A
vida em nova fase
Ao crepúsculo, em véspera de Lua Cheia, a casa branca ganha um tom suave de laranja. |
Depois de uma semana,
eis que consigo dormir até as 8 horas. Foi muito estranho... Desde os tenros
anos vivendo no turbilhão dos sons urbanos, eis que me vejo morador na paz do
campo, com o canto dos pássaros nas horas de Sol e o silêncio quase total na madrugada
(revivo o desejo das saudosas serenatas!). Nas primeiras noites, acordei entre
as 3 e as 4 horas, estranhando o silêncio. E os primeiros albores
despertavam-me de vez.
A casa, como tal (o
espaço físico), é-me, já, o recôndito (essa é antiga!) do lar, meu doce lar.
Ocupo-me de incontáveis pequeninos problemas, como uma torneira que não
funciona a contento, algo de irregular na boia da caixa d’água, a regulagem da
temperatura do chuveiro – coisinhas prosaicas de que não trata a nossa vã
cinegrafia.
Recordo momentos mil
dos últimos seis ou sete meses, desde os primeiros passos na burocracia do
financiamento até o girar das chaves nas portas, o fechar das vidraças, a
verificação das luzes... Empacotar livros e louças, utensílios mil de qualquer
família, o exercício físico que nos estressa e causa alegria, o desfrutar das
novas paisagens e o deslocamento constante ao centro urbano e as breves viagens
a Goiânia...
Muita gente atuou (e
atua) neste concerto de atividades e ações – a começar pela Taíssa, sobrinha
arquiteta, planejadora e conselheira, pelos amigos da Caixa Econômica (Alex
Siqueira em especial, mas sem me esquecer dos gerentes de negócios e tantos
outros de contato).
Viajo uns meses mais no
tempo, ou seja, a um passado maior, ainda que igualmente breve – o momento em
que conheci o engenheiro Jonathas Carvalho. Ele acolheu minha proposta, abraçou
a ideia e envolveu seu sócio Paulo Moura na causa – e, no caso, na casa – e
logo, logo vi uma equipe de trabalhadores em ação, demarcando, rasgando o chão,
ferindo-o em profundidade, fincando colunas de concreto e aço, aplicando
armações metálicas, finalizando a estrutura; depois, a vedação, o aterro, o
revestimento, as instalações... até o acabamento e os instantes a que me referi
linhas atrás.
Elevo meu pensamento em
ato de gratidão. Correu tudo bem, as coisas se deram a contento e pudemos nos
mudar, Mary Anne e eu. Lucas não pôde, fica em Goiânia em função da
universidade e do estágio, e a aventura da construção envolveu, de modo melhor,
também os filhos mais velhos – Élia Maria, Léo e Fernando. Ah! E ainda tive o
pequeno Gabriel, o segundo dos meus dois netos, como um dedicado fiscal de obra
(o primeiro, Luiz Henrique, ocupa-se por demais com o trabalho e os estudos).
Em suma, é isso – vida
nova em casa nova, muito o que fazer e solucionar, muito o que agradecer e
referendar. Hoje, se alguém se arrisca a essa interessante experiência, fale
comigo, pois tenho muitas dicas a dar. Especialmente no que se refere a indicar
e recomendar os profissionais que me atenderam e citei acima, entre outros
igualmente importantes e eficientes.
Deus lhes pague!
*
* *
Luiz de
Aquino é jornalista e escritor, membro da
Academia Goiana de Letras.
8 comentários:
Muito feliz por você, querido! Adoro a minha Cidade Maravilhosa, mas não sei se me acostumaria com a agitação, pois há doze anos estou na roça. Minhas preocupações são a escassez de recursos e a velhice que se aproxima rapidamente. Peço a Deus que me aponte uma solução, já que as quedas da minha mãe são constantes e, como você sabe, sou filha única. Curta o canto dos pássaros e admire a lua!
Muito bom o texto! Aproveite e curta bastante a casa nova! Bjos
Tive o prazer de conhecer seu novo lar e achei tudo lindo. Parabéns aos idealizadores e a todos que concluíram esse belo projeto. Que vcs sejam muito mais felizes nessa nova etapa de vida!!
Parabéns pela nova e mais adequada moradia a um poeta, jornalista e escritor. Eu também mudei para uma cidade praiana do RS. Não é rural, mas é interior. Morar no interior e deixar morar a tranquilidade interior.
Gostei do texto.
Abraços
Querido amigo essa casa com certeza tem alma de poeta. Bjs
Olá poeta, quanta alegria sinto em suas palavras, alegria maior de estar em seu cantinho, o lugar que passará momentos de paz, curtindo a chegada do outono da vida, ouvindo os pássaros e vendo o Sol se pôr, lembrando os bons instantes que a vida lhe proporcionou..seja feliz, aproveite!
Uma música de Arnaldo Antunes...
A Nossa Casa
Arnaldo Antunes
Na nossa casa amor-perfeito é mato
E o teto estrelado também tem luar
A nossa casa até parece um ninho
Vem um passarinho prá nos acordar
Na nossa casa passa um rio no meio
E o nosso leito pode ser o mar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
A nossa casa é de carne e osso
Não precisa esforço para namorar
A nossa casa não é sua nem minha
Não tem campainha pra nos visitar
A nossa casa tem varanda dentro
Tem um pé de vento para respirar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
Quase todos, quando se aposentam, querem viver no campo. Embora já se tenha aposentado há tempos, vejo que agora realiza o que é o sonho da maioria. Que a vida lhe sorria em sua nova casa.
Bom dia, Lu!
Nas crônicas "Educação, Ciência e Amor" e "Asfixia Financeira e tiro-no-pé" encontrei-o às voltas com assuntos que mostram e esclarecem situações vivenciadas por qualquer um de nós. O amor será sempre o maior quinhão da vida, e a economia/políticos, os que nos condicionam à insegurança, ao receio, medo, contas, e, de vez em quando, a um pouco de regozijo, pausa, e um provável consumo.
"Proseando com o poeta" traz você e a troca de lirismo com o poeta Salomão, na beleza de suas reflexões, de sua linguagem, também dele, mas especificamente suas. E que delícia os momentos de encantamento com a nova casa, "A Vida em nova fase", em relato doce, mas com os pés no chão, porque casa envolve dinheiro! Aqui você se mostra feliz e se reparte em gratidão.
Lu, um abraço e o desejo de vida abundante, no que ela tem de melhor.
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