Sábado
passado, dia 5, eu deixei um belo evento de arte e comilança (agora apelidada
de gastronomia) e dirigi-me ao restaurante Bartolomeu, do querido ex-aluno
Pedro Vasco, no setor Oeste, onde um grupo “da pesada” do tradicional Liceu se
encontra todos os anos para recordar a passagem entre as decantadas décadas de
60 e 70 para confraternizar-se – e nisso, envolvem-nos, seus velhos professores.
A iniciativa tem por líder o Dr. Pedro Dimas e junta gente, muita gente, de
várias profissões, com predominância de engenheiros, seguidos de médicos,
administradores, advogados, professores... Decidi agradecer-lhes com a mensagem
que transcrevo:
Querido
Pedro Dimas,
Esses
"meninos sob a Águia", adolescentes da minha juventude, avançam, já,
na casa sexy-agenária e o fazem com uma qualidade especial, que é a alegria e a
vontade de preservar lembranças, contatos e esse modo de amor imorredouro (um
poeta disse que "amizade é um amor que não se acaba").
Não
bastassem essas motivações, vocês extrapolam ao envolver também os velhos
mestres (sim, nós já somos velhos, mas vocês, não - estarão sempre no limiar
entre se ser-adulto e ser-velho (não gosto da palavra idoso, ela me parece
antipoética, mas velho soa-me como medalha, maravilha...).
Sinto-me
meio-campista nos encontros, quando vejo ali o Prof. José Maria, nosso decano aos
95anos, de quem não fui aluno mas via sempre como o profissional a ser seguido,
e a Profa. Eclea Campos Ferreira, colega de magistério no Liceu e minha mestra
na Faculdade de Filosofia na UCG (PUC).
Vê-los
reunidos é a visagem desfrutada na rampa; poucos passos após, eis-me imerso
nessa paisagem e nesse tempo, e as quase três horas que passei com vocês
renovaram-me para esperar o futuro porque revivemos o passado, ou melhor,
relemos parte das nossas histórias de vida.
Emociona-me,
também, o carinho de olhares que trocamos, os gestos de afeto, a cordialidade
de tantos e tantos! Você, Ana Maria e Pedro Vasco simbolizam bem a tônica que
move esses encontros e, sem exagero, afirmo que renova o desejo de continuar
vivendo.
Obrigado,
Pedro Dimas!
Obrigado, meninos da Águia!
Luiz de
Aquino (professor de Geografia e Educação Moral e Cívica, naquele tempo).
Preciso registrar também que, pela segunda vez em sete encontros, os organizadores cuidaram de gravar um CD com músicas de época. Este ano, uma nova edição traz canções dos anos 50 e 60 que marcaram indelevelmente a geração desses garotos do meu tempo moço. Em ambas as capas, o imponente edifício histórico do Liceu e um poema da minha lavra, especialmente para tal fim, escrito assim:
Preciso registrar também que, pela segunda vez em sete encontros, os organizadores cuidaram de gravar um CD com músicas de época. Este ano, uma nova edição traz canções dos anos 50 e 60 que marcaram indelevelmente a geração desses garotos do meu tempo moço. Em ambas as capas, o imponente edifício histórico do Liceu e um poema da minha lavra, especialmente para tal fim, escrito assim:
Esses meninos sob a Águia...
Era um tempo de homens rudes,
mulheres doces - seres severos…
Tempo de nós muito jovens.
Sonhamos crescer, lutar... Quem sabe?
Alcançar liberdade – palavra
perigosa,
vigiada e guardada a chave.
Meninos grandes de uniforme bege e branco;
jovens mestres de
jaleco, pastas, livros
e giz ante o quadro escuro...
Quadro negro, quase sempre verde...
Lousa, massa e cimento
berço
de textos e contas – lições.
Calça cáqui, sapatos pretos, saias medianas;
meninas de meias
brancas, muito alvas
– rigor religioso, aquele!
No peito, a águia! Vigia solene,
asas abertas ao voo
viagem no tempo a vir!
E o sentimento de fé e sonhos. Marcamos:
– sine die, seja sábado e noite,
mas em quarenta anos (ao
menos).
(Luiz
de Aquino - moço professor de 1970, feliz outra vez entre vocês!).
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