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Monteiro Lobato, o "pai" da Petrobrás e pioneiro da literatura infanto-juvenil brasileira: agora, dizem-no racista... |
Ideais sem causa ou falta de
leitura mesmo!
leitura mesmo!
“Meus amigos, estou me cansando de defender a
literatura, nomeadamente o Monteiro Lobato. Temo que a burrice vença os meus
argumentos, porque, a cada dia, ela está de avolumando, e as pessoas de bom
senso, sobretudo as que comandam instituições ligadas à literatura, como as
academias, estão se acovardando, sem nada fazerem para mostrar a esses asnos a
cangalha que estão querendo nos impingir. Afirmar
que Negrinha é racista é o mesmo que afirmar que dois e dois são cinco, é ser
inteiramente cego, analfabeto funcional, pois nada capta do texto que lê. Será
essa a matemática e a arte que ensinam a esses imbecis, hoje? Será essa a
lógica emanada dos programas de ensino do MEC? Os pedrabobos, que fazem um
cursinho valita em universidades de ponta de rua, que nada leem, precisam
estudar e descobrir que o mundo não começou ontem, com eles, para não dizerem e
nem proporem ações escabrosamente quadrupedantes como essa! Será que estamos
voltando à Idade Média, será que estão copiando esses exemplos de algum país
que pratica as leis do silêncio? Será que estamos perdendo a pátria que temos,
porque não mais a estamos tendo em decorrência do silêncio e do abandono à
ignorância? Dizei-me vós, Senhor Deus, se é mentira ou se é verdade tanto
horror perante os céus desses brasis!?”.
O texto acima é um bilhete circular do professor, poeta, crítico
literário e membro (ex-presidente por duas vezes) da Academia Goiana de Letras,
José Fernandes. Com argumentos irrefutáveis, ele produziu textos – inclusive
uma bela crônica, publicada no DM, demonstrando que não há racismo na obra de
Monteiro Lobato, mas os profetas da ignorância levam a discussão para o Supremo
Tribunal Federal, imaginem!
O Ministério da Educação já “orientou” as escolas a aceitarem
qualquer texto de aluno como certo desde que a comunicação tenha sido feita.
Ora, quer dizer que ortografia, regência e outros requisitos gramaticais
indispensáveis à boa escrita passam a ser requintes dos bem-dotados. Entenda-se
aqui como bem-dotados os que tiverem dinheiro, grana, para conviver em
ambientes selecionados, frequentar melhores escolas, obviamente particulares e
caras, ficando aptos a destacar-se da plebe ignara, a quem se destina o “ensino
facilitado” do português periférico, antes dominante nas feiras, nos cais
portuários, nos tanques coletivos e nas beiras de ribeirões onde lavadeiras
analfabetas praguejavam quando o sabão se perdia, rodando na corredeira...
Dia desses, num telejornal, ouvi uma repórter narrar: “A
produção, este ano, subiu quase mais que dois por cento”. Essa frase ficou
retumbando em meus desgastados ouvidos... Lembrei-me de um foca, bem vestido em
sua camiseta comercial e uma calça de brim mescla (entendam dins) cheia de
rasgos e furos que escreveu “aproximadamente 197 pessoas compareceram”. Esse
moço deve ter passado em algum concurso público e estará, a este tempo,
usufruindo de salário nababesco. Estudante de publicidade perguntou-me, por
escrito, se eu não teria um livro que “dasse informações” sobre as campanhas
institucionais das diretas-já (1984) e outras da época. Um jovem autor de outra
unidade federativa envia-me seu belo livro pelo correio, com um autógrafo
assim: “Ao amigo Aquino”, e assina – sem localidade nem data. O que fiz?
Recortei o belíssimo envelope com foto marcante de sua cidade, onde consta a
data carimbada sobre os selos e a imagem identifica a origem do mimo.
Ora, ora... já escrevi várias vezes que uma parte do meu
sobrenome não sou eu, ou não é eu; eu sou Luiz de Aquino, já que em minha família
e em muitas outras, parentes ou não, todas as pessoas se chamam Aquino. Além do
mais, não sou soldado, estes têm por tradição fazerem-se chamar pelo nome de
família, a que intitulam “nome de guerra”, ainda que em paz.
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Acadêmico José Fernandes, da AGL |
Recuso-me a assistir aos programas eleitoreiros; já desisti de
ver e ouvir jogos pela tevê; recuso-me a conversar com professores de Língua
Portuguesa que nunca leram livro algum, formaram-se sabe lá Deus como, e que
alegam a Linguística para justificar a aceitação tácita de erros graves pelos
alunos – são professores que nada ensinam, já que nada aprenderam. Mas adoro os
bons professores da Língua, alguns deles e delas estão entre os meus mais
queridos amigos, como José Fernandes, Leda Selma, Maria Helena Chein etc. e
tal. Nem vou citar os jovens mestres desse nobre ofício, boa parte deles já
autores de poesia, crítica, contos etc. A eles dedicarei, em breve, a homenagem
de que se fazem merecedores.
E também me recuso a ouvir os líderes de ocasião, gente carente
de legitimidade para tal, que, à falta de bom-senso para arcar com a verdadeira
luta pelas igualdades, buscam atuar sob a falseta da ideologia sem sustentação.
Desses deve ter vindo também a ideia de adaptar desinência como “ente”, em
presidente, colocando um terminal falsamente feminino, ignorando a língua como
ciência, impondo um “ideologismo” imbecil.
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