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quarta-feira, março 17, 2010

Dia Nacional da Poesia

O aniversário de Castro Alves, 14 de março (1847), é festejado no Brasil como Dia Nacional da Poesia. Por razão de viagem (estava em Pirenópolis, participando da Festa Literária), deixe correr o dia sem referência.
Ainda bem que, este ano, 14 de março foi domingo, tal como 21 de março - que a UNESCO consagrou como o Dia Internacional da Poesia, valendo-se do início da Primavera no hemisfério norte. Assim, o Brasil (seus poetas e leitores de poesia) ganha uma semana inteira em redor da Poesia, que o saudoso professor Gomes Filho chamava de "o traje de gala da Língua".

Fuçando no passado, mais precisamente no passado dos meus escritos em verso, escolhi esse poeminha para acarinhar os parceiros diversos de versos:


Nós, Poetas

Repositórios de insultos
e estímulos, ou de que mais apelidem
clamores de ouvintes,
de poetas,
de leitores.
Adormecemos em nós imagens novas,
palavras velhas,
excitações momentâneas, pedras
de se edificar o tempo
até porque o tempo
semente de suaves copas,
frondes grávidas de ternas sombras.

Somos seiva de fartas florestas,
pastos de estelares insetos,
fontes de dessendentar noctívagos.

Poetas somos alma eterna
e corpo vívido de encantar sereias,
domar demônios,
amansar angélicos fantasmas
de nossas não menos etéreas
fantasias do quotidiano.

(Talvez desvios das certezas falsas,
de condutas ditas certas.
Apesar dos dias).


Vamos, pois, festejar a Poesia!


O pássaro, fotografado pelo
poeta Sinédio Dioliveira, é um sanhaço.
Luiz de Aquino

7 comentários:

Mara Narciso disse...

A minha mãe lia muito, assim, não largava um livro, mas dizia não entender e não gostar de poesia. Um irmão dela, desde bem menino declamava em todas reuniões do grêmio estudantil. Minha mãe se escondia na hora da apresentação. Eu acreditei que poesia não era bom. Hoje estou lendo o livro "Banquete",de Platão. Lá, o verdadeiro banquete não é de comida, é de palavras, e o clímax vocabular reside na poesia. Começo a me encantar por esse gênero, embora seja incapaz de fazer um verso, exceto quando apaixonada, mas aí, naopinião de Carlos Drummndo de Andrade, não é ser poeta.

Mariana Galizi disse...

Escritores do só e do escuro
(que no claro façam mais ouvir)
transformai com a pena as dores
em felicidades e grandes amores
(do mundo todo a porvir)
sejam sempre amantes das flores
mas não desprezem o ácido
que vez ou outra inspiram clamores
bonitos de se ler e sentir
façam suspirar a namoradeira
na espera incessante do amásio
sensibilizem o homem pedra
e assim germine em seu bruto coração
a fina Flor do Lácio


Ao meu escritor querido, um humilde festejo daqui do sudeste. Parabéns pelo seu dia.

Maria José Lindgren Alves disse...

Muito boa sua homenagem. Lindo poema
Maria Lindgren

Linda Costa disse...

Oi meu amigo poeta, que linda homenagem aos poetas. Adorei o poema “nós, poetas”. Não sei o que seria de mim sem vocês poetas, adoro. Parabéns pelo seu dia. Beijos.

Lila Boni disse...

Festejo a poesia todo dia!!

Mil beijos !!!

Lílian Maial disse...

Muito bom ler vc, querido!
Beijocas,
Lílian

Luiz Delfino disse...

Meu caro poeta Luiz de Aquino,

Um dia quero morrer poeta pois não sei se "vivo poeta", se sou poeta ou se estou poeta.

A cada texto que leio neste mundo virtual e em alguns artigos impressos pela midia brasileira sinto que há uma certa disputa por um lugar que, ao meu ver, não existe no campo da poesia, da literatura.

As vaidade existe - por sinal, em Eclesiastes podemos ler doze capítulos que falam sobre a vaidade - mas ela passa a ser o contraponto da pureza que o poeta teria que ter.

Fiz amigos fazendo poesias mas vejo que muitos perdem amigos que também fazem poesias. Por que será?

****
Na minha infancia meu professor de "admissão" - um curso preparatorio para ingressar no ginasial, lembra? - fez-me declamar um poema que creio ser de Castro Alves, para comemorar o Dia da poesia.

Óh bendito o que semeia
Livros, livros a mão cheia,
e faz o povo pensar.
O livro caindo na alma
é germe que faz a palma
é chuva que faz o mar.

Forte abraço
Luiz Delfino