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sexta-feira, novembro 26, 2010

De flores e pichadores



De flores e pichadores




Tempo houve, no segundo governo municipal de Nion Albernaz, em que Goiânia se floriu inteira, petúnias e outras cores adornavam de amores e luzes luminosas as ruas e praças de toda a cidade!

Veio o governo petista de Darci Accorsi e mantiveram-se as flores e a beleza da cidade. Antes, na década de 1970, um cartaz afirmava que “Aqui, a Primavera tem 12 meses”. As flores da cidade murcharam-se apenas durante o retorno do PMDB, mas a proliferação dos parques e árvores compensou a mudança. Agora, com o prefeito Paulo Garcia, goianiense (há quantos anos não tínhamos um prefeito goianiense, hem?), as flores começam a reaparecer nos canteiros.

Também são muitas as praças a ganhar ornamento de jardinagem. Uma rótula na confluência da Avenida T-2 com a Avenida T-8 (essas vias merecem nomes reais, não acham?) ganhou um monturo de terra, muitos caminhões; surgiu ali uma colina e esperávamos algo surpreendente. Ficou apenas o monte nada discreto, embora pequeno, porque afronta o visual sem outros atrativos.

Em conversa com os colegas mais bem informados, soube que a praça ganhou o nome do Dr. Gilberto Jardim, neto de Veiga Valle, nosso maior santeiro. E o morrote que ali se formou seria ornamentado com esculturas de Fogaça em louvor à bossa-nova.

E então, contaram-me que as esculturas, em metal e solda, representando instrumentos musicais, foram rejeitados pelos descendentes do médico. Alegaram que ele nada tinha a ver com bossa-nova e que preferiam uma escultura de Maria Guilhermina (grande artista, também! Engrandece-nos). Uma visita ao então prefeito resultou na dispensa do trabalho de Fogaça, que acabou instado na minipraça da Avenida T-9 como a Avenida 85 (quanto número, meu Deus! Goiânia é uma tábua de logaritmos), sem qualquer explicação aos moradores e transeuntes do lugar.

Junto com “os violões”foram também instalados, ali, prismas com as placas em que 77 vultos da cidade impuseram suas mãos. O evento causou alguma estranheza... Não se via afinidade entre os instrumentos simbolizados e pessoas que não tivessem ligações com a música (agora, sabe-se a razão). E, a esse tempo, a indagação: mas aquilo é uma praça ou um simples canteiro no encontro das avenidas?

Enfim, lá estão as palmas com seus respectivos nomes e profissões, e também os “violões”. E, agora, com um triste adereço: a marca dos pichadores.

Pichadores, para mim, são marginais. Atuam na madrugada, em bandos (quadrilhas), costumam congregar filhos da Classe A com jovens sem berço, numa promiscuidade elogiável, se acontecesse em torno dos estudos, da arte ou da mera convivência harmoniosa. Só que a liga entre eles é a prática da agressão ao patrimônio, seja ele público ou privado.

Quando secretário da Segurança Pública, o senador Demóstenes Torres conseguiu limpar a cidade dos pichadores e das pichações. Por que seus sucessores não deram continuidade à repressão?


* * * 


Luiz de Aquino
Escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

2 comentários:

Mara Narciso disse...

Também sou favorável a nomes nos logradouros públicos, não necessariamente de pessoas. Acho interessantes nomes como Ladeira do Sol, Rua do Pequizeiro e outros assim. Também vejo pixadores como vândalos da pior espécie, pois são dissimulados, que atacam bens de todos, com instintos primitivos, para apenas destruir, sem nada ganhar. Como entender um gosto desse tipo?

Lili Moreira disse...

Olá Luiz,


Lili escreveu:

"já começo a pensar na desorganizaçaõ urbana e falta de planejamento de Goiânia, há uns dias participei de um sopão...fiquei horrorizada..quantas famílias morando nas ruas..oriundas do Pará, Maranhão, Tocantins...fiquei sensiblizada com pessoas honestas em busca de oportunidade de vida, misturada a bandidos, crack e tudo mais, nas ruas..o que será destas pessoas?o que será da nossa querida Goiânia??"