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sexta-feira, março 24, 2017

Hidrolândia: Colégio adota meditação escolar


Hidrolândia:






Colégio adota meditação escolar


A experiência tem início na Escola Robert W. Coleman, em

Baltimore, nos EUA. Em lugar de deter o aluno ou aplicar-lhe suspensão, escolheu-se encaminhar o aluno para uma sessão de meditação.


Trata-se de um programa escolar chamado Holistic Me, uma iniciativa em parceria com a ong Holistic Life Foundation que reúne meditação de atenção plena com profissionais especialistas em comportamento. O resultado foi tão impressionante que, desde que implantou o projeto há dois anos, a escola de Baltimore não realizou uma única suspensão” (revista Galileu, no endereço: http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2016/09/esta-escola-substituiu-detencao-por-meditacao-e-o-resultado-foi-incrivel.html).


Muitas escolas brasileiras adotaram esse procedimento, inclusive o Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro. Mas o destaque, para nós, é o Colégio Vicare, em Hidrolândia, na região metropolitana de Goiânia). Em seu segundo ano de funcionamento, a escola vem realizando inovações continuadas em benefício da melhor qualidade de socialização e aprendizagem, proporcionando excelente projeção para a “cidade das jabuticabas”.




A iniciativa é da diretora Sirlene Gonçalves Xavier (foto), psicóloga e psicopedagoga, que escolheu, no leque de práticas de meditação, o mind fulness, isto é, mente plena, com vistas a atingir o propósito “menos estresse, mais saúde”. Segundo ela, o propósito é “estar presente no que se faz”, pois, a “atenção plena é a conexão com o que se faz agora”.



O procedimento, nas escolas brasileiras, é mais amplo do que o experimentado na escola de Baltimore, pois não se limita, aqui, a encaminhar para meditação um aluno indisciplinado ou desatento, mas aplicar a meditação a todo o corpo discente. A aceitação tem sido generalizada, e a reação mais comum está na iniciativa de cada aluno no sentido de chegar à sua escola com a antecedência necessária para participar da meditação.


No Vicare, em Hidrolândia, onde a fase infantil (escola maternal) tem nenéns com meses de vida, ou seja, com idade inferior a um ano, a assistência personalizada já inclui também esses pequeninos seres, de modo que as novas práticas pedagógicas ocorram, para a criança, de modo absolutamente natural – e o propósito é facilitar, cada vez mais, os processos de ensinamento e aprendizado.


Percebe-se, aos poucos, o quanto a escola pode ser, de fato, o segundo lar do alunado. Atrativos como instalações renovadas, arejadas, confortáveis e acolhedoras associam-se ao procedimento de professores e funcionários, tudo voltado para o bem-estar do estudante e a facilitação do aprendizado por todos os métodos utilizados – e o Vicare se destaca, ainda, pelo uso apropriado da mais moderna tecnologia da informação.

Assim, o ensino acadêmico está aliado às práticas esportivas e de artes e cultura – como música, teatro, desenho e pintura, futsal, vôlei, basquete e outras práticas, sob a orientação entusiasmada do médico Luiz Fernando Martins, que cuida, também, da realização mensal de palestras variadas das quais alunos e familiares participam, assistindo a explanações de vultos notáveis, de Goiás e do Brasil, além das rotineiras reuniões de pais e mestres.







Meditação
Caminho para o equilíbrio

Muito se fala quanto às práticas conservadoras nas escolas brasileiras. Os mais radicais teimam em afirmar que os métodos são, hoje, os mesmos de 400 anos atrás (se houvesse escolas no Brasil há quatro séculos) e muito pouca coisa se agregou às metodologias que, a rigor, não passam de teorias que se estudam para obter o grau de professor, mas, na prática, tudo aquilo é esquecido até mesmo na retórica.

Nas últimas décadas, com o advento da tecnologia de ponta, os celulares e computadores assumiram a rotina na vida nacional, mas esses aparelhos e suas variantes são apenas os terminais de uma ciência que se transforma a cada instante, a ponto de tornar-se obsoleto qualquer aparelho após poucos meses, tantas são as inovações e as ofertas da indústria especializada.


Já passou, e ainda bem que passou, a crise que causou constrangimentos e até agressões de alunos a professores e funcionários, gerando casos em que também os pais causaram situações constrangedoras, desautorizando ainda mais os já desvalorizados profissionais da Educação. A saída foi proposta com a mesma rapidez que marca as reações da cibernética – não havendo como impedir o celular nas escolas, a melhor escolha é adotá-lo como mais um instrumento pedagógico auxiliar.

São muitas as escolas que assim procedem e, como era de se esperar, as transformações demoram a acontecer nas redes públicas de ensino, haja vista a enorme burocracia e a endêmica e inacabável falta de recursos. O fato é que o quadro didático, que já se chamou quadro-negro, e os mapas impressos passam à condição de memórias museológicas, dando lugar a projeções por instrumentos da tecnologia da informação.

O que não mudava, então? O modo de se relacionarem professores e funcionários com o corpo discente, ou seja, os alunos. Em poucas décadas, desapareceu a roupagem formal dos professores, e o popularíssimo jeans-com-camiseta assumiu os cenários. A linguagem tornou-se mais acessível – mas era preciso buscar novo instrumento de motivação e convivência. E, ainda, algo que os professores de todos os tempos tentavam, mas não encontravam a solução – obter a concentração dos alunos ante os temas e assuntos explanados.


 Atenção e Leitura

Situação comum na relação entre professor e aluno é a desatenção súbita. Ainda que o aluno seja o alvo central de uma resposta, o professor percebe, no olhar do aprendiz, o desvio da atenção. Como se alguma palavra sugerisse uma viagem imaginária, os olhos se fixam no além e o pensamento voa...

O mesmo acomete um aluno assim quando, em casa, numa leitura de estudo (ou mesmo de lazer) continua com os olhos a passear sobre o texto, mas o cérebro já está em outra dimensão. Há pessoas já fora do universo escolar há anos que admite perder grande parte de suas leituras por esse desvio de atenção. A ciência, parece, tem isso na conta do que abreviam como TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Isso, porém, é uma das descobertas mais recentes e tem auxiliado bastante nos processos de ensino e aprendizagem. E muitos são os alunos de tempos anteriores, hoje pessoas grisalhas e mesmo enrugadas, que somente agora descobrem que algumas de suas dificuldades escolares decorriam de um transtorno então desconhecido – esse badalado TDAH.




– Meu filho sabe de tabuada, de contas e medidas, mas se tirarmos as laranjas do cesto e as colocarmos numa caixa, ele não consegue “matar” o problema – disse a mãe a um professor de reforço.


O professor sorriu e abriu o livro de matemática. E pediu ao aluno que buscasse o livro de leituras (naquele tempo havia um livro de leituras na fase ginasial). Abriu num conto de Machado, leu um período e pediu ao aluno que o explicasse. A mãe não entendeu, mas acompanhou o que fazia o mestre.

Em quinze ou vinte minutos, discutindo aquele pequenino texto, aluno e professor começaram a se entender. O menino começou, pois, a não levar em conta detalhes que o levavam a dispersar-se, como o cesto e a caixa. Ao término daquela hora de aula, com a mãe observando tudo – e esperando que o professor lhe permitisse entrar na conversa – veio o “veredito”, ou “diagnóstico”.

– Dona Zenóbia, incentive-o à leitura. Comecemos por gibis de caubói, de super-heróis e mesmo os infantis, os de Disney e da Luluzinha.

E o professor de reforço, ainda que de matemática, passou a gastar os minutos iniciais da aula para um aquecimento interessante – conversar sobre as leituras e o lado divertido, estimulando a imaginação. E arrematou:

– Entenda, você resolverá qualquer problema quando o compreender. O que lhe faltava era a capacidade de atenção



Indisciplina e agressão

A disciplina sempre foi um dos itens mais fortes num processo de aprendizagem – e um desafio constante para os professores. E nas novas gerações o direito dos adolescentes fala muito alto - o quê, quando aliado a um fortuito alheamento dos pais, complica a vida escolar. Muitos são os pais de crianças, atualmente, que não castigam os filhos – mas os induzem a “pensar no que você acabou de fazer”. O método tem demonstrado eficácia. Há o caso de uma menina que, aos quatro anos, ouviu do pai – que se senta no chão para que a criança não tenha de erguer a cabeça – que fosse até o quarto, pensar no que fizera de errado. Minutos depois, o pai a libera: “Pode sair, Marina!”, e a menininha responde que “ainda não, papai, não acabei de pensar”.

Num lado extremamente oposto, em famílias com estrutura grupal menos estruturada, temos pais que ignoram as ações dos filhos e acreditam que cabe à escola educar suas crianças (talvez o engano provenha do nome Educação para o processo público de ensino). E a autoridade dos professores quanto à disciplina foi minimizada ao extremo, ao ponto de atos de violência de crianças e jovens contra professores ter se tornado notícia comum.

Uma experiência de Baltimore, nos Estados Unidos, e adotada em algumas escolas brasileiras tem mostrado resultados excelentes – a meditação. A prática ocupa poucos minutos na semana ou no dia e é estimulada para que as crianças e adolescentes a pratiquem em casa. O exercício mental organiza o pensamento, relaxa a mente e o corpo, prepara para a atenção e o aprendizado.

Uma breve pesquisa na internet mostra que os colégios que adotaram a prática registram uma novidade, de iniciativa dos próprios alunos – eles passaram a chegar mais cedo para os momentos de meditação. As escolas preparam-se para isso, reservando espaços, adaptando as salas para que cada qual escolha a melhor posição e, súbito, os alunos estabelecem para si mesmos a disciplina indispensável para atingir suas metas.

Alunos com o dr. Luiz Fernando Martins, idealizador entusiasta,
apoia os métodos aplicados no Colégio Vicare.


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