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sexta-feira, abril 17, 2009

Meireles para presidente

Meireles para presidente

Luiz de Aquino


  • Anápolis é uma cidade diferente em Goiás. Não tem rodeios quando se trata de mostrar seus valores humanos. E assim é desde que surgiu como povoado, até os dias de hoje. Aliás, é bom destacar que todas as comunidades devem, sim, realçar seus valores humanos, ou cairá no esquecimento, sem fazer jus ao respeito dos demais núcleos humanos.

  • Curiosamente, nós, goianos, temos a mania triste de uma timidez injustificada. Isso já foi notado por vários vultos nativos, como Bernardo Élis, um dos maiores escritores brasileiros, de pouca expressão além das nossas divisas, ainda que membro da Academia Brasileira de Letras. Ou seja, ele era um dos vencidos pela própria timidez.
    Morei em Anápolis pouco mais de um ano, em 1966/67. Foi lá que comecei este ofício de articulista em jornal, pois notei que a cidade tinha suas marcas. A mais notável delas é valorizar seus vultos, sejam eles nativos ou integrados. Henrique Meireles nasceu lá. Célia Arantes mudou-se para lá. Para mim, são eles os dois mais significativos referenciais vivos da cidade, sem desmerecer tantos outros.
  • Ah, a Célia! Escritora versátil e ser humano de luz própria, destacou-se pelo seu talento com as letras e a competência nas relações pessoais, o que fez dela, sempre, uma amiga indispensável, marcante. Célia sempre foi nosso ponto de equilíbrio, tanto na União Brasileira de Escritores em Goiás quanto nas suas atividades em sociedade, com ênfase para Anápolis, mas sem esquecer sua vivência goianiense da juventude, em especial no bairro de Campinas. Um tal de “avecê” tirou Célia do cenário sócio-literário goianiense, há alguns meses, mas Cristiane, filha vigilante, dá-nos boas novas quanto à sua lucidez e vivacidade, sua reação positiva às informações que ela, Cristiane, lhe passa.

    Conte-lhe, Cristiane, que a sua Anápolis, que já nos rendeu um Henrique Santillo, paulista em criança, mas anapolino pelo resto da vida, prefeito e senador, governador e ministro da Saúde, mostra ao Brasil e ao mundo outro Henrique, o Meireles. Orgulham-nos ambos, tanto quanto também ela, Célia, nos orgulha. O Henrique agora em voga é tido, num conceito quase unânime no Brasil e no meio econômico internacional, como o grande maestro das práticas acertadas.
  • Na quarta-feira desta semana, no programa do Jô Soares, cinco mulheres de altíssima cotação profissional, analistas de política e de economia, analisavam com rigor quase ferino as atitudes do governo ante a crise. Num dado momento, uma delas ironizou o fato de Henrique Meireles dizer que “o pior da crise já passou”. Logo em seguida, ela própria elogiava o presidente Lula por dois momentos: o primeiro, ao nomear Meireles; o segundo, por manter Meireles.
  • Lembro-me do adolescente Henrique Meireles no Liceu, presidindo a Confederação Goiana dos Estudantes, em oposição à UGES. Agora, vejo-o numa evidência a que poucos goianos chegaram (antes dele, também no Banco Central, houve Gustavo Loiola, de quem fui professor no primeiro ano científico, no final dos anos 1960; claro que me orgulho dele também).

  • E aí, falam nele para governador de Goiás em 2010. Será? Acho que Meireles tem mesmo é cacife de sobra para suceder o presidente Lula.


    Luiz de Aquino é escritor…

7 comentários:

Mara Narciso disse...

Exaltar as qualidade alheias é ato de coragem, pois as múltiplas interpretações chegam a galope. Quando não resvala-se para a pieguice, parece que há interesses não declarados. Achei interessante você ter chamado a atenção para a timidez dos goianos. Fica parecendo que estão aquém do lugar onde realmente estão. Não se deve esquecer de elogiar quem tem estofo e cacife para estar onde está, e ainda, pode e deve almejar outros postos.

Leandra disse...

Tenho medo de sofrer dessa timidez que você descreve aí. Mas não vou deixar que isso me ofusque. Sobre Meireles, concordo em gênero e grau!
Abraços,

Leandra

Luiz Antônio Godinho disse...

Concordo com você, Luiz, também acho que Henrique Meireles tem que ser candito a presidente. Foi graças a ele que Lula conseguiu administrar até agora nosso país.
Não sabia que você tinha sido professor de Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central. O finado Gomes Filho, também professor, como você, me disse uma vez, durante um almoço aqui em Pirenópolis com então governador na época Irapuã (que tamém foi aluno dele), que a única vantagem do professor era que, quando chegava a um lugar ou repartição pública, lá estava uma pessoa que foi seu aluno e o saudava "olá, professor" e também era só, o salário que sempre ganhou como professor foi pouco.
Parbéns pela grônica e por tudo que você faz, eu te admiro muito sou fã seu de carterinha e tenho muito orgulho de ser seu primo e xará. Um abração e fique com Deus.

Maria Helena Chein disse...

Nosso VIVA para quem realmente merece. E Meireles tem o nosso aplauso.
A querida Célia também. E você, por nos fazer lembrar de gente assim.
E outra coisa, somos mesmo, em linhas gerais, muito tímidos e acomodados.
Abraços, Luiz.
Maria Helena.

Rita Elisa disse...

Oi Luiz,
li sua crônica... pois esse fim de semana eu fui alvo dos policiais. Mulher dirigindo sózinha, à noite e ainda mais... não conseguia achar minha CNH na bolsa (já viu como é bolsa de mulher?). Me perguntaram onde foi emitida a carteira e quando eu falei que era de Goiás... hehehe... tudo piorou. Vale uma crônica. Mas não estou a fim de escrevê-la. Meu carro continua detido. E ainda estou pensando em como lidar com tudo isso.
Um abraço
Rita Elisa

Alda Inácio disse...

Amigo poeta concordo com você sobre o Meireles, só não entendi porque ele desistiu da candidatura para Presidente que chegou a ser cogitada ano passado. Chego a pensar que foi conversa com Lula, para não ofuscar a Dilma. Será?
Beijo querido.
Alda

Cristiane Araantes disse...

Senhor Luís,
Muito obrigada por tão marcantes e sinceras palavras em relação à mamãe, grande amigo. A mim também, fiquei muito feliz por saber que gostam do que me propus a fazer, enquanto mamãe está doente. Sobre o Meireles e Anápolis, faço minhas as palavras que mamãe escreveu quando eu terminei o quarto ano primário e fui oradora da turma, ainda me lembro de cor, boa parte do poema:

"Quando meu bisavô Zeca Batista
Esta cidade emancipou
Nem de leve imaginou
Que Anápolis chegasse a ser
A cidade progressista
Que aos poucos se tornou.

Mas Anápolis teve sorte
Grandes homens produziu
E gente do sul e do norte
Para aqui se convergiu.

Todos com o mesmo ideal
Fazê-la Manchester
Sem igual..."
...........................

Também na inauguração da praça Dom Emanuel no Bairro Jundiaí, à mesma época, declamei a mesma poesia, longa e com muitas citações de nomes, aos olhos encantados de mamãe, que foi a escolhida para receber a linda praça do bairro que moramos por tantos anos.
Abraço afetuoso e agradecido.
Cristiane Arantes
cristianemarantes@uol.com.br

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