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sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Marchinhas em Vila Boa de Goiás


Marchinhas em Vila Boa de Goiás

Luiz de Aquino

 

Em um tempo em que a indústria fonográfica (nome antigo que dávamos ao processo industrial da música em discos e outros recursos de gravação de sons) ainda não dominava todos os rincões, a nossa vetusta Cidade de Goiás, então ainda capital do Estado, cantava nos carnavais:

 "Veneno... Veneno! É o nome de você / Por quê? Ora, porque pequeno / é todo frasco de veneno". A marchinha (de João Ribeiro e Yaneru) marcou o

 tempo e virou história na vida das pessoas e da cidade. Penso que, alguns anos mais tarde, foi a vez de "(...) E o batom que você traz na boca tem estricnina", que ouvi dos lábios sonoros e maviosos de Eli Camargo... Acho que esta era uma marchinha de seu pai, o maestro Joaquim Edson Camargo. Corrijam-me, por favor!

Gostei de saber que, na antiga capital de Goiás, Patrimônio Cultural da Humanidade, a efervescência cultural aumenta ainda mais, com um belíssimo festival de marchinhas. Para ser mais exato, trata-se do Primeiro Concurso de Marchinhas Carnavalescas da Cidade de Goiás. Capitaneados pela Secretária Municipal de Cultura, Mara Públio,  o músico João Marcelo e o poeta Ademir Hamu coordenam o evento, que alistou dezenas de marchas inéditas.

Converso com Ademir Hamu e João Marcelo, ouço gravações e me contagio com o ritmo alegre e brejeiro, brasileiríssimo, das marchas carnavalescas (ou marchinhas; é tão nosso isso de acarinhar com o diminutivo as coisas de que gostamos!). Convidam-me para a finalíssima, na noite de sexta-feira, véspera de carnaval.

Infelizmente, o cronista contradiz o gênero e se faz anacrônico, escrevendo antes dos fatos. Mas nada se perde, porque os jornais e a mídia eletrônica certamente trarão até nós os resultados finais. Sei apenas, nestas horas de véspera, os nomes das finalistas, com seus autores. Vejam aqui, em ordem aleatória: A mais bela (de Carlos Alberto Mendes Bluesman); Carnaval é em Goiás (de Luci Espírito Santo B. Gomes); Jóia Rara (de Idelmar de Paiva Neto); Vamos pra Goiás (de Fernando Cupertino); e Sonho de Carnaval (de Orion Tadeu de Amorim.

Seja qual for o resultado, a vitória já se mostra. Não a vitória desse ou daquele compositor, de uma ou outra marchinha, mas a da realização. Vitória do trio de organizadores, dos inúmeros compositores e de toda a Cidade que, em quase trezentos anos, consolida-se, meritoriamente, como nosso berço cultural.

Imagino que um CD se fará, documentando a história. E aguardo o meu exemplar.

   

7 comentários:

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

Marchinhas em Vila Boa de Goiás
Luiz de Aquino

Somente um grande escritor para nos trazer uma matéria tão rica do folclore de Vila Boa de Goiás.
Resta-me me render a sua pessoa no que tem melhor na cultura por aqui, meus cumprimentos.
E fica meu convite para o senhor ler a minha:

F A N T A S I A << CLIQUE
http://efigeniacoutinhopoesias.blogspot.com/

Efigênia Coutinho

Mara Narciso disse...

Os incansáveis cultores da boa cultura me encantam. Mantém acesos o ímpeto criativo, o festejo da boa tradição. Tem tudo a ver com a história.E as ilustrações cairam feito luva nesse espaço.

Anônimo disse...

Lindas lembranças, meu amigo! Aqui nesta minha cidade, no entanto, nunca tivemos a tradição do Carnaval. Para falar a verdade, ontem houve o nosso Carnaval - ontem começou e ontem acabou. Foi o desfile do único bloco de sujos da cidade. Hoje todo o mundo de manda para a praia.
Abração,Urda

Anônimo disse...

Luiz, como acontece, duas crônicas oportuníssimas suas. A questão dos trotes nos calouros: isso é uma barbaridade, uma falta de vergonha, pôr o outro numa situação de morte. Quantos crimes estão cometendo em nome da recepção aos novos colegas! Trote deve acabar mesmo. Chega dessa besteira. E cadeia para os criminosos!!...
Marchinhas em Vila Boa de Goiás: quantas músicas bonitas, gostosas de cantar, com uma certa ingenuidade nas letras. Sou fã. E parabéns a vocês pelo concurso!
Abraços.
Maria Helena

Anônimo disse...

Aí vai minha pequena explosão da folia
Bjos
Maria Lindgren

Carnaval
“ Tanto riso, oh quanta alegria...”

Não posso. Tenho que falar de Carnaval. É meu sangue de brasileira amulatada que ainda fervilha. Herança dos ritmos da África, ainda que escravizada, mesclada, por que não dizer, à língua portuguesa abrasileirada, sem os fados melancólicos.
Falam mal, dizem que acabou, vivem a nostalgia do tempo do “aquilo, sim era Carnaval”, mas eu... eu não posso deixar passar em branco o que sinto nos ” três dias de folia e brincadeira” de minha terra, hoje transformados em quatro, cinco ou seis, sei lá eu.
É como se Deus soprasse a tristeza pra bem longe do Brasil e desse licença pro povo tornar a brincar como criança e como gente grande “ sem medo de ser feliz”. Acho, pois, muito bom que insistam, não desistam.
Esta cambada animada esquece das mazelas cotidianas, das lágrimas derramadas nas novelas, nos programas de auditório e nos noticiários da TV, dos graves males do mundo - agora mais macros ainda, com a ameaça da extinção do próprio planeta - enfim, do que significa coisa ruim. E cai na folia, com ou sem Rei Momo, com ou sem dinheiro, com ou sem companhia, com ou sem bebida...
Há os que simplesmente assistem, divertindo-se com o gozo alheio. Há os que brincam sozinhos, mesmo sem esperança de arranjar companhia. Há os que brincam em grupo de todas as idades, cores e sexos. Há os que brincam de fantasia improvisada – às vezes, só uma flor nos cabelos, uma coroa de princesa ou estranhas orelhinhas de um bicho qualquer. Há o que nem se fantasiam. Mas riem, cantam, pulam, brincam.
No Rio, o choque de ordem do prefeito vai tentando organizar o “inorganizável”: o xixi, que sai mais abundante e freqüente por causa da cerveja e do pula-pula e não tem mictório que dele dê conta; o lixo, que não tem jeito de diminuir em meio à multidão avassaladora dos blocos de rua, cada vez mais vigorosos numa cidade tão maltratada. Atarefados mini-prefeitos arrastam caixotes repletos de cocos a serem consumidos na praia, escarafuncham cada canto dos quiosques para retirar as caixas de isopor cheias de latas de cerveja. Fazem uma força danada pra no dia seguinte voltar tudo à vaca fria.
Duvido que reine a mais perfeita ordem britânica em terras de republicanos marotos! Sempre vai haver o jeitinho carioca de driblar, se não as pernas dos jogadores de antanho, as algemas da polícia.
Falar em polícia, li e vi que na Bahia fabricaram de emergência prisões gradeadas ambulantes para prender os malfeitores do meio dos blocos, empilhando-os qual cocos. Logo onde, Santo Deus, em Salvador, sinônimo tradicional matusalênico de farra carnavalesca, mesmo que fora do Carnaval.
Enquanto isso, São Paulo, a cidade que mais trabalha no país, prepara-se para um Carnaval menos delirante, mas sempre Carnaval. As moças vão aos brechós improvisarem fantasias originais e baratas; os artistas fabricam máscaras perfeitas para bonecos gigantes à imitação de Olinda; as Escolas se Samba, igual que as nossas do Rio, usam a força de sua criatividade para não ficarem atrás dos cariocas.
E Recife, ah, bela Recife do Capiberibe e do Beberibe, em junção miraculosa, exercita pernas e joelhos para não fazer fiasco no frevo, que não pode acabar. Isto sem falar em OH linda, a que merece o nome e a exclamação dos portugueses embasbacados, que anima as senhoras de idade bem avançada a subir e descer as ladeiras da alegria, enquanto Alceu Valença sacode a cabeleira e rege a festança do alto de seu palácio.
Mais não vi e mais não preciso ver. Basta para me deixar orgulhosa e oriçada
E o melhor de tudo, a notícia da convocação para o bloco das criancinhas num dos shoppings mais sofisticados do Leblon, o Rio Design, sábado ao meio-dia.
Preciso dizer mais?

Unknown disse...

Parabéns pelo blog, dentre outras coisas, amo poesia.
Bjobjo
Luxos e Luxos - moda, beleza, poesia e afins

Luciano Max disse...

Caro Amigo Luiz de Aquino, Primeira mente quero lhe parabenizar pelo excelente texto
que voce escreveu sobre minha Cidade, fiquei Cheio de Glória ao ler o mesmo,Parabens
e meus cumprimentos.
E fica meu convite para ir no meu humilde blog

www.diariovilaboense.com

tenho tentado Colocar Tudo de Belo que pessoas Como Você escreve sobre Minha amável cidade