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domingo, janeiro 07, 2007

Rés do chão, ao olhar

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O táxi, a chuva, madrugada,
o tempo, pessoas e a vontade.
Havia um quê de estranho.

É sempre assim a vez primeira,
um estar insistente e tenso
– tensão, tesão e medo.

Hormônios em êxtase e ávidos,
peles e pêlos ostensivos, nus.
Bocas sedentas, secas, quentes.

A noite anda, e aviva a chuva.
Há o ar de espera e ansiedade...
A mão diz adeus, a boca assente.

A pele, não; espera. E acerta
um dia além, futuro e breve:
o mérito é mútuo.

Chiado de rodas no asfalto,
longe e líneo. Olhar frustrado
e baixo: é linha de terra.

10 comentários:

Anônimo disse...

o que dizer? falo tto e agora fiquei sem palavras... belíssimo!

Anônimo disse...

Luiz,
Muito bom este poema!!real e perfeito, adorei.
Aproveito para renovar meus votos de luz, amor, saúde em 2007 e sempre.
Beijos
Andréa

Herondes Cezar disse...

Amigo Luiz,
Estou numa fase de prestar atenção a detalhes. Gostei de "longe e líneo", mas "o mérito é mútuo" é genial. Parabéns.
Herondes

Anônimo disse...

Nossa, o poema, lindo! os comentários, instigantes... longilíneos... talvez provocados por um objeto curto, quase indevassável, não sei, mas tenho certeza que o mérito é mútuo: poesia e poeta=poiesis. Tida.

Anônimo disse...

Luiz,
"Rés do chão,ao olhar"
Um primeiro encontro gera ansiedade, excitação, medo e, apesar de todo o desejo, assusta o imprevisível, o inesperado.
Viver o amor, uma paixão exacerbada sem prejuízo da razão é o que se propõe e, um adiamento mais aumenta o desejo, provoca uma frustração que amarga e faz sofrer: ”Olhar frustrado e baixo : é linha de terra.”
Parabéns! Você transforma sentimento em palavras como ninguém.
Beijo grande.

Anônimo disse...

Lindo, que lindo!!!
"A pele, não; espera."

Como são sábias suas palavras, a pele, sim... ela sempre espera pelo mútuo e mérito breve futuro.

Anônimo disse...

Dizer mais o que? O poema em si
já diz tudo, é belo, lindo, sensual
e provocante.Ele mexe com todos os orgãos dos sentidos.
Parabéns Luiz!!
Beijo,

Lêida Gomes

Anônimo disse...

picante e métrico!Lindo poema!
Vc reclamou que eu nunca aparecia..Pronto!Aqui estou, encantada com seu poema!
Beijos=*

Anônimo disse...

É mesmo chegada a "linha de terra", não é?! Este poema é, para mim, o mais lindo de todos que escreveu. E olha que não foi fácil escolher! Beijão.

Anônimo disse...

Plagiando

O táxi, a chuva, madrugada
Só eu e ele
Só eu e nada.

É sempre assim a vez primeira
Ponte à beira do abismo
Volteia ambos, desejo e siso.

Bocas sedentas, secas, quentes
O vinho pronto a tontear
Tensão, tesão,paixão, torrentes.

A pele, doida,já não espera
E a lua, plena,todinha desce
Fundindo a pena e a primavera.

Chiado de rodas no asfalto,
É outra a mão que me tateia
Sou toda espanto, langor incauto.

E Insistem chuva, e madrugada,
No sono leve que me aferra
E o corpo mole,inda fremente
Não se contenta sem provocar
E me pergunta, querendo guerra:
É mesmo fim, linha de terra?