
Semana de tanta poesia...
Noite de segunda-feira, 8 de outubro. Desembarco no Aeroporto Tom Jobim; como sempre, com a melodia e a letra de alguma canção maravilhosa do Maestro Antônio Brasileiro na cabeça. A demora na fila de espera para estacionar o avião; a demora na chegada das bagagens à esteira; a demora, a demora... Religo o celular. Um recado: “Sarau poesia erótica, Bar do Adão, Botafogo, Rua Dona Mariana...” – sei onde fica. Chego a Copacabana, deixo a bagagem na portaria do prédio da minha sempre hospitaleira Tia Miriam, aproveito o mesmo táxi e retorno a Botafogo.
Irreverência e performance. Não sou performático... Isso é coisa para o Gabriel Nascente e o Marcos Caiado. Mas contam da minha presença (coisa do poeta Luiz Fernando Proa, é certo) e atrelam-me à Academia Goiana de Letras; Cairo Trindade, o poeta que, ao lado da mulher Denises (assim mesmo, no plural) dirige o evento, anuncia-me com certo tom de estranheza: “Bem, ele é de Academia, mas há de compartilhar conosco...”. Rimos todos e surpreendi os poetas com meu modo de ser não-acadêmico (ou, ao menos, contrário ao conceito do que têm eles por “acadêmico”).
Foi Luiz Proa quem me avisou: “Amanhã, terça-feira, a partir das seis e meia (noitinha, é claro), tem sarau no Teatro Gláucio Gil”. Sei onde fica, também; pertinho da morada da minha tia. Fui lá. Conheci poetas, encontrei Sergio Pietroluongo, localizei ex-alunos do Colégio Pedro II ao responder à organizadora a razão de minha estada por lá.
Quarta-feira, o dia dos meus saraus no Colégio, e já falei neles em outra crônica, há dois domingos. Então, vamos à quinta-feira, dia 11, véspera de feriado nacional. Ouço, numa mesa-redonda, os acadêmicos Antonio Olinto, Antônio Carlos Secchin e Ivan Junqueira, mais o professor Ivo Barbieri, em homenagem aos 150 anos de nascimento do poeta fluminense (e membro fundador da ABL) Alberto de Oliveira.
No sábado, novo sarau de poesia. Dessa vez, no Barteliê, um apartamento-bar em Ipanema, em endereço que diz muito à poesia e à bossa-nova: Rua Vinícius de Morais, esquina com Nascimento Silva. Pude, finalmente, conhecer pessoalmente a poetisa Chris Hermann, carioca residente na Alemanha, com quem forcei uma parceira, ao não resistir ao encanto de um poema seu. E salvei novos contatos, entre eles Clauky Saba e Soraya Vieira, além do maestro Cláudio Mendes, que teceu notas, tons e acordes em torno de um dos meus poemas, com o “auxílio luxuoso” (com licença de Luiz Melodia) de Clauky. Ah, inesquecíveis: a sempre presença de Luiz Proa, poeta e ativista cultural, filmando e fotografando tudo... E o também visitante Carlos Gurgel, poeta potiguar.
Mas havia mais... Havia, na segunda-feira, 15, data consagrada aos professores, uma outra festa; agora, de Antonio Olinto, o imortal da ABL e amigo de Goiás que, a meu convite (e com o apoio da Prefeitura de Goiânia), prestigiou a inauguração, no SESC da Rua Dezenove, em Goiânia, o Espaço Literário José J. Veiga. E o palco dessa festa foi uma belíssima unidade do SESC no Rio de Janeiro, na Rua Marquês de Abrantes, no Flamengo. O palacete de arquitetura mourisca abriga, desde aquela noite, a exposição de máscaras africanas da coleção de Antonio Olinto e Zora Seljan. Momento bom de rever Antonio Olinto, Ivan Junqueira, Gilberto Mendonça Teles (mas não nos encontramos, naquela multidão), Elizabeth Almeida, Edir Meireles, Astrid Cabral...
Semana rica de fatos e pessoas. Tal como eu gosto, tal como qualquer mortal gosta: viver o que nos dá prazer e conviver com os que amamos.