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sábado, março 03, 2012

Rir para não sofrer


Rir para não sofrer


Carmo Bernardes
Carmo Bernardes, escritor goiano nascido em Patos de Minas (MG), autor de vários livros e crônicas em que o falar roceiro ganhava a nobre vestimenta das letras de imprensa, enfatizava que era perfeitamente possível falar e escrever todo aquele vocabulário regional sem erros de Português (indispensável, aqui, a maiúscula). Ele era, no meu círculo de amigos, um dos mais notáveis intelectuais, por sua linha de trabalho e coerência entre o pensar, escrever, falar e agir. Recordo-o sempre que vejo (e ouço) os ferimentos causados na derme da língua justamente pelos que têm o dever de tratá-la com zelo.

Não estou só. Nos canais da Internet, por telefone e nos encontros pessoais recebi variados comentários sobre a crônica de domingo passado - Moda, gíria e mau gosto (está no meu blog: http://penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com/). Eis alguns comentários, dentre os que recebi por escrito:


Rogério Lucas
“Com toda sua verve a serviço do falar (e escrever mais ainda) bem, sem deixar de acompanhar o pulsar dos tempos. Irretocável, exceto no que diz respeito a uma crítica mais ácida a este acordo ortográfico Houaiss (com um nome destes, muito se explica) que, me parece, tem sido solenemente ignorado pelos lusos, cheio de excepcionalidades incompreensíveis para nós brasileiros, e que em nada contribui em seu propósito original, de unificar duas línguas que, ao contrário, tendem cada vez mais se distanciar pela diferenças culturais e pelo cotidiano (ou quotidiano?)”. De Rogério Lucas, jornalista, de Goiânia.


Madalena Barranco
A escritora Madalena Barranco, de São Paulo, foi objetiva: “Bom domingo!!

Então, eu também acredito que o idioma deve ser bem cuidado, pois é nossa melhor fonte de expressão humana, contudo, não é necessário alterar tanto assim a ortografia, com algo que não acrescenta nada”.



Mara Narciso
Também escritora, médica e jornalista, Mara Narciso, de Montes Claros, MG, dá o diagnóstico: “Quando se usa demais a mesma palavra, alguma coisa está errada. É preciso diversificar, fugir do óbvio e das frases adivinhadas. Velhas palavras com novos sentidos, quando pegam demais, melhor esquecer. Também não gosto desses modismos e encontro dificuldade em escrever as palavras com hífen e sem ele, pois algumas o adquiriram, como micro-ondas que não tinha e passou a ter. Outras palavras o perderam”.

Osair Manassan
Irônico e brincalhão, Osair de Sousa Manassan (homem de letras e artes visuais, de Goiânia), foi lacônico: “Excelente, Luiz! Uma crônica com foco, enquadramento e belas cores”.



Guga Valente
Professor de Literatura, o goianiense Guga Valente divertiu-se: “O Luiz tem ainda esse apreço pela linguagem elegante. Gosto de uma língua bem construída e insisto na busca incauta de escrever o não-óbvio. Mas, como sabemos, se só escrevermos ou falarmos como gostamos, tem gente que não vai nos entender; tem gente que vai achar pobre; tem gente que não vai achar nada – é o caso da maioria, penso.
No site da revista de divulgação científica Ciência Hoje deste mês, a gente encontra um artigo do professor Sírio Possenti sobre o mesmo assunto (http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/lingua-e-sociedade).
Mas Luiz, tipo assim, será que no meu comentário eu perdi o foco, a nível de entendimento?”.



Klaudiane Rodovalho
De Klaudiane Rodovalho, professora da rede pública estadual, em Goiânia:  “Li e adorei!
Terminei a leitura rindo da situação...
Fico indignada com termos utilizados nas vitrines – off é o fim! Por que não arrumam um termo nacional? – Lembrei-me de uma situação que vivenciei por não usar o termo Xerox e sim cópia. Fui corrigida de imediato, "quer dizer Xerox, né". Respondi que Xerox era a marca da máquina que copia, e que o correto era cópia mesmo.
Detesto o termo foco, até em reuniões as pessoas têm que falar "foco gente, foco!". Ultimamente tenho ouvido muito a expressão "Obrigado eu", dito de modo solene”.


Virgínia Soraggi
Virgínia Soraggi,  professora na UEG: “Do jeito que as coisas andam vamos acabar nos comunicando com sinais de fumaça.

Ontem vi uma placa: Escola - meio períldo”.
Pois é, então? Em algumas escolas públicas, encontrei a palavra “Municipal” abreviada “Mul” – isso já dura alguns anos.


* * *




6 comentários:

Anônimo disse...

Caro Poeta! Nota 10! Estou tão insegura Com a mudança que tenho medo de dizer tudo que penso e errar...Adorei! Belíssimo texto, Parabéns! Seu blog sempre maravilhoso.Ireci Maria.

Mara Narciso disse...

Quando lemos nos apropriamos dos pensamentos alheios e isso é um ganho para nós. Quando escrevemos nos expomos, mas não nos importamos com isso. Essa troca propiciada com maior agilidade pela internet pode elevar a discussão, como foi o caso. Obrigada pela citação do meu nome.

Abadia Lima disse...

Carmo Bernardes, deixou saudades não só por seu trabalho, mas, acima de tudo, pela pessoa encantadora. Um mineiro que virou goiano. Articulista de primeira. Escritor dos bons...Parabens Aquino, pela crônica.

Adriana do Valle disse...

Ter apreço e lutar por uma língua elegante, correta, bem escrita e falada é mesmo para quem tem consciência nos caminhos obscuros pelos quais andam a nossa última Flor do Lácio. Adorei a crônica!

Maria Helena Chein disse...

Lu,
Li, viajei, fui e voltei, vi tanta coisa boa com suas crônicas. Li esta última, depois a penúltima e as duas outras logo
atrás. Foi tão bom! Diverti-me e recebi ótimas informações.
Obrigada, querido Luiz.
Bjs.
Maria Helena

Gilberto Mendonça Teles disse...

Luiz, concordo com essa mulherada linda que você põe no seu blog. Gilberto