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sábado, setembro 02, 2006

Poesia, fogos e saudade

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Eis aqui uma tentativa de citar muita gente com a certeza de esquecer muita gente e, no chavão de sempre, admitir que cometo injustiça. Mas, pelamordideus, os injustiçados que me perdoem: vou me expor, sim. Era pouco após as duas da tarde, sábado 26 de agosto, quando cheguei ao Rio Comprido, um pedaço da Tijuca, no Rio de Janeiro. Laurita e Paulo Fernando, amigos meus desde a infância, já me esperavam. Andamos duas quadras e chegamos ao bar para uma série de fartos copos de chope preto e muita conversa de lembranças, com intervalos de bolinhos de bacalhau. Só paramos porque já se aproximava das cinco horas e esse era o horário do “meu” sarau, no Grajaú, não muito longe dali.

O sarau foi uma invenção da Beth Luz. Ela, que traz na essência as lembranças do tradicional Colégio Pedro II, arregimentou a “pedrocada”, com diz a Sílvia Lanfredi. Em pouco tempo, éramos já um grande grupo de ex-alunos. E, também, de poetas e afins como Edir Meireles (goiano, ex-presidente do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro), Lílian Maial (médica, poetisa e prosadora de primeiríssima linha) e a professora Maria Celeste (todos com suas caras-metades “à coté”... Puxa, estou parecendo colunista social, hem!). E de Três Pontas, Adélia Maria Batista, a que me provocou a escrever “As uvas, teus mamilos tenros”, que levou consigo um professor francês Alain Giami.

Miguel, o engenheiro musical, revezou com Rudson ao violão, trazendo-nos músicas dos anos de 1960 (vozes também de Sílvia e Maris Stela). Falei, em dois blocos, pouco mais de trinta poemas, desde lampejos de autobiografia, divagando em textos telúricos e de amor a dois para concluir com o tom tropical da poesia erótica. Entre um poema e outro, alguma história para mesclar o ar e os sons (Rudson, impecável, fazia fundo musical).

Ah, nem tanto “egotrip”! Mas isso, leitores, é inevitável: a emoção foi densa, forte, marcante. A madrugada emendou-se à noite que se estendeu do dia e pouco tempo nos deu de sono até o churrasco na cobertura da Helena Coutinho, em Botafogo, tendo por paisagens o Cristo Redentor de um lado e o Pão de Açúcar do outro (Luzia e Helena: suas fotos ficaram excelentes!). Pena que os três que, comigo, fecham o grupo “os quatro cavalheiros do após calipso” não compareceram: Fernando (que se deslocou de Roraima para estar com a gente), Bambino (esse viajou pouco: de Belo Horizonte ao Rio) e o já citado Miguel, que teve o domingo ocupado. Um domingo fechado na noite carioca sob o pipocar de fogos de artifício. “Luiz, você merece essa homenagem”, gritou para mim a anfitriã Helena. Puxa... Depois dessa, reservo-me, sim, o direito de ser cabotino.
Não era tudo: houve ainda, na segunda-feira, o pacto com alguns colegas: a visita ao vetusto edifício número 80 da Rua Marechal Floriano: a sede do externato do Colégio Pedro II, com sua arquitetura solene e soberana, suas salas de aulas históricas, com nomes e esfinges de antigos catedráticos e muitos, muitos quadros com fotos e nomes de formandos. O mais antigo que vi era dos bacharelandos de 1905. Isso mesmo: há 101 anos!


Nós: Miguel, Stela e Sílvia, mais eu e um saudoso colega de ginásio: Paulo Roberto Tostes, percorremos aqueles velhos corredores e salas guiados por um antigo funcionário − o Núbio, cujo pai foi também funcionário do Colégio. Fizemos setenta e cinco fotos e tivemos também o carinho de alguns alunos, especialmente de Amanda Félix, do primeiro ano do ensino médio.

O espaço se acaba, mas esta história não. Tenho plena consciência de que foi este o melhor final de semana dentre todos os que já vivi, nestas vésperas dos meus sessenta e um anos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Poeta, depois de ler e ouvir tantas asneiras, bobagens, grosserias, violências e safadezas, é muito bom ler e saber que alguém...Em algum lugar...Junto com pessoa amigas, pode participar de eventos e momentos felizes!!!
É muito bom, gostoso e realaxante ler o que você disse:"O espaço se acaba, mas esta história não. Tenho plena consciência de que foi este o melhor final de semana dentre todos os que já vivi, nestas vésperas dos meus sessenta e um anos"
Parabéns Luiz, e tomara que tenhas...Outros e muitos outros... Bons e felizes finais de semana em sua vida!

Beijo.

Lêida Gomes

Anônimo disse...

Luiz, depois de ler, ver e ouvir tantas bobagens, asneiras, safadezas, violências, mentiras, grosserias, promessas hipócritas, é sempre gostoso e bom saber que:
Alguma pessoa...Em algum lugar...Junto de pessoa amadas e queridas...Em algum acontecimento ou evento, possa afirmar assim:
"O espaço se acaba, mas esta história não. Tenho plena consciência de que foi este o melhor final de semana dentre todos os que já vivi, nestas vésperas dos meus sessenta e um anos."

Parabéns Luiz, foi gostoso e relaxante, ler: "Poesia,fogos e saudade".
E tomara Deus que você tenha outros...E muitos outros, bons e felizes finais de semana ao longo de sua vida!!!

Beijo.

Lêida Gomes