Rodovia terceirizada
Sempre
fui apaixonado por estradas. Na infância, lá em Caldas Novas, víamos na linha
do horizonte os raros automóveis ou caminhões, bem como o ônibus que só passava
uma vez ao dia, chegando à frente de uma nuvem de pó avermelhado. Em algumas
ocasiões, ouvíamos o ronco distante do motor.
Aquilo,
para mim, era mágico. Pessoas chegavam de longe, de outras cidades, valendo-se
da magia tecnológica dos automóveis. Também as tropas e as boiadas que, às
vezes, passavam pelas minhas lembranças – da cidade e da infância – deixavam-me
em êxtase. E a tudo isso acrescento as noites calmas de conversas com viajantes
comerciais – ou “cometas” – significativos portadores de novidades, pois que
vinham dos grandes centros e informavam-nos de coisas que os jornais (que
chegavam sempre com três ou quatro dias de atraso) nem sempre contavam.
Como
dizia, gosto muito de estradas. E vem da infância, também, a paixão por mapas e
– se o leitor bem percebeu – eu gostava de notícias e novidades. Penso que não
mudei muito nestes sessenta e tantos anos da memória (aos 72 de idade, tenho
lembranças nítidas dos meus quatro anos e algumas um tanto nubladas de tempos
anteriores).
Ultimamente,
ao mudar-me para Hidrolândia, sou usuário continuado, no dia-a-dia, da BR-153,
nestes cerca de 30 km ao sul de Goiânia, além de outros trajetos que percorro
eventualmente. Com isso, valho-me do que mais parece uma avenida, tão intenso é
o trânsito, com pista razoável, mas, tenho de admitir, distante alguns anos-luz
do que se tem em São Paulo – exemplo maior, no Brasil, de boas rodovias
A
empresa concessionária é ótima no que se refere a manter as margens leste e
oeste da rodovia, bem como seu canteiro central, limpos para a visão. Contudo,
desleixa-se na manutenção do perfil asfáltico (nos últimos dias, na proximidade
de um grande distribuidor de medicamentos, entre Aparecida de Goiânia e
Hidrolândia, “nasceu” um buraco que mais parece uma panela de pensão, com
profundidade superior a dez centímetros – sem dúvida, um risco para quem cair
nele). Em vários pontos, o trecho iluminado que se estende por todo o perímetro
urbano de Goiânia e de Aparecida ostenta partes apagadas há um respeitável
período (alguns meses) sem qualquer iniciativa da mantenedora, a Triunfo
Concebra. E o DNIT, parece não fiscaliza.
O
mesmo se dá quanto às placas. Ao término do perímetro urbano, nas proximidades
daquele imenso posto de serviços e estadia de caminhões, o motorista que segue
para o Sul vislumbrava uma placa das grandes indicando a velocidade máxima (110
km/h para veículos de passeio e 90 km/h para ônibus e caminhões). Pois bem,
essa placa sumiu e não se deu a substituição. A última recomendação de
velocidade é no trevo de retorno, perto do centro de Aparecida, indicando a
redução para 40 km por hora. Cito apenas um exemplo, mas é bom dizer também que
em nenhum ponto por mim conhecido na BR-153, sob responsabilidade da Triunfo,
existe algo a lembrar que é preciso acender o farol baixo – recomendação comum
nas rodovias estaduais de Goiás.
O
que mais complica, porém, é que a empresa concessionária e o órgão público,
afetos às nossas rodovias, não ligam. O usuário que se dane!
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Luiz de
Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
Um comentário:
Cheguei curiosa e vim ler a crônica, como faço habitualmente e com imenso prazer. Estava na minha cidade, aquela Maravilhosa, e para percorrer 60 km, passo por 3 BRs (040, 116 e 493. A última, que deveria estar pronta em 2008, faz parte do Arco Metropolitano, que a ex-presidente inaugurou inconcluso e mais se parece com obra de igreja. Somente, há cerca de dois anos parei de enviar e-mails à Direção do DENIT, no Rio de Janeiro, pois os usuários estavam expostos a acidentes fatais. Àquela época, tive sucesso, pois, pelo menos, a sinalização horizontal foi refeita. Quanto ao uso de faróis baixos em rodovias federais e estaduais, bem como os limites de velocidade, cabe à PRF a fiscalização. Continue aplicando o bom senso, que não lhe falta, e vamos curtir estradas!😘💝
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