José Mendonça com Ana Maria, que se foi na quarta-feira, 24 de junho de 2015 (Foto - Flavio-Isaac/Jornal Opção). |
Ana
Maria, a do Zé...
Não fosse ela, a
história da produção e dos bens culturais de Goiás seria outra! “Muito outra”,
como dizia um amigo de meu pai para enfatizar graves diferenças. Parceira
inseparável do advogado, professor, escritor de prosa e verso, líder e ativista
cultural, presidente da Academia Goiânia de Letras por mais de dez anos e por
tempo similar do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e, para não parar
jamais, presidente do Instituto Cultural que leva seu nome e está sediado na
casa em que a família morou nos primeiros tempos de seu casamento.
Parceira, sim,
não apenas no conceito do estado civil, mas de atuar com a lealdade que a
literatura consagra, como Cervantes imortalizou em Dom Quixote. Era com ela que
José Mendonça Teles se abria de imediato, expondo em segredo de curta duração
seus planos e projetos. Curta duração? Sim, porque assim que compartilhava com
Ana Maria a sua nova ideia, as ações já eram iniciadas e logo, logo as coisas
começavam a mudar.
Isso inclui as
obras do mestre José, as decisões dele de se empenhar para vir a ser presidente
da AGL e do IHGG, para participar de congressos e encontros culturais pelo
Brasil e o mundo (participei de alguns desses ao lado de JMT, ora no Rio de
Janeiro, algumas vezes em cidades do Rio Grande do Sul e uma em Jerusalém e
outras cidades de Israel).
Impossível,
pois, citar José Mendonça Teles sem que a imagem de Ana Maria nos venha.
Impossível imaginar o José, em suas atividades várias, sem a presença alegre e
contagiante de Ana Maria.
Entristece-me
demais a notícia do desenlace, mormente porque só soube após o sepultamento
(saí de casa bem cedo, com intenção de voltar logo. Mas ao fim da manhã
tivemos, Mary Anne e eu, envolvidos com um probleminha de saúde do Lucas, o que
nos tomou muitas horas). Eram mais de 19 horas quando recebi as mensagens via
Net e, entre elas, belíssimo texto do amigo e confrade Iuri Rincon Godinho,
amplamente divulgado nas redes sociais e na imprensa.
Ana Maria era a
companheira de todos os momentos. Ao acompanhar o marido, tornava-se também
nossa parceira e por ela existir tornava-se praticamente impossível não se
localizar o José – era ligar e ela atender, ouvir nosso apelo ou mensagem e de imediato
informar o marido. E era-nos também estranho ver o José Mendonça em algum
evento sem sua parceira – a ausência sempre era notada e ele esclarecia,
sorridente, a razão da impossibilidade momentânea.
Com a ausência
de Ana Maria, Alessandra e Giovanna – as filhas – desdobram-se a zelar do pai,
ofício a que se dedicaram sempre, envolvendo a mãe, exemplo inevitável e digno
de ser seguido. A tristeza que de certo invade o Zé Mendonça é uma tristeza
também nossa, dos confrades, parceiros, amigos, companheiros de muitas lutas e
embates. Mas também é nossa a missão de segui-lo de perto, de tentar preencher
um pouco do vazio.
Todos,
indistintamente, sabemos o tamanho da dor e a extensão da tristeza. Deus
escolhe nosso tempo, nossos momentos e recolhe-nos quando se cumpre nosso
destino na vida terrena. E os amigos do Plano Espiritual hão de ter acolhido e
instalado a nossa Ana Maria em certeza e conforto para que, do Alto, continue
zelando por todos os que lhe foram queridos neste nosso ambiente tão
conturbado.
Luiz de Aquino é jornalista e escritor,
membro da Academia Goiana de Letras.
4 comentários:
Palavras também podem traduzir sentimentos que determinadas pessoas nos provocam. A Ana, que infelizmente não conheci, mas que você tão bem espelhou, viajou deixando a missão cumprida, de companheira e assessora. Tal missão, sabemos, não é dada a todas. Parabéns pela homenagem prestada!
Um maneira bem interessante de mencionar a morte, falando das importâncias da coadjuvante que tudo fazia, merecendo assim destaque, pois sem ela, tudo seria menor, menos brilhante. Salve Ana Maria!
Luiz, belo texto, belo texto.Abraços, Bira
Querido Luiz,
E para dizer que achei linda sua crônica sobre a Ana Maria, do
Zé Mendonça. Foi uma homenagem aos dois. Ela se foi, e ficou ele em seu
difícil momento, em sua serenidade. Visitei-o e vi. Vi também o carinho da
Giovana.
Lu, um abraço.
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