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segunda-feira, maio 14, 2007

Liceu, Lyceu: Ano 70 em Goiânia


Liceu, Lyceu: Ano 70 em Goiânia


Vem aí a reforma ortográfica, sob o pretexto de padronizar a grafia em todos os países lusófonos. Com isso, já se anunciou que as letras exóticas – K, W e Y – serão oficiais. Com isso, meu amigo Wander Arantes, ex-aluno (como eu) do tradicional Liceu, não precisará mais me cobrar a grafia. Mas o papo de hoje não é sobre a reforma ortográfica e, sim, sobre o Lyceu.

Era 1937, e Pedro Ludovico, o mudancista, interventor federal em Goiás de 1930 a 1945, não desfrutava de muita simpatia entre seus conterrâneos vilaboenses, que não queriam saber de mudança de capital (para os “de fora”: Vila Boa é o antigo nome da Cidade de Goiás). Para efetivar a transferência da capital teve de transferir, como que à força, todos os órgãos estaduais para Goiânia, inclusive a Faculdade de Direito e o Lyceu de Goiás (o segundo colégio mais antigo do Brasil, fundado em 1846). A Cidade de Goiás ficou vazia de instituições oficiais.

E foi justamente em 1937 que se edificou o casarão da Rua 21, no Centro de Goiânia, local onde se instalou o Lyceu de Goiás, antes que o bom-senso recomendasse a devolução de seus arquivos históricos de volta à Velha Capital. Feito isso, ficamos, para a nossa História, com duas unidades do tradicional colégio: o legítimo Lyceu de Goiás, na cidade de Cora Coralina, e o Lyceu de Goiânia (Wander! Antecipo-me à oficialização internacional da nova Língua Portuguesa e já começo a escrever “corretamente”).

Preciso explicar: instalado em Goiânia, o Lyceu passou a se chamar Colégio Estadual de Goiânia. Em 1980, Wander Arantes, deputado estadual, incomodava-se com a incoerência: estudara no Lyceu, mas seu certificado (o meu também; e os de todos nós) ostentava aquele nome frio e impessoal: Colégio Estadual de Goiânia. Projeto de lei, a votação, o novo nome: Lyceu de Goiânia (com Y, intencionalmente, para honrar a tradição).

Márcia Rezende Pereira, a diretora do Lyceu, também é afeita à tradição: mostra-me, orgulhosa, a antiga águia, símbolo do colégio, sobre o portão principal. Ela pesquisou e honrou o passado que nos orgulha. Sugiro-lhe restaurar a águia nos documentos e no uniforme. Sugiro, também, um grande encontro de ex-alunos, como temos feito, no Rio de Janeiro, os que passamos pelos bancos do mais antigo dentre todos, o Colégio Pedro II. É emocionante o chegarem, um a um, ostentando, no todo ou em partes, o uniforme; os alunos, parece-me, divertem-se ao nos verem com tanta jovialidade... Velhos estudantes de cabelos brancos, ou pintados; ou sem cabelos. Mas com a alegria renovada ao voltar aos pátios da juventude.

Mas não basta, agora, enaltecer o aluno Wander Arantes e professora Márcia. Quero mesmo é ir além e chamar a atenção da Secretária da Educação, Milca Severino, e dos deputados estaduais. A História exige que reintegremos os dois estabelecimentos – o da Cidade de Goiás e o de Goiânia – sob o mesmo nome, Lyceu de Goiás (apenas esse Y, revivendo a grafia que por longas décadas dignificou o colégio) e especificando apenas “Unidade Vila Boa” e “Unidade Goiânia”.

E mais: que tais medidas sejam apressadas para que, no dia 20 de junho deste ano, quando hastearem os pavilhões na Rua 21, dirigentes e docentes de ambos os colégios, bem como uma bela comitiva de alunos da Velha Capital, festejem a retomada da dignidade histórica. Nós, os ex-alunos, estaremos também por lá. Tentarei – prometo – ostentar o uniforme da época.

De resto, é cobrar presenças de antigos professores, como Mesquita, Teresinha, Iracema, Ofélia, Sônia França, Aldair, Sônia Ferreira, Eclea, Quênia...

Ah, não tenho espaço para tantos! Mas, garanto! A memória, a saudade e a gratidão são marcas indeléveis.

3 comentários:

Anônimo disse...

Maurílio Alves Neto:
(
13/05/2007 às 07h57) Mais uma vez retorno a este espaço para enaltecer o grande escritor, Luiz de Aquino, pela brilhante idéia que visa a "retomada da dignidade histórica" ou seja, a fusão dos nomes da escola de Goiás com a escola de Goiânia num nome só: Lyceu de Goiás, mesmo porque não há como separá-los pois são ligados umbilicalmente. Como se trata de decisão justa, Milca Severina e os deputados certamente apoiarão esta excelente idéia !

Anônimo disse...

Querido Luiz,
Concordo plenamente com essa fusão.Até afetivamente fica mais coerente . Não há como não aceitar essa ponderção mais que justa do grande escritor Luiz de Aquino que vem lutando sempre pela cultura e pelo ensino. Será uma glória para os alunos e ex-alunos.
Beijos
vânia Moreira Diniz

Madalena Barranco disse...

Olá Luiz, que bom que você se preocupa em preservar o patrimônio cultural! Eu sempre gostei das letras WKY - e essa reforma também vem para manter a constante evolução da língua pátria. Beijinhos.