Pensei em usar latim no título destas linhas, mas não me atrevo. Tentei me exibir ante o poeta Gilberto Mendonça Teles e errei a escrita... Que mico, siô! E o pior é que o portentoso professor sequer me ensinou o modo certo de escrever o que tentei... Ah, vou lhe cobrar essa! Só espero que ele não me cobre (em pecúnia, claro). Mas a frase latina que pensei em usar no título é “Oh tempora, oh moris”. Será que agora eu estaria certo? Sei não... Com isso, acumulo duas para pesquisar. A outra: “Quid abundat non nocet”.
Tudo isso para fazer um comentário besta: a mudança de hábitos através dos tempos. Na última terça-feira, fui ao Sesc da Rua 19, no Centro, para o lançamento de Todas as Fábulas, o quarto livro de poemas de Sônia Maria Santos. Uma festa à altura da autora, poetisa de texto límpido e enxuto. Estranhamente, não vi por lá aquele costumeiro batalhão de escritores em apoio à colega. Soube que estavam, quase todos, numa festa palaciana.
Eis aí uma nítida evidência dos tempos. Era comum, nos meses finais dos governos, os eventos ligados à equipe político-administrativa caírem no vazio. Mas, agora, vivemos o tempo de reeleição e isso acena com a possibilidade de o contrato de aluguel da Casa Verde de Goiás ser prorrogado por mais quatro anos. Sendo assim, e com os olhos no futuro...
Mas a casa estava cheia! Gente do mundo dos negócios, amigos de família e colegas que vêem no orgulhoso marido da escritora um líder consagrado: José Evaristo escreve com tinta forte seu nome na história comercial de Goiás. Abraço pessoas que não via há meses ou anos, cochicho com o escritor Miguel Jorge, troco beijinhos com a professora Moema de Castro e Silva Olival, rio com o poeta Gabriel Nascente. Ah, e me delicio no papo com Maria Eugênia, dignamente escudada pelo seu bem, o maestro Luiz Shcafin. Outro maestro, José Eduardo Morais, sempre bom de prosa e de música, curte mais uma bela interpretação de Saudade Brejeira, parceria sua com Nasr Chaul que, ao lado de Noites Goianas, vem a ser também um hino popular da gente de Goiás.
Brejeira também é característica da poesia de Sônia. Ela consegue, como também já fez Cora Coralina e ainda faz Adélia Prado, poetizar sobre coisas e fatos do mais aconchegante quotidiano, o ambiente de casa, como esse Invento ritos: “A beleza do rosto, / se flutua calma, / vai para a alma / pelo padecimento. / Não sei se creio. / Mas invento ritos: / desembaço vidros / espelhos / vejo-me / na luz de cada dia / e seu desenho”.
Sônia viaja desde a toalha de mesa até o copo de cicuta que nos leva a Sócrates; visita Borges, o poeta cego, e nos ensina a aprender com a vida. Recebe-nos com um sorriso, é carinhosa e generosa no autógrafo, consegue trazer para uma noite de coral e poesia centenas de admiradores de seus feitos. E, com isso, faz mais feliz a noite da gente.
Leio seu livro com quem viaja de jipe, fazendo paradas longas e percorrendo o trecho com velocidade baixa. Junto versos vários, faço nuvens de estrofes e me recolho outra vez. Vou ao Rio de Janeiro, rever amigos de décadas e passado feliz menino. Quando esta crônica chegar ao leitor, estarei, certamente, feliz por ter vivido um sarau lá no Grajaú.
Sendo assim... Depois eu conto mais.
2 comentários:
Olá...
Primeiramente o clichê "sou uma grande fã sua", sou mesmo...com 16 anos perderia até minha vida para antes te conhecer!rs...
Consegui um e-mail seu, te mandei umas mensagens mas vc nao respondeu...será que mandei pro lugar errado?Por favor, se puder então me passe-o!
Gosto muito de seu trabalho
Grande beijo
Úrsula, realmente não recebi seu e-mail, e suponho que você o tenha enviado para algum endereço que não esteja mais em uso. Escreva-me para poetaluizdeaquino@gmail.com .
Muito obrigado.
Luiz de Aquino
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