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sábado, setembro 24, 2016

Palestrando para acadêmicas


 Goia e Márcio Veiga, músicos; acadêmicas Alba Dairell e Elizabeth Fleury; L.deA. e Zanilda Freitas.




Manhã feliz na Aflag



O convite veio da presidente Maria Elizabeth Fleury Teixeira – eu deveria ir à Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás para um repeteco da minha fala sobre José Sisenando Jayme, há alguns meses, na Academia Goiana de Letras.

Repeteco? Estou antigo mesmo... deveria dizer “replay”? Neste ponto estou mais para Ariano Suassuna do que para os que inventam palavras como “empreendedorismo”. Estranhei demais o neologismo e deduzi que o nome foi concebido com uma sílaba a mais – deveria ser “empreenderismo”. Mas, convenhamos, inventa-se muito nestes tempos, sobretudo na área das “ciências do comércio”, como “acabativa” (como contraponto de “iniciativa”), “proativo” para quem tem iniciativa e garra – e por aí vai!

Mas quero contar de minha ida à AFLAG. A casa, é bastante sabido entre nós, foi criada pela “proatividade” de três grandes damas do segmento cultural de Goiás, quais sejam:

- Rosarita Fleury (escritora talentosa, detentora de prêmios de realce, como o Prêmio Júlia Lopes da Almeida, da Academia Brasileira de Letras, com seu romance “Elos da Mesma Corrente”);

- Nelly Alves de Almeida, professora de incontáveis referências e crítica literária de extenso fôlego, admirada por dez entre dez autores locais e a quem muitos dos mais agraciados autores goianos tanto devem por sua orientação segura e análise literária destemida e sábia;

- e a incansável Ana Braga (única sobrevivente desse admirável trio), hoje na vetusta e premiada casta dos nonagenários, professora e ativista política, tendo sido uma das duas pioneiras vereadoras goianienses num tempo em que a presença masculina nesse meio era ainda muito mais marcante.

Leda Selma, presidente da AGL, Beth Fleury, pesidente da Aflag, e eu.
Poucos dias antes da data combinada, liga-me a acadêmica Ana Maria Taveira Miguel e sugere-me expandir o tema – discorrer não somente sobre o meu mestre (na Universidade Católica, a hoje PUC de Goiás) José S. Jayme... Gostei da ideia! Escolhi, então, discorrer sobre os feitos literários de nossa amada terra Goiás, mesmo sob o risco do inevitável erro pela omissão – e omiti muita gente, por esquecimento, por ignorância e também pelo tempo exíguo.

A presidente Beth Fleury, como a chamamos carinhosamente, designou minha querida amiga de décadas, a poetisa e acadêmica Placidina Lemes de Siqueira para apresentar-me ao seleto público composto pelas que integram a nobre e aprazível casa de Rosarita (mãe da atual presidente) e por convidados especiais, dentre estes alguns membros da AGL (em especial, ao menos um membro das duas casas, a professora Lena Castelo Branco).


A evidência no decurso da fala não me intimida, aprendi a exercê-la quando professor e nas incontáveis vezes (milhares, por certo) nas visitas a escolas para a mesma prática – falar a professores e estudantes sobre coisas do mundo das letras. E a coragem para enfrentar a plateia de notáveis escritores e artistas vem das minhas interrupções nas sessões das academias de que participo.

Falei de José Sisenando Jayme; discorri brevemente sobre Bernardo e Carmo, finalizei com José J. Veiga. Foram uns raros, mas limitados, minutos de se exercer saudades. Gosto muito de praticar essas lembranças, de pensar, sentir e, principalmente, rir (para doer menos) das coisas que me veem à mente sempre que evoco esses nossos notáveis vultos, hoje centenários, orientadores do nosso ofício – e incluo também aqui o inesquecível e sempre mestre Eli Brasiliense.

Foi, para mim, uma das mais curtas manhãs, aquela de 6 de setembro neste 2016. Gostei tanto que espero ter cumprido o propósito que norteou a razão do convite. E prometo empenhar-me para lá estar outras vezes: sempre será muito bom estar entre as mulheres goianas que fazem versos e artes – as sonoras e as visuais.


*****



Luiz de Aquino é membro da Academia Goiana de Letras, da Academia Letras e Artes de Caldas Novas, da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música e da Academia Aparecidense de Letras. Foi presidente da União Brasileira de Escritores, Seção de Goiás.

Um comentário:

Mara Narciso disse...

Encantada com a sua performance, equilíbrio e lucidez, sem puxar para lado algum, num equilíbrio admirável. Tinha umas semanas que eu não vinha e precisei vir para me iluminar. Foi bom estar aqui.