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sábado, janeiro 20, 2018

Em 2018, 80 anos de Bariani em Goiás




Lembretes para 2018



Mesmice. É o que se vê em todos os janeiros... O rádio, veículo preferido da grande massa, está contaminado pela impressionante falta de exigência no recrutamento de profissionais. Assim, teima em preconizar que “o ano só começa após o carnaval”. E nesse diapasão corre atrás de novos “cientistas”, os que se identificam como autores de autoajuda para o segmento empresarial. Esses novos gurus, em português deprimente, recomendam (com propriedade) que quem deixar para agir após o carnaval surpreender-se-á com o concorrente que acreditou noutra coisa: ano começou algumas semanas antes do réveillon.

Este primeiro lembrete vem, pois, para o empresariado. O que se mostra “novo” somente após o carnaval é o lado mais falso de outro segmento – o político. Na moita, na calada das noites, na surdina ou ainda a portas fechadas e com os telefones desligados, os políticos maquinam sempre suas ações de autodefesa e de assaltos ao Erário, tudo de modo a bem ludibriar o contribuinte e o eleitor que, a rigor, são sempre a mesma pessoa – o cidadão brasileiro anônimo. Este é outro lembrete, pois – que nos lembremos disso na hora de votar.

Um outro aviso vai para os jovens. E é, também, repetitivo, justo por ser inevitável: acreditem em si mesmos, apostem na sua capacidade de descobrir e aprender, escorem-se nos bons conselhos de pais e avós, pois a vida já começou, o processo de formação do futuro se faz a cada segundo e vocês já estão nele há muito tempo. A vida conta conosco (todos nós) e pode bem exigir muito, sempre. Se bem atendermos às exigências, construiremos para o próximo e para o futuro, e o passo seguinte é a vitória, os louros e se colher. Só não podemos comemorar por muito tempo, o período da ressaca já nos deixa atrasados para as novas iniciativas. É aquela velha história de se matar um leão por dia.

De cada um a vida cobra algo – e a cobrança é diretamente proporcional e orientada para o que escolhemos fazer. Em suma, cada um de nós sabe o caminho dos nossos feitos e cria metas a atingir. Como não somos de ferro nem infalíveis, paremos para festejar e interagir, para sorrir e desfrutar das cores e das luzes. São direitos de todos nós e se bem nos renovarmos após cada conquista melhor estaremos na próxima empreitada.

De minha parte, sou dos que fazem muitos planos. Dedico-me a alguns deles – os que se mostrarem mais viáveis. Nem sempre alcanço bons resultados em todos os empreendimentos, mas sei bem que desistir de algum projeto é algo a se fazer em tempo hábil. E como todo “animal social” aristotélico, tenho parceiros e colaboradores, bem como atendo igualmente a vários chamados. Certo ou errado, foi assim que cheguei a esta etapa da vida.

E antes que me esqueça, existe um lembrete para mim mesmo, que levarei aos 38 confrades da Academia Goiana de Letras já na primeira reunião deste novo 2018: sinto que devemos comemorar os 80 anos, em Goiânia, do bom e velho Paulistinha – o escritor e pesquisador de folclore Waldomiro Bariani Ortêncio.

Ele chegou a Goiânia em 1938. Tinha de 14 anos e no primeiro domingo por aqui, após o almoço, ouviu foguetes e sons de muitas vozes não muito longe da nova morada, no bairro de Campinas. Saiu de casa e chegou a um campo de futebol, era o “palco” do Atlético Clube Goianiense. O técnico do time era um fotógrafo apelidado de Parateca, que mais tarde foi prefeito da nova capital.

Parateca (que se chamava João de Paula Teixeira Filho) queixava-se por não poder contar com o goleiro, que amanheceu doente.

– Eu sou goleiro, posso jogar no seu time? – Ofereceu-se o adolescente chegante:

– Quem é você? De onde vem? – Indagou o técnico. O menino respondeu:

– Sou Waldomiro e vim do interior de São Paulo” – e Parateca o aceitou dizendo:

– Dá a camisa-um pro Paulistinha aqui.

O menino fechou o gol, o Atlético venceu o jogo e ganhou um goleiro que atuou na equipe por mais de dez anos; a cidade ganhou um comerciante que nominou sua loja com o novo apelido (Bazar Paulistinha); e Goiás ganhou o escritor e acadêmico a quem quero homenagear pelos seus 80 anos de goianidade.


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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

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