No decurso da semana, uma cerimônia que a seus principais pode ter sido trivial soou aos meus ouvidos como um passo histórico: a duplicação da rodovia Morrinhos – Caldas Novas. É um trajeto de 56 km, em traçado aberto em tempo curto e, depois, pavimentado tudo isso no governo de Otávio Lage de Siqueira (1966/70). A estrada antiga tinha 72 km e 48 mata-burros!
Por uns três anos, a estrada, larga e bem compactada, despertou a sanha jovial de alguns que pagaram caro pelo abuso; Nivaldo Rodrigues da Cunha foi um, perdeu a vida num choque frontal com um veículo da Embaixada do Japão. O condutor de olhos rasgados não se ligou para a nuvem de poeira levantada por um caminhão, ultrapassou-o e colheu de frente o Volks dirigido por Nivaldo, que morreu sem conhecer sua filha, que nasceria semanas depois.
Mas veio o asfalto. Com ele, obviamente, outros acidentes terríveis – mas também o conforto de um trajeto bem pavimentado, gerando bem-estar aos condutores em passeio ou nos profissionais que traziam e levavam pessoas e mercadorias.
Na década de 80, o governo estadual demorou a se conscientizar de que era primordial, para Caldas Novas, a pavimentação do trecho até Piracanjuba. E, por extensão, asfaltou-se também até as barrancas do Paranaíba, passando por Marzagão e Corumbaíba e, já em Minas, chegando a Araguari e Uberlândia.
Esta semana, o que se fez foi abrir todo o processo para a duplicação da rodovia Morrinhos – Caldas Novas. Esta é, também, uma medida tardia; poderia ter se iniciado ainda na década de 90, mais precisamente em 1998, quando Goiás teve, como inquilinos do Palácio das Esmeraldas, nada menos que dois morrinhenses. Mas ambos, parece-me, cuidaram tão-somente do zelo pela área urbana de sua urbe. Podiam ter entrado na história com uma obra maior do que a desfiguração da Avenida Anhanguera (em Goiânia), por exemplo.
O certo é que, em breve, poderemos ir de Goiânia a Caldas Novas, num percurso apenas uns vinte quilômetros maior do que por Piracanjuba, em rodovias de pista dupla. E o tempo exigirá – espero que num futuro mais breve – duplicações de trechos como Caldas Novas – Pires do Rio, Caldas Novas – Piracanjuba e outros mais. A não ser que o Brasil se desperte para a implantação de ferrovias e aeroportos, com opções variadas de viagens. Mas o automóvel, ao que parece, chegou para reinar por muito tempo, ainda. Vide Estados Unidos, farto de ferrovias e aeroportos, mas cheios também de rodovias e automóveis, caminhões e ônibus.
É esta, pois, uma belíssima iniciativa do governo de Marconi Perillo e marcará de modo indelével, para os do sul de Goiás e os visitantes de Caldas Novas. Meus leitores devem ter notado que não falei em GO-XYZ – essa mania de se trazer para a imprensa os códigos técnicos para as rodovias; a via que liga Goiânia à Cidade de Goiás se chama Rodovia Jaime Câmara, mas a imprensa diz dela apenas GO-070. A que demanda a Catalão leva o nome do presidente Juscelino Kubitschek, mas dizem ser GO-020.
Eu sugiro, daqui, que o governador Marconi Perillo homenageie o idealizador e construtor daquela via, chamando-a de Rodovia Governador Otávio Lage. E que haja placas nas rodovias, respeitando as homenagens feitas, porque muitas são removidas e não substituídas. E, ainda em tempo, aproveitando a lembrança de Otávio Lage, conto que o meu amigo e colega, jornalista Jales Naves, já concluiu a redação da biografia do citado e sempre bem lembrado governador.
Espero com ansiedade, Jales Naves!
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3 comentários:
Boa tarde
meu amigo poeta Luiz de Aquino
Excelente crônica , onde vc busca fatos por muitos esquecidos
como o caso dos 48 mata -burros ,do Nivaldo , e dos ex governos .
Só pessoas como vc para recordar certos fatos , hoje esquecidos
pela maioria.Só tenho que parabeniza-lo pela crônica
Obrigada pela sua gentilesa
Abraços
Beatriz
Excelente crônica companheiro Luiz de Aquino!
Há pelo menos 10 anos ouvia falar desta duplicação e seus estudos e agora o governador #marconiperillo começa a transformar esta tardia obra em realidade.
Justíssimo nome a ser dado a esta rodovia! E aguardo visita a nós na SEMARH, estou trabalhando com o dr. Jales naves. Um abraço!
Meu saudoso pai, Alcides, grande admirador de Montes Claros, embora não tivesse nascido aqui, fazia muitas festas quando via estradas sendo abertas ou asfaltadas. O norte de Minas é pobre nisso, e não temos estradas duplicadas. Um dos pontos negros em nível nacional fica perto daqui e é uma estrada que liga Montes Claros a Francisco Sá. Uma obra como esta de vocês seria muito bem-vinda para nós. Quem sabe um dia? Parabéns a vocês que já ganharam uma dessas.
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