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sábado, outubro 14, 2006

O circunflexo e a suástica

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Pô, não há de ver que Leda(ê) Selma (atenção, revisão: deixe assim mesmo, Leda(ê); ela sabe a minha razão) me acordou antes das onze horas de domingo passado e curtiu, dizendo que enfim escrevi “corretamente” o nome dela. Vá lá, Dona Leda(ê), não escrevi errado, como você assina. Em 1971, esse circunflexo não se aplica ao seu nome; mas, no Brasil, essa lei é “letra morta”?

Comecei o domingo, 8 de outubro, pois, com esse jocoso desaforo da Leda(ê). É que, em respeito a ela, e supondo que eu me enganara, a revisão me “corrigiu”, para regozijo da minha amiga cronista auto-licenciada (de minha parte, acho que ela precisava de um repouso). Leda(ê) aproveita bem a folga: está em São Paulo, a curtir Campos do Jordão e um belíssimo teatro, “O Fantasma da Ópera”. E há de se encantar no Museu da Língua Portuguesa, se bem a conheço.

Falei no “8 de Outubro”; consta que, para ligar alguns presos políticos aos “inimigos do regime”, um oficial da repressão, à falta de envolvimento dos jovens (sempre jovens...), decidiu dizer à imprensa que eles eram do “Oito de Outubro”, numa alusão “romântica” (?!) à morte do Ernesto Guevara. Oito, outubro: isso remexeu minhas lembranças e pensei na História, que, para a Maria do Rosário Cassimiro “é a segunda ciência, perdendo apenas, em importância, para a Filosofia”. No Brasil, militares “ditavam” muito para a História; hoje, após o regime deles, apareceram os sociólogos (só porque um deles, justamente o menos confiável, chegou à Presidência da República).

Tenho pouca coisa contra os sociólogos (apenas este conceito de que eles só existem para formar outros sociólogos e, apenas por palpite, interferirem no quotidiano com títulos eufemísticos, como “cientista humano” e, atualmente mais em moda, “cientista político”). Só gostaria que eles deixassem um pouco o ócio acadêmico e viessem à vida quotidiana, como o fez Betinho, o irmão do Henfil.

O duro é que o (s)ociólogo (com licença, Millor Fernandes) Fernando II (1995/2002) criou sua corte e fez escola. Vez virar regra geral, no Congresso, a prática de trocar votos parlamentares por verbas e dinheiro vivo de origem não muito esclarecida para tentar se perpetuar no poder; deixou que seus amigos cometessem abusos de poder e tráficos de influência, mandou prender espião que espionava e deixou livre o corrupto que corrompia, silenciou a imprensa “nobre”, enfraqueceu trabalhadores e enriqueceu ainda mais os bancos. “Impostos? Ah, peguem da classe média”.

Pena que Lula não reduza a carga exorbitante que ficou para a classe média e os pequenos e médios empresários, estes que geram empregos e estabilidade emocional às famílias brasileiras, bem como não tenha, ainda, cobrado impostos dos bancos, o que permitiria o fortalecimento de quem trabalha e produz, do homem do campo ao trabalhador urbano. Nos últimos doze anos, os bancários brasileiros foram reduzidos em cerca de 80%, com as máquinas substituindo o Homem.

A turma de Fernando, o (s)ociólogo, disposta a não perder cabeças, decidiu poupar Serra e os aliados ACM e Bornhausen, e pôs o pescoço de Geraldo, o sobrinho do “duas caras” José Maria Alckmin, agora falado em proparoxítona, como boi-de-piranha. O discurso dominante faz inveja a Plínio Correia de Oliveira, de quem Geraldo, líder da “turma de Pinda”, deve ser fã; ou devoto fervoroso, sei lá! Meu medo é que esse fanatismo do religioso Geraldo ante o líder Fernando, o ateu, nos leve à bancarrota com a “solução final” quanto às estatais.

Isso nos leva a um líder odioso da primeira metade do Século XX. Ou não?

3 comentários:

Anônimo disse...

"Vá lá, Dona Leda(ê), não escrevi errado, como você assina. Em 1971, esse circunflexo não se aplica ao seu nome; mas, no Brasil, essa lei é “letra morta”?"

Luiz, você está correto, a lei existe sim!Ela não é "letra morta"... Só que ela não foi estendida aos cartórios para que os nomes grafados errados fossem corrigidos, algo, que seria quase que impossivel, diante do número de registros já existentes. Muitos criticam o nome de Ruy Barbosa grafado com Y, mas como ele, eu, Lêda Selma e outras milhares e milhares de pessoas, que por força ou falha da lei, não tivemos nossos nomes retificados, o certo é grafarmos o nosso nome mesmo que (Errado?), com
acento circunflexo.
Sociológo Betinho, que saudade, que falta faz o Betinho para nós brasileiros!!! Betinho foi ímpar, e dificilmente teremos alguém com a garra, o carisma e o amor que ele tinha pelos menos favorecidos e excluídos da nossa "sociedade".
Que pena, que triste...que não tenha surgido muitos outros Betinhos com a alma do BETINHO...O irmão de Mário e Henfil.
Parabéns!
Beijo,
Lêida Gomes

Anônimo disse...

Louvo o direito de escolha, e lamento profundamente a escolha que fez. "Nunca neste paiz" a ética foi tão vilipendiada, a inteligência desprezada, e a administração pública levada "de barriga". Amén, se este for o desejo do Povo.

Luiz de Aquino disse...

Costumo não publicar comentários sem assinatura ou identificação, e só o fiz quanto a este por ser uma opinião contrária. Mas gostaria que seu autor se identificasse. Obrigado!

Luiz