Pedro II, década de 1850
Uniformes, poder e disciplina
Estranhamente, um assunto que foi parar em telejornal da Rede Globo caiu no esquecimento e no silêncio sem que nenhuma das partes envolvidas se manifestasse. Ou que a mídia
 registrasse. Refiro-me, mais uma vez, à questão dos uniformes escolares. Repito, aqui, a assertiva de Ana Braga, professora desde a década de 1940, em conselho à diretoria do Liceu de Goiânia: “Para melhorar a qualidade do ensino, restabeleça o uniforme, porque uniforme é disciplina”.
registrasse. Refiro-me, mais uma vez, à questão dos uniformes escolares. Repito, aqui, a assertiva de Ana Braga, professora desde a década de 1940, em conselho à diretoria do Liceu de Goiânia: “Para melhorar a qualidade do ensino, restabeleça o uniforme, porque uniforme é disciplina”.Observem os profissionais que usam roupas apropriadas. Há como que uma mudança de postura tão-logo se vista o uniforme. Isso vale para policiais militares e bombeiros, para profissionais de estética e de saúde, garçons e mecânicos. Sem uniformes, somos todos cidadãos comuns; com eles, investimo-nos na autoridade que nossas funções nos concedem.
Autoridade é conhecimento, ensinavam-nos nas escolas na década de 60 do século passado. Ou seja: autoridade não é falar grosso e quebrar as leis, mas exercer nosso conhecimento com respeito ao próximo. Autoridade não é ditadura. O uniforme tem a função, ainda que visual, da armadura dos cavaleiros medievais: protege e identifica.
Uma pena que o livro “A história do uniforme escolar no Brasil”, não esteja disponível nas livrarias. A obra do jornalista Furio Lonza, a partir de uma exposição coordenada por Isabel Pires e Maria Alice Silvério Lima, foi distribuída “gratuitamente para escolas, coordenadorias de ensino, secretarias de educação e confeccionistas de uniforme” (leiam o artigo “Com que roupa eu vou?”, de Vagner Apinhanesi, no endereço http://www.seuguiaescolas.com.br/espaco_educacional.php?ano=2007&art=10, do qual ele destaca este trecho do livro de Lonza: “Muitos colégios tentaram abandonar o uniforme e depois retornaram, a pedido dos alunos e, principalmente, dos pais. Colégios que, por muito tempo, não exigiram uniforme, como o Porto Seguro, por exemplo, começaram a utilizá-lo nos anos 80 e 90. São poucos hoje os colégios que resistem. Os pais dos alunos acham o uniforme prático, econômico e, principalmente, fator de segurança obrigatória”.
Reclamo do silêncio de estudantes e de pais, de professores e diretores, mas principalmente da Secretaria da Educação. A professora Milca Severino deve, com urgência retomar o assunto, já que não se recorreu da decisão judicial que determinou a quebra do uso de uniformes nas escolas públicas estaduais. Detalhe importante: os colégios da Polícia Militar estão fora dessa decisão? Pelo que se sabe, há um rigor à antiga (e ao molde da disciplina militar) nessas escolas. Por que a Secretaria da Educação não recorreu ao Tribunal de Justiça? O que se vê é o que a TV Globo mostrou: os meninos “privilegiados” com a não obrigatoriedade do uniforme, sob a alegação de que não têm recursos para adquirir calças de jeans e camisetas, conseguem portar celulares com câmaras digitais e fotografam baixos ventres e até mesmo virilhas de suas colegas para, depois, exibir tais imagens na Internet. Ou seja: a permissividade concedida pela Justiça deu às garotas o “direito” de mostrarem seios e “cofrinhos” e, aos meninos, o poder de explorá-las gratuitamente.
 já que não se recorreu da decisão judicial que determinou a quebra do uso de uniformes nas escolas públicas estaduais. Detalhe importante: os colégios da Polícia Militar estão fora dessa decisão? Pelo que se sabe, há um rigor à antiga (e ao molde da disciplina militar) nessas escolas. Por que a Secretaria da Educação não recorreu ao Tribunal de Justiça? O que se vê é o que a TV Globo mostrou: os meninos “privilegiados” com a não obrigatoriedade do uniforme, sob a alegação de que não têm recursos para adquirir calças de jeans e camisetas, conseguem portar celulares com câmaras digitais e fotografam baixos ventres e até mesmo virilhas de suas colegas para, depois, exibir tais imagens na Internet. Ou seja: a permissividade concedida pela Justiça deu às garotas o “direito” de mostrarem seios e “cofrinhos” e, aos meninos, o poder de explorá-las gratuitamente.     
Agora, os pais (das meninas) pedem a volta dos uniformes, cumprindo a constatação “profética” do autor do livro sobre uniformes.
Estou com esses pais. E sugiro, também, que os professores se trajem convenientemente para as aulas; com a libertinagem praticada pelos alunos, há professores que ministram aulas em bermudas e chinelos, num flagrante desrespeito aos alunos, aos pais de alunos e à dignidade do próprio ofício.
Autoridade é conhecimento, ensinavam-nos nas escolas na década de 60 do século passado. Ou seja: autoridade não é falar grosso e quebrar as leis, mas exercer nosso conhecimento com respeito ao próximo. Autoridade não é ditadura. O uniforme tem a função, ainda que visual, da armadura dos cavaleiros medievais: protege e identifica.
O Colégio Pedro II, por volta de 1850, instituiu, pela primeira vez no Brasil, um uniforme, que era uma farda militar simplificada. E tal como farda, o uniforme do colégio, com modificações inspiradas pela época, perdurou até as proximidades de 1960 (usei uma versão mais simples de farda, ou seja, um uniforme sem túnica, mas com gravata e emblema no braço, onde se põem as divisas de sargento).        Uniforme do Pedro II
Uniforme do Pedro II
em 1958
 Uniforme do Pedro II
Uniforme do Pedro IIem 1958
Uma pena que o livro “A história do uniforme escolar no Brasil”, não esteja disponível nas livrarias. A obra do jornalista Furio Lonza, a partir de uma exposição coordenada por Isabel Pires e Maria Alice Silvério Lima, foi distribuída “gratuitamente para escolas, coordenadorias de ensino, secretarias de educação e confeccionistas de uniforme” (leiam o artigo “Com que roupa eu vou?”, de Vagner Apinhanesi, no endereço http://www.seuguiaescolas.com.br/espaco_educacional.php?ano=2007&art=10, do qual ele destaca este trecho do livro de Lonza: “Muitos colégios tentaram abandonar o uniforme e depois retornaram, a pedido dos alunos e, principalmente, dos pais. Colégios que, por muito tempo, não exigiram uniforme, como o Porto Seguro, por exemplo, começaram a utilizá-lo nos anos 80 e 90. São poucos hoje os colégios que resistem. Os pais dos alunos acham o uniforme prático, econômico e, principalmente, fator de segurança obrigatória”.
Reclamo do silêncio de estudantes e de pais, de professores e diretores, mas principalmente da Secretaria da Educação. A professora Milca Severino deve, com urgência retomar o assunto,
 já que não se recorreu da decisão judicial que determinou a quebra do uso de uniformes nas escolas públicas estaduais. Detalhe importante: os colégios da Polícia Militar estão fora dessa decisão? Pelo que se sabe, há um rigor à antiga (e ao molde da disciplina militar) nessas escolas. Por que a Secretaria da Educação não recorreu ao Tribunal de Justiça? O que se vê é o que a TV Globo mostrou: os meninos “privilegiados” com a não obrigatoriedade do uniforme, sob a alegação de que não têm recursos para adquirir calças de jeans e camisetas, conseguem portar celulares com câmaras digitais e fotografam baixos ventres e até mesmo virilhas de suas colegas para, depois, exibir tais imagens na Internet. Ou seja: a permissividade concedida pela Justiça deu às garotas o “direito” de mostrarem seios e “cofrinhos” e, aos meninos, o poder de explorá-las gratuitamente.
 já que não se recorreu da decisão judicial que determinou a quebra do uso de uniformes nas escolas públicas estaduais. Detalhe importante: os colégios da Polícia Militar estão fora dessa decisão? Pelo que se sabe, há um rigor à antiga (e ao molde da disciplina militar) nessas escolas. Por que a Secretaria da Educação não recorreu ao Tribunal de Justiça? O que se vê é o que a TV Globo mostrou: os meninos “privilegiados” com a não obrigatoriedade do uniforme, sob a alegação de que não têm recursos para adquirir calças de jeans e camisetas, conseguem portar celulares com câmaras digitais e fotografam baixos ventres e até mesmo virilhas de suas colegas para, depois, exibir tais imagens na Internet. Ou seja: a permissividade concedida pela Justiça deu às garotas o “direito” de mostrarem seios e “cofrinhos” e, aos meninos, o poder de explorá-las gratuitamente.     Agora, os pais (das meninas) pedem a volta dos uniformes, cumprindo a constatação “profética” do autor do livro sobre uniformes.
Estou com esses pais. E sugiro, também, que os professores se trajem convenientemente para as aulas; com a libertinagem praticada pelos alunos, há professores que ministram aulas em bermudas e chinelos, num flagrante desrespeito aos alunos, aos pais de alunos e à dignidade do próprio ofício.
 
 


 
 
7 comentários:
Poeta
A questão do uniforme "quebrado" justifica a orgia social que passamos.
A sociedade cruel está fazendo de nossos jovens,verdadeiros anarquistas.
Veja ,num hospital: se todos fossem com seus trajes de "balada",como seria para os usuários.....
Em boas e conservadoras Universidades,os professores dão aulas de jalecos ou de terno e gravata.....
È,Poeta,o mundo está louco e nós,parece que sozinhos,buscamos o bom senso !
Também sou favorável ao uniforme. Não o tinha visto antes como fator de segurança. Ótima visão! A portaria das escolas são canais abertos para a entrada de estranhos, mesmo com o sistema de catracas e apresentação da carteira. O uniforme aumenta a dificuldade de invasão.
Mara Narciso
Ah, amigo Luiz... Sem disciplina na medida certa, fica difícil dominar o equilíbrio humano. Talvez uma boa campanha com uniformes mais bonitos conseguisse motivar as pessoas envolvidas na educação, assim como alunos e pais. Beijos.
Excelente crônica, Luiz! Oportuníssima nesses tempos de desvalor.
Você chamou a atenção para algo que me intriga: a abolição do uso do uniforme escolar, apoiada pelos pais de jovens, que freqüentam escolas públicas e que alegam não ter dinheiro para a compra desses uniformes. Ora, aqui está uma ótima relação custo e benefício. Despende-se um maior valor no início, o qual será diluído em muitos meses de uso. Já o hábito de diferentes roupas a cada dia, requer um maior investimento e, entre as meninas, ocorre um verdadeiro desfile de modas: elas não querem repetir roupas.
A partir dessa tomada de decisão, a escola e família deveriam interagir para o alinhamento das novas regras. A disciplina é mais do que necessária, ainda mais numa idade em que seus valores estão sendo construídos. Já a permissividade mal conduzida e não vigiada pode levar a uma formação desvirtuada e equivocada.
Agora, se esses meninos e meninas querem mostrar seus “cofrinhos” ou fotografar as suas intimidades, que vão para ambientes próprios e não nas escolas, que ainda são, acredito eu, templos do saber e conhecimento. Vamos respeitá-los !
Grande Luiz Aquino!
Interessante seu artigo. E realmente é assunto para se pensar.
Ao mesmo tempo que sou favorável ao uso de uniformes pelos alunos, sou contra se barrar a entrada do aluno na escola pois o sapato não está nos padrões do uniforme!
Eu sei que há casos e casos...
Mas as vezes a regra passa a ser mais importante do que o aluno!
No Colégio Naval do Rio de Janeiro (no qual lecionei por quase 2 anos) os professores antigos costumavam dizer que depois que foi extinto a obrigatoriedade do terno para o professor, os salários só cairam!
Claro que é uma metáfora! Mas é pra se pensar!
Grande Abraço!
Como leitora de suas crônicas li, "Uniformes, poder e disciplina" Interessante assunto levantas.
Mas confesso que "Olhar para dentro e longe" é encantadora pela linguagem, assunto aborado, narrador onisciente em 1ª pessoa, oportuniza aí, a interação completa entre leitor/narrador/texto .
Parabéns! Continue ESCRITOR!
Na condição de professor, função exerço há mais de vinte anos, folgo em ler o teu maravilhoso e educativo texto (Uniforme, poder e disciplina) e manifesto aqui meu apoio e solidariedade a esta sublime causa levantada por ti... Continui assim meu amigo, como expoente do bom senso e da dignidade humana...
Parabéns!!!
Santino Silva, Cuiabá (MT)
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