presidi a União Brasileira de Escritores de Goiás, solicitei ao saudoso deputado Professor Luciano que propusesse a homenagem ao autor de Sombra de Reis Barbudos dando seu nome ao curto trecho rodoviário entre Corumbá e Pirenópolis. A Assembleia Legislativa aprovou e o governador Helenês Cândido sancionou a Lei (dezembro de 1998). Coube ao governador Marconi Perillo, em maio de 1999, mandar instalar as placas nas duas margens da rodovia, com o nome oficial do trecho.


A placa atual, na cidade de Pierenópolis, omite o nome do homenageado.
Por volta de 2009, as placas desapareceram. Encaminhei pedidos à Agencia Goiana de Tramsportes e Obras Pública - Agetop, envolvi alguns secretários de Estado para apoiarem-me e recorri ao próprio governador Alcides Rodrigues, mas, pelo visto, suas ordens já não eram mais cumpridas. Com o retorno de Marconi Perillo ao governo, em 2011, voltei a insistir, e continuei sem respostas. Mobilizei espaços do DM (Ulisses Aesse publicou pelo menos duas vezes o mesmo pedido), recorri a parentes do presidente da Agetop, mas de nada adiantou.

Bem! Resta-me implorar ao governador Marconi Perillo que determine a reposição dessas placas. O homenageado deixou seu nome fortemente marcado em nossa história e recuso-me a aceitar o descaso do Sr. Jayme Rincon. Ele deve saber que existe uma lei nesse sentido.


*****


Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.



2 comentários:

Gabriel Martins (sobrinho e herdeiro de José J. Veiga) disse...

Luiz, meu caro,
não por você, que é um fiel guerreiro da memória e obra do tio José, mas por todos os outros goianos: desisti. Muita ciumeira, mesquinharia, bairrismo, atraso, falta de consideração à memória, enfim, muitos defeitos que prejudicam não só a obra do tio José, mas a dos outros autores que entraram nessa maldita "disputa". Por estar longe, não tinha a noção exata do que ocorria por ai. Tinha um conceito muito bom sobre o pensamento dos goianos, principalmente os intelectuais, com relação ao tio José; mas, não foi isso que realmente pude observar. Vi uma competição tremenda entre simpatizantes dos dois escritores, que desafortunadamente, nasceram na mesma cidade. Quase dando a impressão de que eram inimigos até a morte; vi um governo estadual totalmente ausente nas homenagens, principalmente nas que se referiram ao tio José; vi muita vaidade com pouco resultado, principalmente em Corumbá; vi muita gente que nem sabe quem foi o tio José, sendo isso o resultado maior do descaso de todas as esferas do governo estadual. Em se tratando de um escritor, que hoje ainda é traduzido em vários países (recentemente editado na Turquia e Galícia), aumenta e muito a indignação que sinto hoje por tanto descaso. Sou solidário com você em relação a reposição das placas, mas sinceramente, além de você, não acredito que tenha alguém por ai interessado nessa reposição. Está numa briga isolado, e eu, por estar longe, joguei a toalha. Como alento, e não sendo injusto, fica aqui o meu registro do pessoal do SESC, que por tanta dedicação com o autor, parecem que não são goianos. Portanto, não me leve a mal, mas prefiro me ausentar no que se refere a algum assunto sobre tio José em Goiás.

Um abração do amigo

Gabriel

Mara Narciso, médica e jornalista. disse...

Pobre do povo que não tem passado Luiz. José J. Veiga, um grande nome, um vulto, acaba por morrer duas vezes, materialmente e depois pelo esquecimento.