Datas de março
Queiramos ou não,
organizamos nossa vida em razão do tempo. E valem os dois, como determinantes:
o tempo geográfico, esse que nos oferece sol e chuva, frio e calor, noite e
dia, ventos e calmaria; e o tempo da história, dividida em séculos, décadas,
anos, meses, semanas e dias. Em concepção macro, a história nos oferece também
as épocas a que chamamos “idades” – a Antiga, a Média, a Moderna e a
Contemporânea (por enquanto, assim chamadas).
Os anos eram longos, nos
nossos tempos de infância. E suponho que devem continuar assim para os miúdos,
as crianças que, em casa ou na escola, tomam consciência da classificação do
tempo em minutos, horas, dias e sábados e domingos... até que chegam as férias.
Natural: para uma pessoa com
dez anos de vida, um ano é 10% de seu tempo; para uma pessoa de 50 anos, um ano
é apenas a fatia de 2%. É curioso notar que os mais velhos têm paciência,
esperam e acham que tudo vem ao seu tempo; já as crianças e jovens têm uma
pressa inexplicável: tudo tem que acontecer já, agora, que não se adie nada!
Mas o empolgante mesmo são
as datas comemorativas. Dias que ganham registro nos calendários distribuídos
ou que anotamos nas agendas, marcando compromissos em torno desses festejos.
Março deste ano começou com
o Carnaval, miniférias nacionais no Brasil e existe a crença – ou a prática –
de que tudo, no país, só começa a acontecer após o Carnaval; e muita gente
deseja Feliz Ano-Novo na quarta-feira de Cinzas...
Então, tá! O ano já começou.
Estamos em 2014 ou já saltamos para 2015? E a ressaca de Carnaval indica que já
vivemos o clima proporcionado pelo Dia Internacional da Mulher, rememorando
que, na década de 1850, em Nova Iorque, mulheres operárias que reivindicavam melhorias nas condições
de trabalho foram trancadas num galpão e queimadas vivas!
No Carnaval deste ano, ou
seja, da semana passada, 300 garis do Rio de Janeiro foram demitidos
sumariamente porque fizeram um movimento de reivindicação, deixando de recolher
o lixo. Imagino que o prefeito do Rio de Janeiro deve ser a reencarnação do
sujeito que deu a ordem de incendiar o galpão onde estavam as operárias, há
mais de 150 anos.
Vivas e loas às mulheres!
Hei de louvá-las enquanto viver, e hei de recomendar sempre que sejam louvadas.
Como também louvarei a Poesia e o poetariado (obrigado, Brasigóis Felício!) no
dia 14 de março de todos os anos – aniversário de Castro Alves e Dia Nacional
da Poesia, com muita justiça! E ainda o dia 21 de março, que é o início da
Primavera no hemisfério norte e, por isso, Dia Internacional da Poesia.
A relação é muito
estreita... A mulher e a Poesia, aqui e alhures! Feito a flor, é ela, a fêmea
do bicho sapiens, a responsável pela continuidade; é quem produz, fermenta e
amadurece o óvulo que, concebido, vira ovo e feto, e vira gente. É ela, a
flor-poesia a que chamamos mãe, quem educa e orienta. E a nós, meros machos
reprodutores, cabe assistir por 40 semanas... E custear, para sempre felizes e
orgulhosos, a cria das fêmeas.
O que se perder, há de
sempre ser nossa culpa.
* * *
4 comentários:
muito bom Luiz!
Miscelânea de temas e abordagens, com as mulheres ao final. O ponto comum foi a contagem do tempo, desde a infância até as semanas de gravidez. Um bom fio condutor.
Oi, Lu querido,
boas as suas considerações sobre a mulher, a poesia, o tempo, e as injustiças sociais.
Gostei muito. Você está sempre em alerta com o mundo.
Beijos.
Maria Helena
Oi, Lu querido,
boas as suas considerações sobre a mulher, a poesia, o tempo, e as injustiças sociais.
Gostei muito. Você está sempre em alerta com o mundo.
Beijos.
Maria Helena
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