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sábado, maio 09, 2009

Milca, a vitoriosa

Milca, a vitoriosa

Luiz de Aquino

A secretária Milca Severino, da Educação, tem muito a comemorar com a II Bienal do Livro. Agregou escritores, juntou estudantes de todas as idades, mobilizou professores e o povão anônimo também disse presente. Com os percalços naturais de qualquer evento, a feira cumpriu seu papel.

Não pude ser mais presente, tive coisas de casa a resolver, de modo que vivi momentos poucos no Centro de Convenções, mas bastante proveitosos. Como o papo rápido, mas enriquecedor e feliz, com o poeta Carlos Nejar, imortal da Academia Brasileira de Letras, e o reencontro com Fausto Rodrigues Valle, Leonardo Teixeira, Miguel Jorge, Moema de Castro, Ivanor Florêncio, Brasigóis Felício, Edival Lourenço, Doracino Naves, Leda Selma, Danilo Gomes, Maria Helena Chein...

Volto ao tema, com alegria quase infantil. Confesso que a feira, que ainda chamaram de Bienal do Livro, chegou-me como uma surpresa, pois faltou a edição de 2007, o que me levou a crer que a iniciativa ficaria no passado, tal como a I Bienal de Artes, realizada sob o patrocínio da então poderosa Caixa Econômica Estadual de Goiás, “falida” pela conveniência política. Mas ela veio, aconteceu, marcou presença e, espero que para muitos outros, deixou saudade.

Gostei de ver a alegria da secretária Milca. Ela reúne o que se tem de bom em Goiás como educadora e gestora pública. Mostrou eficiência em dois mandatos (eleitos) como reitora da Universidade Federal de Goiás e assegura à Educação estadual os procedimentos corretos na política educacional. Ao realizar a II Bienal, ela deixa claro que a Educação não se limita às salas de aulas, como Cultura não pode resumir-se a reformas de edifícios.

Já disse, e reafirmo, que entendo ser necessário, no Brasil, uma guinada na filosofia das feiras de livros. Os que me lêem, e os que me ouvem, precipitam-se em torcer o nariz antes do final do texto ou no meio da minha exposição verbal. Eu preciso dizer que nos falta, aos autores de textos que, muitas das vezes, resultam em livros, que o foco principal deveria voltar-se mais para os autores literários. Os consumidores de livros não são, necessariamente, leitores de literatura. E as feiras, usando-nos como ameixa de pudim, fazem dos escritores adornos de seu prato principal – vender papel impresso encadernado.

Inúmeros estandes traziam exclusivamente livros religiosos. Outros, de auto-ajuda e os indefectíveis técnicos. O público infantil passa a ser quase que o único a quem se oferece literatura. O envolvimento de autores literários locais é igualmente restrito e repetem-se, a cada nova feira, os mesmos nomes de sempre, em prejuízo dos menos lembrados, ou dos nunca lembrados (incluo-me, sem constrangimento, entre os ilustres esquecidos, convidam-me para ser claque dos que estão sempre em destaque). Tudo bem, tenho consciência de que não sou simpático aos olhos dos que têm esse poder de escolha.

Entendi insuficiente a divulgação, mas isso não é culpa da Secretaria da Educação: material de notícia houve, e bastante. Infelizmente, temos em Goiânia jornais e tevês que proíbem destaque para as notícias de cultura. E o balanço geral é positivo. Editores e comerciantes estão felizes, como felizes estão também os que foram alvos de homenagens e convidados para momentos de autógrafos.

Cumprimento, pois, a professora Milca Severino e sua equipe de auxiliares. E abraço o governador Alcides Rodrigues, que simboliza o patrocínio oficial ao evento. Que venham outras iniciativas, Governador! Os artífices goianos das letras agradecem.

Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras, e escreve aos domingos neste espaço. E-mail: poetaluizdeaquino@gmail.com

7 comentários:

marilia carboni disse...

Estive aqui te lendo!!!
Sabe... estou adorando frequentar tanta cultura!!!!
Beijos!!!
Volto!
Bom final de semana !!!

vanderleia disse...

Para aqueles que o amam e admiram seu trabalho, jamais serás esquecido!

Anônimo disse...

A Bienal foi mesmo um grande acontecimento. O homenageado parecia uma criança feliz.E voce, grande Luiz,quem sabe será o proximo homenageado pelo muito que voce faz por Goiás?
Hum! a gente se encontrou lá e voce não citou meu nome. Sempre somos esquecidos.É uma corrente de amnesia. Voce me esquece,alguém te esquece, eu esqueço que me esqueceram, e assim vai...

Luiz de Aquino disse...

E você também se esquece... Esqueceu-se de assinar.

Bem, encontrei, sem dúvida, mais de quarenta escritores por lá. Se os citasse, todos, não teria espaço para escrever senão a lista de presentes. Quando ao fato de me esquecerem, você (que eu não sei quem é) não notou que eu fui lembrando, sim, na hora de arrumar a casa, carregar os móveis, mas para a festa, não.

Luiz de Aquino

Olavo J. Andrade disse...

Caro Luiz de Aquino, bom dia! Estive fora uns dias, sem acessar internet e, hoje, saboreei 3 excelentes crônicas. Boa sorte, sempre! Abraço Olavo.

Carlos Máximo disse...

Bom dia, meu querido poeta!


Mais uma vez você denotou caprichos no teu artigo de hoje. Amavél!


Confesso que faço uso das tuas palavras (do artigo) para merecer os meus agradecimentos à Milca Severino: Mulher forte e brava nos seus objetivos.

Estive em tres lançamentos na Bienal e os momentos foram formidaveis.

A meu ver, o que faltou para a Bienal ser 100% no contexto literario goiano, foi uma enfase maior aos AUTORES goianos. Nesse ponto, acredito que deixou a desejar.


Mais uma vez parabéns!

MIlca Severino Pereira, Secretária de Estado da Educação disse...

Prezado Luiz,
Obrigada pelas palavras de estímulo referentes à minha pessoa, e de apoio à feira do livro(Bienal)no seu artigo de domingo no DM.
Estamos trabalhando com o firme propósito de deixar o Estado ( a Secretaria da Educação) em condições de realizar a próxima Bienal em 2011, deixaremos tudo ok para o próximo governo, julgo ser fundamental a sua continuidade.
Li, com muita atenção, tudo que você escreveu.
Obrigada.
Cordialmente,
Milca Severino