Pátria Educadora é isto?
Ah, Pátria Educadora! Sim, esta que sofreu, de imediato, corte de sete bilhões de reais no orçamento, essa cujas universidades federais tiveram de retardar em até um mês o reinício das aulas e passam por agruras indescritíveis. Pátria Educadora que paga mal aos profissionais da Educação, que delega a estados e municípios parte das responsabilidades gerais com a Educação, possibilitando desvios de verbas e que permite escolas rurais funcionando ainda em salas multisseriadas, em taperas de pau-a-pique, sem espaços decentes nem carteiras, sem merenda nem respeito à dignidade de professores e alunos!
Essa Pátria Educadora que organiza o caos na concessão do crédito educativo – o FIES – de modo a não atender a demanda de estudantes pobres, carentes do crédito que pague seus estudos em escolas particulares – e a Constituição determina à União que proporcione o ensino superior.
Uma Pátria Educadora que há duas décadas protela organizar o Ensino Médio, esse período de três anos entre o fundamental e o terceiro grau perdido por ensinamentos desnecessários à vida prática, estressando estudantes com o excesso de disciplinas, tudo com vistas apenas aos vestibulares (agora, o ENEM).
E a Pátria Educadora estimula as escolas de nível médio a castigar seus estudantes com até 12 horas diárias de aulas em sete dias letivos na semana, com mais de vinte disciplinas! Nesta Pátria Educadora, o professor de escola privada é admirado e paparicado, mas se se apresenta como da rede pública, é discriminado e tratado como um pária. Eu sequer devia abordar tal tema.
Toda a nação brasileira e incontáveis localidades estrangeiras acompanharam o tratamento dispensado por governantes aos mestres que tentavam obter melhores salários e condições de trabalho, e o resultado foi o espancamento de professores pela Guarda Metropolitana de Goiânia, que “justificou” a violência por que os mestres não agendaram audiência; e uma batalha sangrenta em Curitiba, com a PM ferindo mais de 200 professores.
Na Pátria Educadora o orçamento sofreu cortes em quase todas os repasses, com ênfase para as obras públicas, a Saúde e a Educação – mas a verba dos partidos políticos foi triplicada!
Como a Pátria Educadora convencerá as nações amigas de que somos uma Nação séria? Esses últimos dias de abril, com o sistemático espancamento e a descarga de bombas de gás de efeito moral, gás de pimenta e balas de borracha visando os professores da rede pública simbolizaram bem o trato que os três níveis de governo oferecem aos Educadores.
É que a ação começou com a administração municipal de Goiânia (PT) espancando professores, continuou com a batalha campal de Curitiba (PSDB) e completou o quadro oferecido pelo governo da União (PT) que, por lhe faltar assunto ou temer as críticas, não houve, pela primeira vez na História deste país, desde 1930, o Dia do Trabalho ocorreu sem o tradicional discurso do Presidente em cadeia de rádio e tevê.
Ela, dizem, preferiu postar três discursos nas redes sociais da Internet...
* * *
Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
5 comentários:
As mudanças em sentido contrário ao que está sendo feito são prementes. Onde iremos com tanta gente "sem educação"?
Oi, Lu, querido,
leio, reflito e bato palmas para suas crônicas. Gosto muito!
Essas últimas evidenciam os momentos revoltantes
quando o patrulhamento hostil, bandido tenta sucumbir,
acabar com nossos professores, com os seus ideais e necessidades. O governo,
caindo de podre, desgraça a nação e fere o corpo e a alma de seus cidadãos
mais ilustres: os educadores.
Luiz, meu querido, o Brasil está um horror. Os políticos estão acabando com o povo, com nossas riquezas, com a nossa honra! Quem vai acabar com o PT e sua corja?
Beijo.
Maria Helena
Gostei amigo. Você sabe o que diz!
Se você chegar a conhecer minha mãe, pergunte a ela o que eu dizia sobre o PT há cerca de 30 anos. Infelizmente, não me enganei. Em momento algum, eu acobertaria os imperdoáveis erros de outros governos. Contudo, reservo-me ao direito de cuspir nos hipócritas que se propuseram a combatê-los e nos livrar de todas as mazelas, mas que hoje, sem qualquer escrúpulo, condenam minha Pátria ao escárnio. Não temo por mim, mas pelos nossos descendentes, e sofro, embora consciente de que dei o meu melhor. Não merecíamos terminar assim, esmagados!
Luiz,
São duas feridas que permanecem abertas no entra-e-sai dos desgovernos que se alternam sem que haja um real interesse pela cura definitiva e tão desejada dessas duas chagas que minam nossa nação: Educação e Saúde. Sempre e cada vez
mais precárias.
Um povo doente, que fala mal, come mal, sofre horrores com a falta de assistência médica, descrente e sem forças é de mais utilidade para um governo de corruptores. Médico e professor são "personas non gratas" aos que comandam este navio avariado chamado Brasil. Eles vão mexer exatamente com o ser
Humano, seu nobre objeto de trabalho, e os depositários do objeto de cobiça dos desatinados donos do poder: o fruto do trabalho de todos - IMPOSTO! O revoltante dinheiro que voa dos nossos bolsos para os países orgulhosos em receber o produto de suas falcatruas. A indignação é sua, é minha e é de todos nós!
Ana Maria
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