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sexta-feira, outubro 01, 2010

Proibido para andantes e cadeirantes

Proibido para andantes e cadeirantes




Há anos venho pleiteando, nas linhas deste espaço de crônicas e artigos, providências da prefeitura de Goiânia sobre coisas triviais, fáceis de serem solucionadas. Uma delas diz respeito às calçadas do meu bairro e adjacências – o Setor Bela Vista, mais o Pedro Ludovico e o Alto Bueno, ou seja, estas proximidades da Avenida T-63.

É preciso rememorar: a Avenida T-63 é o resultado de uma emenda. As vias com esse prefixo literal T constituem o Setor Bueno, bairro resultante da paga, em terras, por Pedro Ludovico aos irmãos Coimbra Bueno; eles criaram a Vila Coimbra (que hoje dizem ser Setor porque, aqui em Goiânia, existe uma hierarquia patética: um bairro se chama “vila” enquanto não ganha asfalto; quando chega o benefício da pavimentação, tornar-se “setor” e até mesmo o Bairro Feliz, a Vila Nova e a Nova Vila, desde a administração do prefeito Índio Artiaga, passaram a se chamar Setor Bairro Feliz, Setor Vila Nova e Setor Nova Vila (morro de vergonha, confesso!). Mas...

Como eu dizia, a prefeitura, no finalzinha da década de 1980, entendeu de emendar ruas e avenidas e torná-las uma via só, com um só nome. Assim, a Avenida 5a. Radial (do setor Pedro Ludovico) emendou-se à Avenida T-63, que se emendou a uma outra (daí em diante, esqueci as nomenclaturas) do Jardim América (e Setor Nova Suíça) e ainda do Setor Sudoeste, aplicando-se-lhes o apelido único de Avenida T-63. Assim, o trecho que era 5a. Radial, da Avenida Circular até a esquina com a Alameda Leopoldo de Bulhões e que, por lei municipal, chamava-se Xavier da Silveira, anulou-se. Nem 5a. Radial, nem Xavier da Silveira (reverteu-se a homenagem, muito justa, ao médico e escritor... Ah, de que valem médicos e escritores? Só se tivessem ocupado cargos políticos, não é?).

Tem mais: para compactar as pistas duplas da nova avenida, a prefeitura não se envergonhou, sequer se enrubesceu: passou máquinas pelas ruas próximas, afundando a pista original em pelo menos 50 cm. Carros tiveram dificuldades para sair ou entrar em suas respectivas garagens, moradores fizeram contorcionismo para vencer o pequeno abismo etc.

O problema é que, ainda hoje, mais de vinte anos depois, as calçadas têm desníveis insuportáveis. Algumas têm inclinações impraticáveis, em frontal desacordo com os códigos municipais. Mas nenhum prefeito, desde então, se mexeu para corrigir o aleijume. Cada  imóvel agiu como bem entendeu, uns mantiveram a inclinação estúpida, que expulsa pedestres para o asfalto, outros rebaixaram... Uma zona! Daqui, deste meu espaço de prosa, já convidei todos os prefeitos (inclusive o autor da proeza, que retornou para mais um mandato) para um passeio a pé por estas calçadas, mas nenhum deles se dignou  (nem se digna) sequer a comentar minhas queixas.

Ah! É bom lembrar, também, que, para economizar asfalto, a pavimentação das ruas, feita pelo mesmo prefeito que as afundou, se deu de modo que as calçadas são largas e as pistas dos automóveis, estreitas. Com o aumento assustador da frota e a liberação desenfreada de alvarás para construção de centenas de edifícios de apartamentos, é fácil imaginar-se o caos em que vivemos nestes bairros da Serrinha e proximidades.

Como se não bastasse, existem por aqui, também, algumas agências de automóveis. O triste é que os caminhões-cegonhas agem como bem entendem e resolvem desembarcar suas cargas nas ruas secundárias próximas, todas elas já bastante congestionadas. Os “eficazes e bem preparados” guardas da AMT não os perturbam (estão ocupados demais em criar multas fictícias, sobre as quais teoriza-se a defesa que jamais é deferida). Imaginem um imenso caminhão desses, transportando cerca de vinte automóveis, fazendo o desembarque na,  por exemplo, Rua T-62, ao meio-dia e meia de uma quinta-feira!

Quero renovar meu convite: que o prefeito Paulo Garcia passeie por aqui, a pé; mas convide também os vereadores Iram Saraiva e Cidinha Siqueira, que são cadeirantes. E, de quebra, os líderes do prefeito, da situação e da oposição para decidirem se devem ou não agir no sentido de regularizar essa coisa!



* * *





Luiz de Aquino (poetaluizdeaquino@gmail.com) é membro da Academia Goiana de Letras. 



5 comentários:

Luiz de Aquino disse...

Caríssimo Kleber, lembro-me bem de quando você nasceu! Parece que foi ontem...
Bem, acho que não fui feliz nesse texto, se o fiz pensar que estou negativista. Sugestões? Sim, já as fiz, e muito, e muitas vezes. Suponho que esteja lendo meus escritos somente agora - e seu pai, certamente, há de dizer-lhe que não fui negativista nesta crônica.
Vamos por partes: para um goianiense nativo e da sua idade, é perfeitamente aceitável que entendamos setor como sinônimo de bairro, mas é uma situação bem regional, pode acreditar. Não a discrimino, acho-a pitoresca. E não entendo a motivação nossa (moro em Goiânia desde 1963) para hierarquizar as palavras vila, bairro e setor. Portanto, aqui não vai nada de político. Nem de adminsitrativo.
Não sabe quem era o prefeito no final dos anos de 1980? O professor Nion Albernaz, meu amigo. Ele herdou de outro prefeito (a quem igualmente admiro por grandes feitos, mas a ambos tenho tópicos de críticas, também), Indio Artiaga, o recurso de asfaltar uma faixa mais estreita do que a recomendável para o trânsito de automóveis.
Nesse particular, e com a nossa frota automobilística de grande porte, é urgente que se reduzam, até onde possível, a largura das calçadas, dando mais vazão aos veículos automotores. Disso, a municipalidade - Prefeitura e Câmara - sabem bem.
Quanto à situação da Avenida T-63 (eu não disse na crônica atual, mas já o fiz numa anterior), é a mesma da T-9, que emendou várias para viabilizar, em suas respectivas épocas, mais vazão para o trânsito. Isso, certamente, virá a ser feito novamente, em anos futuros.
O que eu critiquei, Kléber Filho (gosto de vê-lo dizer do orgulho que tem por seu nome e por seu pai) foi o fato de se ter removido grande volume de terra do leito das vias transversais, do que resultaram calçadas com graves inclinações. Refiro a ruas como as S-2, S-3, S-3, S-5 e S-6, bem como as T-36, T-37, T-38 e seguintes, impróprias par ao trânsito de pedestres, especialmente para portadores de deficiências motoras e visuais.
Muito obrigado pelo comentário! Foi (é) um excelente momento para nos aproximarmos. E é de comentários assim que todo autor de texto gosta. Vejo que é um cidadão ligado nas coisas da nossa cidade e ficarei muito feliz se acietar meu convite para um café (ou um chope, conforme a sua preferência).
L.deA.

Madalena Barranco disse...

Boa noite, Luiz querido.

Mas que confusão de ruas! Eu concordo com você quando diz que o prefeito deveria "passear" por essas ruas maltratadas...

Beijos,
Madalena

Mara Narciso disse...

De fato já li toda essa história em sua página e pela reprise vejo que não houve solução em nenhum nível, permanecendo o grave problema. A falta de planejamento somada ao desrespeito pelos eleitores obriga a todos a um contorcionismo e gasto de energia vergonhosos. Não conheço o local, mas esse tipo de obra errada costuma ser universal.

Bob Anthonijsz disse...

Meu caro Poeta,

Apos ler seu artigo vejo que não estou sozinho quanto ao vergonhoso estado de conservação das nossa calçadas.
Moro no Centro onde obviamente as ruas e suas calçadas são estreitas pois devem ter sido projetadas nos idos de 1930.
Entre os inumeros defeitos quero enfatizar alguns que considero aberrações:
1- Já notou quantos postes existem em cada esquina das ruas/avenidas do Centro? É poste de energia, poste para o semaforo, poste para lixeira (que ninguem usa) , poste com aquela plaquinha dizendo Rua tal (que quase sempre está dobrada ou virada), poste para orelhão.... Ufaaaaa vou para de enumerar !!! Agora vamos imaginar um cego (ou um quase) querendo driblar estes obstaculos ou um cadeirante (se é que existe esse heroi) querendo se desvilar deles para tentar chegar do outro lado da rua onde existe a mesma ´floresta´ de postes. Aposto que, pelo menos nós dois, temos a solução, e porque não dizer barata!!! Colocar tudo num poste só, ou talvez em dois e vender o resto como sucata.
2- Existem calçadas (se é que se pode chama-las assim) de menos de um metro de largura, porem mesmo assim é autorizada (deve ser pela Prefeitura) a instalação daqueles containers de lixo, armarios de telefones, orelhoes e outra s parafenálias que obstruem, impedem ou atrapalham as pessoas normais o direito de ir e vir. Imagine nossos deficientes !!!
3- Não sei se voce (posso chama-lo assim??) teve a oportunidade (ou o desprazer) de ver a reforma da calçada que esta sendo feita em torno do Colegio Lyceu de Goiania. Começaram há uns tres meses atras. Quebraram toda a calçada em torno do colegio (acho que é pra mostrar serviço).Poderiam ter deixado pro final da obra. Na frente do Lyceu, na rua 21, aumentaram a largura da calçada com a promessa de fazer lá um espaço cultural não sei de que.
Pois bem, a Rua 21 que naquele ponto antes já era complicado pois junta o trafego de varias outras, agora virou um verdadeiro caos.
Quase todo dia um caminão de bebidas abastece um bar bem em frente ao colegio. Conclusão: Se tem um carro estacionado na esquerda daquela via (logicamente espero que um dia a AMT irá proibir isso) ninguem passa mais ou tem dificuldade na empreitada.
Como a obra ainda não foi concluida e pelo ´andar da carruagem´ vai demorar talvez um ano ou mais, como ficam os pedestres??? Nem vou citar nossos deficientes.
Se o Prefeito Paulo Garcia, o Iran Saraiva e a Cidinha aceitarem seu convite de caminharem a pé ( D U V I D O !!!) pede para passarem tambem aqui no Centro.
Esta faltando planejamento e respeito com o cidadão.
Me desculpe se fui chato com meu desabafo ou eventuais erros de portugues.

Bob Anthonijsz
Centro

Vânia Ferro disse...

Olá Luiz de Aquino,
obrigada por estar enviando seus novos poemas,
ou o q vc elege como novo!
Estou sempre acompanhando em seu blog, ok?
E o parabenizo, gosto de tudo. Que poema lindo este das
moças de Caldas!!
Não participei da revirada cultural por estar viajando.
Cheguei a pouco de NY onde estava participando de uma mostra de artes.
Mas estou sempre ligada, principalmente agora este ano que aceitei ser a Presidente
da AGAV, Associação Goiana de Ates Visuais. Muito mais responsabilidades, né?
Parabenizo também pelo premio de cidadão goianiense!! Adorei!!
Isto é q tem q ser feito, movimentar a cultura, premiando os valores
estimula a cultura, adorei!! Temos q estar trablhando pr promover mais vezes
estes acontecimento, além, de trazer enriquecimento cultural estimula pra caramba.
Parabens, parabens!!
Abs
Vaniaferro