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Sempre achei que a Primavera, além das flores e do astral elevado que nos causa, tem algo mais de mágico: é a estação de esperar pelo Natal. Os menos avisados preferem dizer que é a ante-sala do Verão. E a gente dos trópicos (em Goiânia, estamos a 17° de Latitude Sul) fica imaginando as características das estações nas ditas Zonas Temperadas... No Brasil (digo isso para quem foi péssimo em Geografia), a Zona Temperada pega boa parte do Estado de São Paulo e mais todo o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Mas as estações do ano estão em reforma: o efeito estufa, o aquecimento global e ainda El Nino (aquele fenômeno do aquecimento das águas do Oceano Pacífico) estão bagunçando os cenários que se transformam conforme a época do ano. Bom mesmo seria presenciar as quatro estações de acordo com os conceitos dos velhos livros de Geografia... Neve no Inverno; flores e pássaros na Primavera; sol e belezas humanas no Verão; árvores desfolhadas e vento no Outono.
Enquanto isso não me acontece (e só acontecerá se eu viajar), vou curtindo as notícias na tevê. Soube ontem que não neva estes dias em Nova Iorque, EUA; mas, no Colorado, lá do lado Oeste, a neve atingiu seis metros. Poxa! Dois andares, siô! Sei que os conflitos continuam matando na Palestina, que os norte-americanos e seus aliados estão perdidos por conta da guerra no Iraque, que um cientista paranaense conseguiu produzir mudas de Araucária em laboratório e os vôos continuam atrasados, em todo o Brasil.
Ah, por falar no apagão aéreo: a imprensa precisa mostrar, com riqueza de detalhes, o abuso de preços nos bares dos aeroportos. Um copinho d’água custa, em média, R$ 1,50; um pão de queixo, de R$ 0,50 na padaria, atinge até R$ 2,10 nos aeroportos. E ninguém reclama! Vi que cancelar vôos, nesta época, não é “privilégio” nacional, não... Na banda nobre do Planeta, o Hemisfério Norte, o “fenômeno” anda acontecendo, também.
Muito bem, não viajarei mais, este ano; e espero viajar somente quando os aviões estiverem mais comportados, com as bênçãos dos controladores de vôo, das companhias aéreas e da meteorologia. Enquanto isso, espero a chuva passar e escrevo. E deixo-me voar sem controle nem razão social, explorando meu tempo passado e revendo estações outras: as do ano e as do trem da juventude, uniforme e colégio, tesão e silêncio. E o tempo, que me permite ir ao passado (mas não me revela o futuro), conta-me que as peles macias de ontem são, hoje, sulcos de rugas e lembranças, também.
Vou ao espelho, noto minhas marcas de tempo; confiro com alguma foto antiga, do tempo de imberbe: os tempos, tanto o geográfico quanto o histórico, são inexoráveis. Jamais os vencemos. Tudo o que tenho a fazer só vale se fizer agora. Não há como adiar nem fazer por ontem.
Assim, fica-me o sabor do beijo ao calor das termas, Caldas Novas; o chiado dos nossos pés na areia, praia e Rio; e inocência ginasiana do passeio de mãos dadas pela Quinta da Boa Vista, a vista bonita dos sobradões de Marechal Hermes, o primeiro beijo na boca (antes: olhos e nariz).
Viajar passado não sugere atraso, nem desconforto. Viajar futuro é sonhar. E se for para sonhar, sonharei vermelho e verde e branco, com sinos de lembrar bonança, bondade, festa de caminhar aos céus.
Natal de lembranças e novas esperanças. Sonhar, sim, mas sonhar Jesus.
Assim seja!
7 comentários:
Um espetáculo essa crônica, uma viagem diferente e boa.
Um Feliz Natal, Luiz.
Lu Colossi
Fim de ano é tempo de "balanço" e o seu saldo, certamente, está positivo!
beijos,
Maial
Querido Luiz
Um oportuno momento de reflexão, avaliação e a retrospectiva de uma trajetória de vida.
Um baú de lembranças é revirado, trazendo saudade e perspectivas de um amanhã imprevisível, amenizado pela esperança e a
fé num futuro de sonhos bons.
Sua criatividade não se esgota.Que bom!
Bonita crônica, poeta!
Um beijo.
Natal a vista, 2007 chegando.
Essas datas nos conduz a momentos de introspecção, reflexão e viagens
ao passado.Viagens boas e ruins. É
na verdade o momento para fazermos
um balanço de nossas vidas para apro
veitarmos o que foi bom, corrigir ou
esquecer o que não foi tão bom, e recarregarmos de esperanças,sonhos
e fé em dias melhores, com amor verdadeiro e fraterno em busca da
paz.
Sua crônica é belíssima, sua capacidade criativa é inesgotável, e que bom que seja assim, pois,através dela fomos presenteadas
com uma maravilhosa viagem.Comecei a
minha aos cinco anos, em alguns momentos e lugares passei rápido, em outros demorei, até revivi alguns momentos como se fosse hoje,
agora.Ah, poeta, como é bom viajar
ao passado e reencontrar em pensamentos coisas, momentos e pessoas que lá deixamos.Algumas,
aínda carregamos, e carregaremos
eternamente.Hoje, num passado aínda
bem vivo e quente, paguei o maior mico da minha vida, foi por equívoco,mas paguei,rs,rs,rs,rs,rs!
Luiz,
parabéns!
FELIZ NATAL E UM ANO NOVO CHEIO DE COISAS BOAS PARA VOCÊ E TODA A SUA FAMÍLIA!
Beijos,
Lêida Gomes.
Dá pra dizer mto não... vc disse tudo! Li e viajei... belíssimo momento!
Beijos.
Oi, Luiz
Gosto demais das crônicas em que você mescla com inteligência a acidez das críticas aos tantos desmandos que vivemos no país com a poesia que podemos extrair tão docemente de cada momento que vivemos, de cada pedacinho de Brasil pelo qual passamos. Essa mistura que você faz tão bem faz a gente remexer as coisas boas que estão guardadas na memória e manter um olhar de crédito para o futuro. Que possamos celebrar muitos momentos bons e muitas crônicas bacanas como essa.
Feliz Natal pra ti e pra todos os teus.
Beijo grande,
Isabella
REcebi de Fátima Paraguassu (Goiânia):
Oi Luis, só agora estou lendo sua crônica no jornal. Como sempre linda! pena que, a casa esteja tão bagunçada, a gente nunca sabe qual visitante vai chegar, sabemos qual, mas perderam suas principais caracterísiticas.Mesclou verão, com primavera e assim por aí vai... o homem na ânsia de aperfeiçoar, está desmatelando tudo.
Estmos de perna pro ar!
As companhias aéreas estão vendendo gato por lebre, vendem demais e há aviões de menos.E os controladores de vôos? Quanto descontrole!
Onde vamos parar? bem, já estamos parados, cancelaram o vôo, só não podem quebrar nossas asas, nem apagar nossos sonhos; o resto...
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