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quarta-feira, dezembro 24, 2008

Feliz Natal, Clarismino!

Luiz de Aquino


Na segunda-feira, 22/12, Lucas e eu acompanhamos os um grupo de moradores e ambientalistas ao trecho da Avenida 85 onde foram ceifadas, a golpes decididos de moto-serra, cerca de 30 ipês que, há cerca de 20 anos, ornavam o lugar. Ali, fincamos umas vinte e cinco cruzes brancas, em ato devidamente testemunhado pelos jornais diários.

Na edição do DM do dia seguinte, li que Clarismino Júnior, presidente da Agencia Municipal do Meio-Ambiente, continua alegando “motivos técnicos” para remover as árvores que, segundo ele, foram replantadas nas proximidades do aterro sanitário. Como escrevi neste mesmo espaço, na quarta-feira passada, a dúvida é permitida. Até porque vimos, e fotografamos, o que restou da tal “remoção”: os tocos das árvores com o corte certeiro das serras mecânicas.

Não conheço pessoalmente o presidente da AMMA, mas sou um dos admiradores de seu trabalho. Dezenas de parques e centenas de praças foram obras da administração de Iris Rezende Machado pela equipe chefiada por Clarismino, e disso sabemos todos nós. Aliás, sabemos e nos orgulhamos desse feito. Mas esse feito, sr. presidente, não lhe dá o direito de cometer um erro tão ingênuo quanto o de remover os ipês da Avenida 85.

Vejamos: serão necessários uns quinze a vinte anos para que as palmeiras imperiais atinjam a majestade de que temos certeza, chegando à meta que é a padronização do arvoredo na avenida. Entendo também que o procedimento precisa ser estendido ao segmento antes denominado Rua S-1 e que hoje, no conceito popular, é a extensão da Avenida 85 no trecho T-63/Serrinha. Mas o presidente da AMMA deve ter pensado duas vezes antes de fazer o que fez com os ipês (ou o que fez o coronel Sanches na Alameda Couto de Magalhães, há quase quatro anos, sob o pretexto de alargar uma das vias da alameda, ou seja, remover solenes paineiras barrigudas).

A AMMA bem podia ter plantado as mudas de palmeiras sem remover os ipês; como os removeu, permitiu às pessoas comuns (eu entre elas) a interpretação de que o propósito é, apenas, permitir a visualização do monumental monumento que, aos nossos olhos, parece ter sofrido um breve erro de cálculo, pois o encontro das duas torres em forma de obelisco teve de ser forçado.

 Ah, quero fazer um comentário quanto à cor da luz nos mesmos. Li no DM que o Goiás Esporte Clube “vetou” a cor vermelha, originalmente concebida,  e ante isso a Prefeitura definiu-se pelo azul. Não sabia que um clube de futebol tinha poder de veto no poder público. Prefiro acreditar que o bom senso falou alto e que a diretoria do verdão mostrou a inconveniência de uma imensa marca vermelha em suas cercanias. Nenhum vila-novense ficaria feliz com um monumento verde à sua porta, é claro. Bem-vindo,pois, esse azul!

Na semana passada, e buscando justificar o gesto (para mim e grande parcela da população, um gesto indevido) da remoção das árvores, Clarismino Júnior evocou o registro do plantio de um milhão de mudas de árvores. De novo, mando-lhe um abraço de saudação e de agradecimento. Goiânia merece!

Mas, Clarismino, faça um pouco mais. Será muito bonito de sua parte, será um marco fortíssimo na qualidade da atual administração (e justamente nos dias em que se renova o mandato de Iris) e razão para o nosso aplauso e o nosso agradecimento: mande replantar os trinta ipês. Ou mais: mande plantar ipês de muitas cores ao longo de toda a Avenida 85, do Ratinho à Serrinha, espalhando flores entre as palmeiras. Imagine só que beleza de paisagem você vai proporcionar ao goianiense. E imagine também os abraços e sorrisos que você, como gestor em uma administração assim feliz, vai receber dos conterrâneos. Imagine mais, sr. Presidente: imagine as orações de graças que serão formuladas em seu favor!

Viver é crescer e aprender; crescimento e aprendizado implicam mudanças. E mudar de idéia, tal como mudar de atitude, é demonstração de raciocínio. Agora,  sr. presidente da AMMA, trazer de volta os ipês será, ainda mais, uma atitude de humildade. Humildade não servil, é bom que se diga, em favor de toda a Grande Goiânia. Isso quer dizer mais de dois milhões a aplaudir sua atitude – o que não me surpreenderia, porque sou testemunha, como todo goiano destas plagas, de sua competência na administração do meio-ambiente.

Feliz Natal, Clarismino!


Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras. E-mail: poetaluizdeaquino@gmail.com

4 comentários:

Anônimo disse...

Luiz...
bom dia
Não concordo com o corte dos lindos ipês na avenida 85...
Aquele "monumento" é realmente um monumento à feiúra..
Vc tem toda razão e todos que protestam e protestaram
a esse "assassinato".
Feliz Natal para vc e família
Um Ano Novo carregado de esperanças
Um beijo grande
Lenita

Anônimo disse...

Feliz Natal, Parabéns e obrigada pelas COMBATIVAS CRÔNICAS, felizes 2009, 2010, 2011, 2012, 2013...

Placidina

Mara Narciso disse...

A tentativa de persuasão pode dar melhores resultados do que outras táticas. Você mexeu com o ego do secretário, e ele não deverá ficar insensível, embora tenha tido insensibilidade diante de trinta árvores.

Gostei do simbolismo das cruzes brancas. A visão sepulcral sensibiliza, atrai aliados, e é uma marcação de posição impactante.

Muito boa!

Deolinda disse...

Caro poeta,
Goiânia nasceu carregando o signo da modernidade e o setor sul é talvez o projeto mais interessante como proposta de integração homem e natureza.Nos detalhes do art déco uma apologia ao belo, o culto a uma estética do belo. O tempo passou e toda essa beleza foi considerada desnecessária, a art déco sumiu, escondido por horrendos painéis de zinco pintado, a av. Anhanguera virou um corredor de passagem, seus prédios abandonados.Em quatro anos, a partir de 2005, Goiânia foi presenteada com dois "monumentos", que significam a estética do gosto sem gosto, por que são horrendos. São a justa homenagem de uma administração sem projetos e planejamento, espetos que saem da terra para o nada. E se me permite, também acreditei que a AMMA fazia um bom trabalho com implantação de parques, até atentar para o fato que quem implantava os parques são os especuladores imobiliários e ao redor de cada parque,grandes condominios são erquidos. Ou seja, cada parque representa o "quintal ou jardim " desses novos empreendimentos. Lamento, mas Goiânia perde a cada dia qualidade de vida. O carro é a grande prioridade, e isso na contramão de tudo que quem vem sendo implementado em outras cidades com grande problemas.
Boas Festas! Um 2009 de muitas batalhas e vitórias!