Luiz Antônio e o pai, Totozão , em foto de agosto de 2015. |
Tanto
em tão pouco tempo...
Semana agitada...
na antevéspera, 27 de fevereiro, faleceu meu tio Antônio Gomes Godinho. Em
Pirenópolis, onde os nomes próprios valem pouco, ele era, simplificadamente, o
Totozão, figura enorme e marcante não só pelo físico, mas pela doçura no trato
com as pessoas, sem limites sociais, financeiros ou de aparência.
Uma triste
coincidência: num mesmo 27, há exatos três meses (novembro, pois) faleceu meu
primo Luiz Antônio – filho primogênito da tia Rute e de Totó, ou Totozão. Luiz
Antônio, na maturidade recém-inaugurada (62 anos), foi-me companheiro de tantas
décadas, entre canções e luares – e as indefectíveis serenatas da marcante Meia
Ponte, Pirenópolis. Herdamos, ambos, a essência do nosso avô, Luiz de Aquino
Alves, o mais expressivo dos seresteiros pirenopolinos – foram 71 anos, dos 7
aos 78, executando vários instrumentos, de corda e de sopro, no nobre ofício de
encantar enamorados.
E os dias
acontecem! Vieram notícias conturbadas da política – as que se tornam
costumeiras, como as gafes presidenciais e as revelações inesperadas de
correligionários nada confiáveis – ou decepcionados com seus líderes – a
medidas assustadoras de magistrados imbuídos de autoridade e coragem – já não
nos surpreende mais o informe de que algum poderoso foi conduzido à Papuda,
etc.
No plano pessoal,
muitas novidades também.
Coisas de casa ou
família, como eventos paralelos em encontros de aniversários e outras razões de
alegria. Alguns ligam para contar de dengue (muito comum, isso), de zika (epa!
Isso é novo e o novo sempre assusta, ou dói, ou decepciona).
Até onde vai nossa
descrença com os líderes que aceitávamos há até bem pouco tempo?
Líderes têm tempo
de validade. Como o leite no saquinho ou na caixa, os confeitos das padarias,
os remédios que – dizem – controlados. O que muita gente não percebe é que
também a nossa paciência tem tempo de validade – como a deles. Mas esses acham
que a impaciência é um direito exclusivo deles lá. Coitados!
Desmandos de
auxiliares do governo, contestando e descumprindo decisões de elevados
magistrados. O clima de festa ao instalar-se importante nova unidade
policial... Ah! Na área policial, novidades drásticas – como a designação do
vice-governador, brilhante bacharel em ciências jurídicas, para a Segurança
Pública. E na primeira semana, a inauguração da sede de uma segunda (já havia
uma em Anápolis) Delegacia de Apoio ao Idoso. Estranha-me o seccionamento das
ações, pois se é preceito constitucional a “igualdade perante a lei”, fico por
entender uma Delegacia da Mulher e, agora, Delegacia do Idoso.
Quem me esclarece
é a jovem, bela e competente jornalista Flávia Lelis, gestora da Assessoria de
Comunicação Setorial na Secretaria da Cidadania. E, para simplificar numa só
frase o que conversamos, conto-lhes que adotei por nítida e clara a tradicional
frase: “Na prática, a teoria é outra!”, pois no trato com a mulher e também com
os velhinhos (confesso: estou com 70 anos, mas ainda não me senti velho), não é
qualquer delegacia de política que se reveste das condições necessárias.
Finalizo nesta
tarde de sábado, feliz e contente, no convívio de familiares vários, para total
alegria! E que as notícias de família sejam mais constantes que as dos
desmandos nas esferas políticas e econômicas.
*****
Luiz de
Aquino é escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
4 comentários:
Boa noite, poeta! Acabei de ler sua crônica e mais uma vez deparo-me com seus voos, dignos de causar inveja a quem cruza os céus noturnos da alma. No flashback que a leitura sugere, fui às delegacias de polícia política, onde precisávamos fazer declarações para assumir cargos públicos, provando idoneidade. Despertei voando entre Vassouras e Volta Redonda, no festivo último fim de semana, desfrutando da alegria entre amigos e familiares, também. Turbulências políticas à parte, pousamos tranquilamente, esperançosos de céus mais azuis. Tenha excelente semana!
Desamparo na Política e, contraditoriamente amparo na política de proteção ao idoso. Quanto mais adiantado o país, quanto mais civilizado, mais protegidos serão os fracos, as crianças, os deficientes, os idosos. Quando tudo isso se tornar natural, não serão necessárias as segmentações de delegacias. Com a separação, presume-se que numa delegacia qualquer o cidadão não será devidamente considerado como tal. E já chegando o Dia Internacional da Mulher.
Querido Aquino, me delicio em seus vôos rasantes e também estratosféricos,delineando o cotidiano com emoções domésticas(familiares), passando para as manchetes agressivas da mídia que colidem com os direitos (supostamente existentes) e aos que temos que deglutir pelo prazo de validade de nossa paciência, em estado total de compreensão e exaustão. A capacidade ofertada de abastecermos de sabedoria o exercício diário na dança das emoções. Parabéns poeta , que bom que está por aqui.
Você é brilhante!
Não se faz uma frase, a frase nasce.
(Clarice L)
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