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quarta-feira, maio 12, 2010

No dia 8 de abril de 2007, publiquei, aqui neste blog, o texto abaixo, ilustrato com a mesma foto... Retorno-o para contar que, há menos de uma hora, recebi a notícia do passamento do meu querido irmão de letras e de princípios, o poli-escritor Fausto Rodrigues Valle. Ele completaria 80 anos em agosto próximo e eu estava incumbido, pelo amigo Antônio Mariano, poeta da Paraíba, de coordenar uma bela homenagem (Mariano, Lau Siqueira e André Ricardo gostariam de vir a essa festa, que a notícia ceifou).


Um poema bem humorado de Fausto Rodrigues Valle


SEXAGENÁRIO

“Aos que, garbosamente, adentram os penetrais

da madurez absoluta”.

Fausto Rodrigues Vale (*)

Mais um sexagenário na praça!

Difícil ser sexagenário.

Aos cinqüenta, é chamado de maduro, conservado

– e agüenta o tranco.

Aos setenta, dirão: como está bem nessa idade,

sem esconderem a alegria de não estarem lá.

Aos oitenta, com certa compaixão,

admirados de que ainda estejam por aqui,

exclamarão:

que bela idade, quem me dera! Sem, contudo,

aprofundarem o pensamento

na real possibilidade de se verem provectos varões,

como se a juventude ou mesmo a madurez

fossem eternas.

Difícil ser sexagenário. Não está lá nem cá.

Pensa que está no contexto das coisas,

mas verifica por um ou outro detalhe

que já o empurraram para o lado.

Sexagenário é o que já foi e não será mais.

Não tendo a desenvoltura do cinqüentão

nem o charme do ancião,

sexagenário é apenas... sexagenário.





(*) Fausto Rodrigues Valle é, para nosso gáudio, um homem septuagenário, médico (pediatra) aposentado, ex-diretor da Faculdade de Medicina e ex-pró-reitior da Federal de Goiás. Poeta e contista de finíssima sensibilidade e domínio da Língua de Camões, Drummond e José J. Veiga, mineiro de Araxá, goiano desde o primeiro ano de vida... E meu amigo, uai! L.deA.

6 comentários:

Juliana Valin disse...

Bela homenagem Luiz... eternas lembranças daqueles que foram, mas deixam um pouquinho deles em nós. Essa é a essência de viver, enfim, morrer é apenas não mais ser visto, e jamais esquecido e por fim, eternizado.
Abraços,
Juliana Valin

Mariana Galizi disse...

Quem passa deixa um pedaço em nós, e deixa também a lembrança, o lamento... nunca estamos preparados, fato; nem toda tecnologia do mundo é capaz de quitar a saudade.
Aos que ainda persistem cabe a honrável obra de perpetuar a memória e a beleza.
Ao céu que o recebe, uma festa se faz, de risos, música e poesia.
Meus sinceros pêsames, sinta um abraço daqui.

Marluzis disse...

Grandes homens são na verdade os que fazem diferença na vida daqueles que os cercam e que conseguem fazer o mundo um pouco melhor graças à sua existência. Tenho certeza que o poeta inspirou e ajudou muitas pessoas a viverem melhor e o céu agora o recebe com regozijo.
Receba meu apertado abraço extensivo à família.

Ana Peluso disse...

Eu cheguei a ler esse poema. Que pena. E que bela homenagem você prestou a ele.
Meu sentimentos, estendido aos amigos e à família.
bjs

Ademir A. Bacca disse...

caro luiz,
fausto foi um grande amigo que fiz em minhas passagens literárias por terras goianas. perde goiás uma das suas grandes expressões literárias.

Silvana Guimarães disse...

Eu estava viajando, Luiz. Acabo de chegar e leio a notícia, mandada por vários amigos comuns.

Fausto era um encanto de gente, grande poeta, um amigo gentil.

Que descanse em paz, enquanto a sua poesia vive para sempre.

Silvana