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sábado, julho 18, 2015

Medicina, socorro e ética



O diretor-geral do HUGO, Dr. Ciro Ricardo:"Desde a chamada e até a alta, atender com compaixão e amor". 

Medicina, socorro e ética



Já se viu, pelo que se fez notícia e pelos resultados apresentados, o significado da gestão inteligente nas unidades de saúde do Estado, em Goiás. A experiência é vitoriosa desde que se consolidou no CRER - Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo, que vivencia a modalidade desde a sua criação. E chegou a outros hospitais no período anterior de governo, por iniciativa do secretário Antônio Faleiros e com a indispensável aquiescência e cobertura de Marconi Perillo.

A eficiência e a praticidade, vencendo os entraves da burocracia normal do serviço público, mostram que os resultados, tanto para os pacientes e familiares quanto para os gestores e o próprio governo, mostram-se favoráveis.

Um dos hospitais símbolos dessa eficácia é o Hospital de Urgências de Goiânia – o HUGO –, entregue, pela via legítima de licitação ao Instituto Gerir (organização social de saúde). A primeira e indiscutível demonstração se dá nos corredores do hospital, em qualquer dos pavimentos, onde não se vê mais a fila costumeira de macas e pacientes na dolorosa espera.

Em cerca de um ano, ampliaram-se os leitos de enfermaria e de UTI e muitos procedimentos fora da visão dos usuários e familiares aconteceram para ratificar a melhoria, com ações ampliadas em número e especialidades para os estágios e residências médicas e multiprofissionais. Hoje, o HUGO é referência nacional. E a mola-mestra dessa progressão é a Divisão de Ensino e Pesquisa, dirigida pelo conceituado neurocirurgião Luiz Fernando Martins. E uma das primeiras metas estabelecidas foi a transformação do HUGO, de Hospital-Escola em hospital de Ensino.

Idealizador de tal providência, Luiz Fernando Martins destaca que nada mudará para os pacientes e profissionais da Casa, mas amplia-se o leque de oferta no âmbito acadêmico, o que resultará, sim, na melhoria dos procedimentos funcionais. O que se tem é que a ciência médica (e isso inclui não apenas médicos, mas todos os profissionais envolvidos no sistema de assistência – no caso das unidades de emergência, isso quer dizer desde o momento em que se atende a chamada de socorro até os procederes pós tratamento), cujos avanços nas últimas décadas são, indiscutivelmente, surpreendentes, terá no HUGO excelente campo de conhecimento e também de aprimoramento.

O Hospital de Urgências de Goiânia busca a condição de Hospital de Ensino
Uma unidade que agrega cerca de um mil e seiscentos profissionais de saúde, administrativos e de apoio, que oferece estágios e residências (médicas e multiprofissionais), que acolhe com competência e eficácia acidentados de diversas causas e variados níveis de gravidade, habilita-se a associar a pesquisa ao ensino e ao atendimento.

A par da eficiência profissional, um item tem realce nas atitudes dos profissionais do HUGO – a ética. E este é um fator da mais elevada ocupação da Divisão de Ensino e Pesquisa. Não bastam a técnica e a índole soberana de bons profissionais – a conduta ante o paciente e seus familiares, bem como aos colegas de profissão e parceiros de atividades auxiliares, reveste-se da grandeza humana que “faz a diferença”.

Nesse propósito, na terça-feira, dia 14 de julho, o diretor-geral do HUGO, Dr. Ciro Ricardo de Castro, proferiu palestra no auditório da Divisão de Ensino e Pesquisa sob o tema “A ética no atendimento de urgências”. Em sua fala, embasada no conhecimento médico-acadêmico e na experiência de quase meio século de exercício médico, Ciro Ricardo recorreu a essa mesma experiência, contou histórias de vida, destacou referências médicas e da literatura universal.

Começou por valorizar cada pessoa das equipes de socorro, cada momento desde o atendimento até o socorro e transporte, o acolhimento, o tratamento e as relações interpessoais, tanto nas equipes quando nos contatos com paciente e parentes e amigos. E simplifica: “Cabe-nos valorizar o que cada um tem de bom e ajudar no que cada um tem de ruim”, isto é, participar do crescimento dos companheiros e aprender com eles. E “uma equipe se forma com o multiprofissional mas sobretudo com o inter profissional”. E adverte: “Quem não erra ou pensa que não erra, está num mau começo”.

Mas o ponto alto foi quando listou imprudência, negligência e imperícia como os três itens que podem comprometer seriamente o atendimento e que violam frontalmente a ética. E, ao finalizar, ressaltou: “Não somos nada sozinhos. Temos sempre de respeitar todos os profissionais, com amor e compaixão”.

Em tempo: amor e compaixão foi expressão citada com ênfase e segurança pelo médico ao referir-se a cada contato, seja no âmbito da equipe, no tratamento e nos colóquios com familiares e acompanhantes.

Foi, enfim, uma aula de amor e compaixão.


* * *



Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

7 comentários:

Mara Narciso, médica e jornalista. disse...

Luiz,

A sabedoria depende da experiência, mas não precisamos experimentar tudo para aprender. Gostei da sua veia jornalística reaflorada com intensidade. É preciso ver que há bons profissionais e boas condutas. A generalização é injusta e leviana. Há muitos que agem com "amor e compaixão". Depois de me formar em Jornalismo, o que me aconteceu exatamente há cinco anos, melhorei muito no item comunicação.

Muito obrigada por compartilhar.
Ótima noite!
Abraço, Mara

Sueli Soares, professora e advogada. disse...

Gostaria muito de conversar sobre as modalidades da culpa (negligência, imprudência ou imperícia), mas infelizmente, vai longe o tempo em que ficávamos horas a fio nos bate-papos proveitosos e me sentia à vontade para comentar cada parágrafo das suas crônicas. Hoje, entretanto, limito-me a dizer que médicos falando de amor e compaixão (conheço alguns que o fazem sempre) reacendem minha fé, embora meio tímida.

Marilene Dantas disse...

Quando a medicina materialista entrar em comunhão com a necessidade social e perene de cada paciente isolado pelas causas da enfermidade, teremos então uma cura mais rápida, e concisa com as necessidades que o enfermo precisa receber por parte de um profissional da medicina.Alguns médicos preocupados com a proliferação da doença tratam das feridas da alma antes do receituário, outros apenas ditam o receituário.É a grande diferença entre humanitarismo e o materialismos.Um dia quem sabe os enfermos, os hospitais, e os consultórios médicos poderão entrar em comunhão.Muito bom a sua linha de conduta em referencia a este tema. Beijo no coração
Marilene Dantas

Marilene Dantas disse...

Quando a medicina materialista entrar em comunhão com a necessidade social e perene de cada paciente isolado pelas causas da enfermidade, teremos então uma cura mais rápida, e concisa com as necessidades que o enfermo precisa receber por parte de um profissional da medicina.Alguns médicos preocupados com a proliferação da doença tratam das feridas da alma antes do receituário, outros apenas ditam o receituário.É a grande diferença entre humanitarismo e o materialismos.Um dia quem sabe os enfermos, os hospitais, e os consultórios médicos poderão entrar em comunhão.Muito bom a sua linha de conduta em referencia a este tema. Beijo no coração
Marilene Dantas

AMOR E LUZ disse...

Passando para visitar e amei seu blog seguindo parabéns
http://amoreluz10.blogspot.com.br/

Ana Maria Taveira Miguel disse...

O que você descreve em seu excelente artigo, mostra as condições ideais para a assistência médica de qualidade, observada por seu agudo olhar de jornalista/ articulista atento. Peço permissão para mudar um pouquinho seu título: Medicina é socorro e ética.
O médico cercado de ambiente seguro e correto, em condições de oferecer um socorro rápido, otimizado por aparelhagem
moderna laboratoriais e de imagem, sente-se mais gratificado, juntamente com todos a sua volta, em oferecer todo seu conhecimento na luta diária e contínua contra a enfermidade que acompanha a aflição do doente e familiares.
Trouxe alentadoras notícias sobre o atendimento atual do Hugo, cujo atendimento é rigorosamente realizado dentro deste lema que ouso dividir com o amigo: Medicina é socorro e ética!
Como sempre você prestou mais um serviço comunitário: no meio de tantas notícias inquietantes, você traz um refrigério para as tensões que nos afligem diariamente!

Jacqueline Santana disse...

Parabéns aos nossos amigos queridos e profissionais dedicados Luiz Fernando e Ciro, incansáveis na luta pela Saúde de nosso povo... mas que pena que o sistema de Urgência e Emergência o qual o HUGO faz parte está mergulhado em um caos.... o HUGO é uma maquiagem para a Saúde deste estado e para o SUS onde o cerne está podre.... infelizmente.