Páginas

sexta-feira, março 15, 2013

Habemus fumum (et Papam)


O Papa Francisco no trono (dizem que não se sentiu confortável na histórica Cadeira de Pedro (foto - Internet)

Habemus fumum (et Papam)




       Que semana, hem? Morreu Chávez, a “reencarnação” de Simon Bolívar; semanas atrás, reli “O general em seu labirinto”, do genial Gabriel Garcia Marquez; Chávez seria a chave daquele labirinto? Talvez… É complicado decifrar os caudilhos; dentre nós, o último foi Leonel Brizola, e há quem se ache a perfeita continuidade dele, ainda que sem qualquer liderança. Desde 1964, ditadura pessoal deixou de ser “aceitável” (podem estranhar, mas existe muita gente que gosta de ditadura); o Brasil criou a ditadura por revezamento; o Chile não gostou do modelo, mas a Argentina adotou-o e fez com que, em muito pouco tempo, houvesse lá uma ditadura ainda mais sangrenta que a de Pinochet – um Napoleão nos Andes, embora mais próximo de Franco, o generalíssimo espanhol.

   Aconteceu o Conclave; Nasr Chaul, historiador e compositor, brinca com a pianista Ana Elisa, transferindo a ela uma pergunta sobre a provável escolha dos cardeais – naquele momento, a Capela Sistina ainda não havia sido ocupada pelos príncipes da Igreja para a escolha do sucessor de Bento XVI: “Diga, Ana Elisa, porque eu sou apenas um historiador; isso de clave é com musicistas”... E acrescentei, dirigindo-me também a ela: “Sim... Deve ser clave de fé!”.

    Almir, cartunista do DM, definiu: “Conclave é uma espécie de Woodstock de cardeais”. Perguntei, de imediato: “Fumaça branca ou fumaça preta depende de qual erva se queima no dia?”. E Guido Heleno, poeta brasiliense, envia-nos uma foto de Dom Odílio Scherer, em cuja mitra (espécie de chapéu ou coroa de bispos e cardeais) desponta uma cruz de malta escarlate: “Foi por isso que ficou apenas como vice na eleição para Papa”. Para os que curtem futebol, está explicado... o time cruz-maltino do Rio de Janeiro mantém a tradição de perder sempre a última partida.

      Mas, enfim, as preocupações dos católicos de todo o mundo aliviam-se com a escolha de Francisco – o primeiro dos sucessores de Pedro a escolher o nome do Santo da humildade. A comunidade católica latino-americana se fez em festa e de lá de Caracas proclamou-se que “Foi graças a Chávez, que intercedeu junto a Jesus!” – Ora! Faça-me o favor!...

       Bem! Deixemos de lado as conversas de boteco, ou de páginas gastas no Facebook; quero chegar ao real de mim mesmo. Estreei a semana numa visita ao Mestrado em Letras da PUC, onde gosto de chegar e  estar por longos momentos, em prosa boa acerca de versos e crítica com doutores, mestres e mestrandos. Fui levar uns livros à professora Luane, que trabalha sua pesquisa em torno do saudoso e querido confrade Helvécio Goulart. Conheci o Cosme, que se propõe a estudar dois ícones da poesia feminina de Goiás e prontifiquei-me a auxiliá-lo no que puder.


Fátima Lima, incansável guerreira de
prosa e poesia
         Por ter ido lá, tive a alegria de dois encontros com Fátima Lima, poetisa e diretora do Mestrado da PUC, amiga querida, autora de livros da leitura infantil e incansável lutadora pela mesma causa dos que escrevem nesta terra. Mas a ela cabe a missão maior – a de formar novos mestres para o ensino das Letras, para aprimorar a crítica e, nas crianças e jovens, o gosto pela leitura. O segundo encontro foi no Departamento de Arte da Editora Kelps, onde finalizávamos revisões e capas – agradáveis tarefas dos escribas. A hora da capa é, para nós, como os adereços do bolo para os confeiteiros. Imagens, formas, cores, fontes e corpos...

          Na quinta-feira, o Dia Nacional da Poesia... Mas, bem! Fim de crônica é como o relógio a encerrar expediente. Ao novo alvorecer, a gente volta...


* * *

2 comentários:

Felipe Porto - advogado trabalhista disse...

Excelente crônica. Nossa pobre América Latina, que na letra de Caetano "sempre precisará de ridículos tiranos". Vou seguir o seu espaço. Gostei.

Mara Narciso disse...

Terminou bonitinho, sem terminar, Luiz, cheio de esperança como o início do pontificado de Francisco. Agnóstica que sou, desejo ao papa, como desejo a outros chefes, sabedoria. Carisma e boa comunicação o homem tem, e nem duvidem que foi essa característica que o fez ganhar as eleições com folga.