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sábado, maio 09, 2009

Dois poemas pelo Dia das Mães

O primeiro é meu, escrito há uns dez anos:


Mãe


Luiz
de
Aquino

Tristes não, nem saudosos. Alegres, talvez.
Apenas certos de estender aos anos
alcatifas de coradas flores.

Não cúmplices, mas pedaços
de uma vida, a mesma, entrelaçados
por fecundo sêmen, no estertor de legítimo gozo
de humores a fluir com força:
momento de evocar-me à luz.

À luz, à luz... como vim
e vi-me feito à imagem
de Deus, dizem os crentes;
do Homem, é o que diz Deus.

Há, sim, o entendermo-nos sempre.
Refazer das carnes após o amor de hormônios,
multiplicar de genes, gestar com paciência,
parir entre dores, odores, suores
e as sempre lágrimas.

Deu-me o plasma, e o sorvi como a vida;
deu-me formas, palavras, cores, paladares,
música, dimensões, poesia
e o sentir,
que não se é poeta
impunemente.

De risos, lágrimas, sucessos,
e de tristes, felizes, esperanças
e de entes queridos ou distantes,
a fé no verbo te eterniza em mim.

(Do livro “Sarau”, 2003)










O segundo, de uma bela policial militar do Estado de São Paulo, circula pela Internet como de autoria desconhecida. Já perdi a conta das vezes em que escrevi de volta aos disseminadores de textos sem citação de autor, tentando corrigir a falha. E, agora, faço um pouco mais. Publico o poema, com a identificação da autora.

Meu nome é Mulher

Fátima Aparecida Santos de Souza


No princípio eu era Eva

Nascida para a felicidade de Adão

E meu paraíso tornou-se trevas

Porque ousei libertação!

Mais tarde fui Maria

Meu pecado remiria

Dando à luz Aquele

Que traria a salvação!

Mas isso não bastaria

Para eu encontrar perdão!

Passei a ser Amélia

“A mulher de verdade”

Para a sociedade!

Não tinha a menor vaidade

Mas sonhava com igualdade!

Muito tempo depois decidi:

“Não dá mais!

Quero minha dignidade,

Tenho meus ideais!”

Mas o preconceito atroz

Meus 129 nomes queimou

Então o mundo acordou

Diante da chama lilás!

Hoje não sou só esposa ou filha;

Sou pai, mãe, arrimo de família;

Sou ourives, taxista, piloto de avião,

Policial feminina, operária em construção!

Ao mundo peço licença

Para atuar onde quiser!

Meu sobrenome é Competência

O meu nome é Mulher!

Autora: PÉROLA NEGGRA

FÁTIMA APARECIDA SANTOS DE SOUZA

POLICIAL MILITAR EM MAUÁ/SP/BRASIL

perolaneggra@yahoo.com.br

(011) 9409-0630

5 comentários:

Lílian Maial disse...

Que beleza, amigo Aquino!
Amei os dois poemas, cada um a seu estilo, porém ambos lindíssimos!
ASí vai um que fiz para minha mãezinha:


MAIS, MUITO MAIS...
Lilian Maial



Mais, muito mais que abrigo quente,
Teu ventre foi casulo de borboleta,
Milagre de colecionar gerações,
Do vinho e da multiplicação dos pães.

Mais, bem mais que cuidadosa,
Tuas mãos foram certeiras,
Ágeis como enfermeira,
A cuidar dos meus dodóis.

Mais, inexplicavelmente mais esperta,
Teus olhares sempre alerta
Aos meus dias de cólicas,
Aos meus medos da vida.

Mais, sempre mais do que eu esperava,
Me amando enquanto zangava,
Me empurrando, enquanto eu fugia,
Me sabendo, enquanto eu duvidava.

Mais, simplesmente mais bonita,
Hoje não te vejo tão vivida,
Como em tantos anos atrás,
Só que com muito, muito mais...

Mais, indubitavelmente mais velha,
Traços fundos, cara séria,
Sem sorrisos, sem festanças,
Sem perceber que inda sou tua criança.

Mais, te quero mais presente do que antes,
Te queria ver alegre novamente,
Sem rancores ou dores doravante,
A regar, com teus beijos, minhas sementes.

Mais, mãe, mais...

***********


Beijo meu,
Lílian

Mara Narciso disse...

Muito bem Fátima Aparecida pelo lúcido desabafo, e a Luiz pela coragem de expor o lado sexual das nosssas mães, e de dar "bois aos nomes", ou seja, dar a autoria ao poema "Meu nome é mulher". Felicito aos dois.

Maria Helena Chein disse...

maria helena chein para mim
mostrar detalhes 09:19 (3 horas atrás)

Responder


Lindos todos os três poemas, com esse tema único que permeia
vísceras, coração e mente do ser humano. Mãe é mesmo a terra
e o céu de todos nós. Assim ela é, porque Deus lhe deu tamanha
distinção.
Um abraço carinhoso para as mamães que o rodeiam e em especial para Mary Anne.

Beijão.

Maria Helena

Carlos Máximo disse...

Luiz,

O poema abaixo é para todas as mulhres MÃES que o cercam. Espero-me que goste.

Ser Mãe

Ser mãe é desdobrar fibra por fibra
o coração! Ser mãe é ter no alheio
lábio que suga o pedestal do seio,
onde a vida, onde o amor, cantando, vibra.

Ser mãe é ser um anjo que se libra
sobre um berço dormindo! É ser anseio,
é ser temeridade, é ser receio,
é ser força que os males equilibra!

Todo o bem que a mãe goza é bem do filho,
espelho em que se mira afortunada,
Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!

Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso!
Parabéns – Carlos Máximo



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CARLOS MÁXIMO
Rua Gabiroba Qd 13D Lt. 15 Res Morada Do Sol Goiânia Go
Contatos - 62-91656656 / 62-3517-7777

Lasir Oliveira disse...

Olá Luiz , estou com saudades!
Muito lindo! Voce como sempre, é mais do que dez.
Obrigada pela lembrança e um grande beijo.
Lasir