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domingo, fevereiro 02, 2014

José J. Veiga, Ano 100

José J. Veiga,  por Almir

José J. Veiga, Ano 100



O dia, há 99 anos, transcorria como sempre numa humilde casa no meio rural entre Pirenópolis e Corumbá de Goiás, a rotina quebrada apenas porque um choro novo tomou conta do espaço. Nascia José, filho de Luís Pereira Veiga e Maria Marciana Jacinto Veiga. No registro civil, o nome é simplesmente José Veiga.

Foi o escritor João Guimarães Rosa quem calculou e sugeriu ao contista, que estreava naquele 1959 com o livro “Os Cavalinhos de Platiplanto”, adotar um nome literário mais apropriado. É que Guimarães Rosa, festejado autor de obras marcantes na literatura brasileira, era apreciador de numerologia; analisando o nome do amigo goiano, concluiu que faltava algo; mas José respondeu-lhe que aquele era seu nome todo: José Veiga.

O autor de “Grande Sertão: Veredas” pegou os nomes completos do pai e da mãe de José e pôs-se a calcular. Não aproveitou o Pereira do pai, nem o Jacinto da mãe – mas a letra J somava-se bem aos valores de j-o-s-e-v-e-i-g-a. E assim, literariamente, José passou a assinar tal como todos sabemos – José J. Veiga.

Em alguma de nossas conversas, ele destacou que suas obras deviam sempre ter títulos com quatro letras; e exemplificou com “A máquina extraviada”, que não se revelou na primeira edição, mas ao ter o nome acrescido – “A estranha máquina extraviada” – caiu bem no gosto dos leitores.

José J. Veiga não gostava quando alguém dizia “José Jacinto Veiga”; e há algum site na Internet que o dá como José Jacinto Pereira da Veiga, informações essas improcedentes. Também não gostava que abreviassem seu nome para J. J. Veiga – e estava certo: se o nome José J. Veiga obedecia a uma equivalência numeral, que se mantenha assim...

Bem: hoje, domingo, 2 de fevereiro (claro que escrevo de véspera e esse “hoje” é virtual, pois!), é o aniversário de 99 anos do meu saudoso amigo e referencial como escritor e ser humano. Recordo meu bisavô Donato Ríspoli, que contava sempre “a casa do ano” que transcorria, e não os anos completos; por essa medida, José estaria contando, a partir do dia 3, seus 100 anos (que se completam, obviamente, em 2015).


Veiga morreu aos 84 anos, justo no dia do aniversário de minha mãe, 19 de setembro, em 1999. Coincidência sim; mas há uma outra: no dia em que José completou 20 anos nasceu minha tia Miriam, irmã caçula de minha mãe. Por isso, este é um domingo de dupla festa para mim, festa que faço no meu íntimo porque a tia querida está lá no Rio de Janeiro e eu aqui, limitado a afazeres e condições que impedem-me de comemorar com ela...

Eli Brasiliense (18/4/1915)
Bernardo Élis (15/11/1915)
Carmo Bernardes (2/12/1915)



Ao comemorar o primeiro dos quatro grandes escritores goianos de 1915, anuncio, um ano antes, o ano próximo como aquele que as entidades literárias e toda a rede escolar de Goiás deverá marcar em seus programas de modo feliz e grave: José J. Veiga (2 de fevereiro), Eli Brasiliense (18 de abril), Bernardo Elis (15 de novembro) e Carmo Bernardes (2 de dezembro) completam seu centenário.

E a festa é nossa!

* * *



2 comentários:

guidoheleno.wordpress.com disse...

Amigo Aquino:
Bom saber da faceta de numerólogo do Guimarães Rosa. Antes de ler sua crônica, postei a minha, coincidentemente, falando de jogos da imaginação, no meu caso, do tarot.
Meu pai, Antônio Demerval Dutra, é de 20/05!1915. Só que continua vivo e o passatempo preferido dele é ler.
Abrações

Mara Narciso disse...

Os três últimos estão vivos, decerto. Os imortais não devem nunca ser esquecidos. Boa crônica ao trazer fato curioso da biografia do escritor José J. Veiga. Bom saber.