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quinta-feira, maio 21, 2009

Em Palmas, entre livros e Genésio

Em Palmas, entre livros e Genésio


Luiz de Aquino


Na última quarta-feira, 20 de maio, Palmas, capital de Tocantins, completou vinte anos. Pelo que ouvi, ou li, comporta uma população próxima de duzentas mil pessoas advindas de todo o país. Naturalmente, os goianos em Tocantins equivalem aos mineiros no sul de Goiás há meio século: uma presença muito forte. Refiro-me aos goianos na concepção atual, ou seja, após a divisão de 1988, ou, para os saudosistas, goianos do sul, já que os goianos do norte tornaram-se tocantinenses.

Como se vê, demorei (para usar um verbo que a garotada pôs na moda). O novo Estado existe desde o primeiro dia de 1989, com seus poderes instalados pelo desembargador Joaquim Henrique de Sá. Nos primeiros anos, Miracema do Norte, atual Miracema do Tocantins, foi sua capital. Decidiu-se, então, pela construção de uma nova cidade, a exemplo de Belo Horizonte, Goiânia e Brasília, além de Teresina, com o propósito nítido de vir a ser sede político-administrativa. E o resultado é uma bonita cidade, de amplas vias, à margem de um amplo lago de águas contidas do Tocantins, um rio quase sagrado... Quase? Para mim, todo rio é sagrado. Imagina, então, um caudal como aquele, veia pulsante a demarcar com solenidade o coração do Brasil!

Uma das boas coisas em Palmas, para um goiano deslumbrado, é encontrar conhecidos. Como Isabel Dias Neves, a Belinha, poetisa e professora, amiga desde os tempos verdes de estudantes do Liceu de Goiânia. E outros muitos da minha própria história de vida. Lamentei não ver Tião Pinheiro, Álvaro Valim, Lindomar de Almeida e Leide Cursino; fica para a próxima viagem. Mas regozijei-me ao rever um velho amigo, escondido por lá desde os primeiros movimentos pela “separação”. Falo de Genésio Tocantins, compositor e cantor, talentoso e bom sujeito.

Ah, eu me esquecia... Fui a Palmas por conta do Salão do Livro.

Lucas, ao apresentar-se como autor

Lucas, meu filho, autor de PW – O Mundo Impossível, comunicou-me que se inscrevera para o Café Literário do V Salão do Livro de Palmas. E sugeriu-me fazer o mesmo. Tentei, mas o site do Salão, promovido pela Secretaria de Educação do Estado, estava congestionado, e o prazo expirou-se. Fui, então, levar o Lucas para o seu momento no famoso Salão do Livro de Palmas. Em sua quinta versão, a feira já pode se inserir entre as mais importantes do Brasil, tanto pelo que significa para a população quanto no que reflete no volume de venda dos livreiros.

No dia seguinte, a minha vez

Lembram? Há poucas semanas, escrevi numa crônica que nós, escritores, somos o louro da feijoada nessas festas de livros. Pois bem: um dos estandes do Salão, este ano, oferecia um computador a quem comprasse dez mil reais em livros. Somente no sábado, dia 16, esse estande entregou nada menos que seis computadores. Ou seja, seis clientes compraram pouco mais de dez mil reais de uma só vez.

E ainda há as atrações musicais para ninguém botar defeito. No sábado, Lucas se apresentou, vendeu livros, fez permuta com autores do Rio de Janeiro e um da terra. Minutos antes, a Thânia, uma das coordenadoras, constatou que, no domingo, já registrava a ausência de um autor, por viagem. Ofereceu-me a vaga, com certo cuidado: “O sr. não se incomoda de ser o último?”. Claro que não! Seria o último no último dia. E compartilhava a noite com autores locais – uma ex-vereadora que teve a feliz idéia de começar, já, a registrar a História da Câmara Municipal, e professores da Universidade do Tocantins, com obras da área da Educação. Foi quando encontrei Genésio, na platéia. E a convite da vereadora-escritora, Genésio subiu ao palco e cantou a canção que é hino da cidade, de autoria de outro amigo (esse, não vi), Braguinha Barroso. Belíssima canção!

A moça linda ao meu lado é a jornalista Maria José

Sem dúvida, Palmas é uma das três ou quatro menores capitais brasileiras. Mas que qualidade! Dá orgulho ser amigo de Luiz Fernando Cruvinel Teixeira e de Walfredo Antunes... Mas o prefeito bem podia tomar providências quanto à iluminação parca e às crateras nas ruas, razão de puxão de orelhas do Ministério Público. Sua gente merece atenção, Sr. Prefeito!


Luiz de Aquino é escritor e jornalista, membro da Academia Goiana de Letras, e escreve aos domingos neste espaço. E-mail: poetaluizdeaquino@gmail.com.

5 comentários:

Maria Helena Chein disse...

Luiz, é bom sabermos mais a respeito de Palmas, capital próspera, principalmente
através desta crônica objetiva e gostosa de ler. Parabéns a todas as pessoas envol-
vidas no Salão do Livro.
Abraço carinhoso.

Maria Helena

Mara Narciso disse...

Parabéns pelas 50 mil visitas.

Há 20 anos tive vontade de mudar-me para Palmas, que desbravava o inóspito, o nada, e se construia. Mas o meu então marido, que estava desempregado, teve receio de uma mudança tão drástica, de Minas para Tocantins. E ficamos. Perdemos uma grande oportunidade de crescermos junto com a cidade. Lamento até hoje essa desistência.

Adorei a sua declaração de amor ao rio Tocantins.Lindo!

Amauri disse...

Meu parceiro, parabéns pela crônica sobre o Zé Rodrix, as 50 mil visitas e, especialmente, por perpetuar a espécie de escritor com seu filhote. Tenho certeza que vc se sente agora com aquele orgulho lá em cima, orgulho de um pai que vê o filho bater asas e ter as próprias idéias. Parabéns mesmo, véio, vc merece!!!

Luiz de Aquino disse...

Esta mensagem foi postada em outra crônica,mas por tratar da Feira do Livro de Palmas, copio-a para cá. Mas, por favor, caro leitor, identifique-se... Muito obrigado!
Luiz de Aquino


Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "CNH: quase tudo normalizado Luiz de Aquino Ah, es...":

Cada vez que visito este blog, sinto a necessidade de ir conhecer o poeta Liuz de Aquino, mas quem sabe Deus não vai me conceder esta Graça um dia. Como seria bom se todos os gestores imitassem o exemplo de Palmas e promovessem feiras de livros dai deixaria de haver 77 milhões de não-leitores no Brasil.

Luciara disse...

"No silêncio
A vida prossegue
Numa luta sem voz
Suave..
Atroz..."(Silva Neves - Porangatu)

Que lindo poema, principalmente a ultima parte!

Seu blog é lindo, Luiz! Quanta sensibilidade, inteligencia e sabedoria. Que Deus continue te iluminando!

Grande abraço e lembrando que voce ainda me deve aquela agua de coco! rsrs...Quem sabe esse ano...iremos ao Brasil em dezembro.

Fique com Deus!

Saluti da Lu e Luca