Que campanha, hem?
Acredito
que quem votou em Dilma Rousseff há quatro anos esperava uma espécie de doçura
feminina no poder máximo da Nação. Um amigo, que por força de seu trabalho
participou de reuniões com ela, definiu-a como truculenta. E ele próprio acredita
que, na intimidade, todo líder deve ser assim.
Quando
resolveu atuar no processo linguístico, exigindo que a chamassem de
“presidenta”, repetiu Collor de Mello, que quis pilotar um caça da FAB, passeou
de submarino e tentou reger uma orquestra – aí, a ficha começou a cair.
Acredito que o descrédito à primeira mulher no mais alto posto do país começou
com essa palavra.
Argumentaram
(até mesmo escritoras) que alguns dicionários registram o termo. Só se
esqueceram, essas coleguinhas, que existem dicionaristas apegados aos processos
da Língua e outros que entendem ser legítimo “dicionarizar” tudo o que se ouve
(foi assim que “gueroba” foi parar no dicionário como sinônimo de guariroba).
Portanto, ainda que constante do Aurélio e do Caldas Aulete, o termo continua
sendo indevido.
Agora,
é tempo de campanha. Quantos milhões rejeitam Dilma – e refiro-me aos que há
quatro anos (como eu) votaram nela – por conta de abusos como esses e respostas
indelicadas à imprensa? Dilma não cuidou de preservar seu eleitorado; penso até
que ela é recandidata por exigências partidárias: o outro nome do PT em
condições de definir este pleito é o presidente Lula (mas alguma coisa
ligeiramente misteriosa deixa-o de fora); fosse Lula o candidato, estaria com
índices superiores a 50% das intenções de voto.
Os
políticos, em seu quotidiano, acumulam feitos que os adversários e os críticos
(inclua-se a imprensa em suas várias linguagens) anotam. Informações a
jornalistas são prestação de contas ao público, mas há políticos que não pensam
assim; alguns jornalistas também não, e daí vem essa baboseira de se falar em
mídia direitista, imprensa golpista e outros eufemismos. O que os políticos não
levam em conta é que, quando são cercados por um grupo de repórteres, até se pode
vislumbrar alguém “da direita” ou algum “golpista” no grupo, mas ali estão sempre
profissionais éticos, os que sabem tratar a informação como notícia a ser
levada a todas as gamas ideológicas.
Marina
ascendeu na preferência popular por conta da morte de seu parceiro de chapa: virou
herdeira de uma tia solteirona que morava longe. A evidência serviu para que
ela cometesse disparates questionáveis pela mídia, pelos opositores e até
mesmo por alguém que parece ser seu guru, o pastor Malafaia, de tristes
referências: é comum aparecer em filmetos orientando “fiéis” a entregar seu
suado dinheiro à igreja, ou a vociferar contra o governo e incitando seguidores
ignorantes a opor-se a outras correntes da religião. Será ele a eminência parda
num provável governo de Marina! Sei não... acho que preferiria Zé Dirceu.
Como
campanha, esta é, aos meus olhos de 69 anos (estou feliz por chegar a uma nova
idade), a pior, a mais pobre de argumentos e contra-argumentos (e olhem que não
falei dos textos das campanhas locais, hem?). Fosse eu juiz, e juiz eleitoral,
eu cassaria a candidatura do sujeito que diz querer ser deputado federal “para
arrumar a minha vida, a dos meus amigos e familiares”; afinal, é um candidato
nítido a corrupto, isto é, comete tentativa de crime e, como tal, tem que ser
barrado. Não ponho o nome dele aqui porque aprendi com Carmo Bernardes que
gente assim não merece ter seu nome em letra de fôrma.
Enfim,
esperemos. Vamos ver o que nos reserva o dia 6 de outubro, que, ao raiar, há de
nos trazer a finalização dos votos, ou algo muito próximo disso.
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Um comentário:
Antes de qualquer comentário, esclareço que cheguei nesta página por um atalho em um e-mail com o título "NASA explica fenômeno de N.Srª de Guadalupe".
Não sei se o atalho está errado ou a página foi alterada.
Há que acredite que tudo o que está escrito é uma verdade, mas não penso desta forma, principalmente quando se trata de internet.
Parafraseando essa mesma internet, li que "Compreender as mudanças na fala e na escrita, ocorridas naturalmente ou por causa de leis, é sentir de perto o idioma em movimento",
Taí uma bela descrição para o termo "Lingua Viva.
Quem acredita que está acima desta realidade está mais morto que o Latim.
Comparar a "feminilização" da palavra presidente com pilotagem de caça, é como entender que pequi verde tem a ver com pneu de bicicleta.
Sobre o assunto, palavra "recandidata" está no dicionário?
Desde quando? Foi uma adequação do coloqual para o formal? É este o conceito de lingua viva?
Falando de política, alguma coisa somente é ligeiramente misteriosa na política para quem não entende nada de política.
Não sou religioso e acredito na Marina tanto quanto no Malafaia, mas jamais diria que prefiro um condenado.
E lembrem que o tal sujeito foi condenado no governo atual, por mais incrível que possa parecer.
Enfim, depois que o arruda desistiu da candidatura - não sei se chorou de novo em nome dos filhos, e botou suas mulheres para substituí-lo, só desiste do voto quem não tem consciência da importância dele.
Abraço a todos.
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