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segunda-feira, novembro 06, 2006

Vento, brisa, alísio

.


Velas que te levam longe
têm o vento a mover-te em mares
de azul e têmpera.

Sem vento, não vais e sem vento
te entristeces, porque viagem e sonho
dão-se mãos e nos embalam.

Feito nós: dou-te a mão e os lábios
e sopro tuas velas de asas lépidas,
lepidópteras, de singrar mundos.

Sou teu moto e teu mote.
Faço voar idéias e sonhos
em feitiços secretos.

E tenho a chave dos ventos
para evitar tempestades:
na calmaria, te amo.



L.deA., 05/11/06, 23h55min, horário de verão...

9 comentários:

Osair de Sousa Manassan disse...

Belo poema, Luiz. Gosto do seu estilo limpo, fluido, entre o platônico e o erótico. Valeu!
P.S.: obrigado pelo comentário elogioso...

Osair

Anônimo disse...

Meu amigo Luiz,já mencionei diversas vezes que amo seus poemas,este,me tocou profundamente...mobilizou,emocionou e encantou!
Maravilhoso!
Beijos

Anônimo disse...

Poema feito para viajar: no vento, no mar, nas palavras, no sonhar. Que vontade de navegar.
Deixar ser levada pela correnteza dessa doce poesia marinha.
Luiz, senti aqui um vento, uma brisa, um alísio tocarem em mim.
Mais um lindo poema.
beijos

Anônimo disse...

Querido poeta!
Neste poema,a natureza serve de
cenário(mar,vento,tempestade)para a realização de sonhos através de
uma viagem.
Envolvimento,sedução,um doce domínio e, uma leve e sutil entrega são claramente sugeridos.
Paz e tranquilidade garante o amante dominador para a tão esperada realização
do amor.
Quanta beleza, Luiz!!
Beijos!!

Anônimo disse...

Luiz,
acho que esse poema de Manoel de Barros cabe como uma luva em você:

O Menino que Carregava Água na Peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um
vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na
frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos

Manoel de Barros



Márcia Píramo

Anônimo disse...

Luiz, é realmente espetacular a
forma clara e leve com que você
consegue erotizar a natureza,e
fazendo com isso,uma belissíma construção, de um possível momento de entrega real e absoluta.
O poema é belo, belo, adorei!

Parabéns!

Beijo,
Lêida Gomes

Luiz de Aquino disse...

Recebi, por e-mail, de Ridamar Batista (Goiânia):


Nossa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! que maravilha de poesia!
Vem soprar minhas velas...quero navegar!
Quero viajar sonhos e entre nós, atar os laços de minha nau. Um beijo. Rida

Anônimo disse...

Uau! LIndo demais!!!

Em tarde de calmaria,
que um rio revolto me tome
e Apolo, do alto da Olimpo,
me chame, me beije,e, enfurecido, me ame.
E a calamria?
Ah! Meu desejo perene... é de euforia.

Anônimo disse...

Dá-me a chave dos ventos para que eu,
coberta de azul e marfim
me perca de tudo o que sei,
me encontre em teu mar sem fim.