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sexta-feira, agosto 05, 2011

Considerações sobre ideias


Considerações sobre ideias


Fiz um comentário um tanto longo, na edição do último 2 de agosto, acerca do libelo de Batista Custódio “Canção Sozinha à Liberdade (publicada no DM de 29/07/2011). Já no dia seguinte, na capa do caderno Opinião Pública, deparei-me com a carta de um estudante (de jornalismo, obviamente), do seguinte teor:

Jornalismo, um apostolado - “Não se entra duas vezes no mesmo rio”, do brilhante articulista Luiz de Aquino, caiu como uma luva para mim. Como aprendiz de jornalismo, reconheço que nossa profissão deve ser exercida como um verdadeiro apostolado. No entanto, vejo alguns colegas de classe que entram no curso porque sabem que as assessorias políticas pagam bem para o puxa-saco que conseguir encher mais linhas de páginas vazias dentro das cabeças corruptas. Sem dúvida, o tempo flui, a água passa, mas nunca nos molhamos no mesmo rio. A água continha a banhar, e a verdade segue atravessando o peito do atraso e se consagra na honestidade dos homens que impulsionam o progresso moral da humanidade. Bravo, Luiz de Aquino! E concordo: “Aos medíocres, as baratas!” (Paulo Milano de Almeida).

Elogios à parte, gostei de sentir que há estudantes que lêem. E, por isso, sabem expor ideias – e disso o jornalismo não pode prescindir. Atentei ao detalhe de que alguns escolhem o curso antevendo a ocasião de “vencer na vida” sem muito esforço, ou seja, aliando-se a poderosos como aqueles pequenos peixes que seguem os tubarões e vivem das sobras do grandioso banquete. Caríssimo Paulo Milano, não se surpreenda; todos os cursos de todas as universidades brasileiras têm alunos com a deformação (genética ou social) que você denuncia; é triste, mas essa “espécie” prolifera-se rapidamente.

Em meu blog – http://penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com - recebi outros comentários:

De Adelaide Alvarenga - Adorei a sua fala, ou melhor o seu escrito! Me lembrei de um texto que está circulando pela internet, da Eliane Brum que se chama: "Meu filho, você não merece nada" (http://primeirainfancia.org.br/2011/07/meu-filho-voce-nao-merece-nada/). O seu texto completa o da referida escritora. Se ainda não o leu me avise e o enviarei a você. Parabéns. É gostoso ler o que as pessoas que comungam os mesmos ideais, escrevem. Se a gente conseguisse, escreveria exatamente o que você foi capaz de transmitir. Continue e não permita que ninguém limite os seus sonhos. Como jornalista você é também um grande educador, Companheiro de missão!

De Osair de Sousa Manassan - É impossível conceber um ensino "Superior" sem sólidas bases de "senso crítico" e da formação "humanista". Desiludi-me com a Universidade tecnicista, tornei-me autodidata e recebo o desprezo (preconceito intelectual) dos "acadêmicos". Mas não me encano: sigo Nietzsche com o pensamento de que "o importante não é o que dizem de nós, mas o que fazemos daquilo que dizem de nós..."
Anos atrás, fazia terapia e, na segunda ou terceira sessão, não me lembro o contexto, o psicanalista disse que nunca se interessara por Machado de Assis. Nunca mais voltei ao consultório - como poderia confiar minha mente a alguém que nem lera "Dom Casmurro"?
Concordo inteiramente com você, meu caro Luiz. Por isso não me canso de ler, estudar e praticar. 
Como sempre, uma crônica pra se meditar e apanhar ensinamentos.
Abraços!
De Maria Dulce Loyola Teixeira - Caro Luiz,
é importantíssimo a ética, a fidelidade com os fatos e que saibam redigir, nem digo que tenham um texto rico, mas é fundamental que não cometam tantos erros de português. No Estadão - São Paulo tem uma correção - ou tinha. O que se vê de erros nos títulos das matérias, sem dizer no texto em si... Todos cometem erros, mas é necessário que os jornalistas sejam formados, como você disse e continuem atentos.


E o mais sintético:

Do arquiteto, professor, artista plástico e escritor Elder Rocha Lima - Luiz de Aquino: você, como vencedor, merece as batatas.

* * *


Um comentário:

Mara Narciso disse...

O árduo caminho do estudo, a penação da leitura técnica contínua e perseverada não atrai muita gente. Todos querem saber e se orgulham disso, tendo a empáfia de menosprezar quem sabe menos do que quem se diz sabedor, mas estudar não é fácil. Não nos desanimemos. Sempre haverá gente nova glutona, com franco apetite pelo aprendizado. E velhos que não têm medo de voltar às aulas.