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quarta-feira, dezembro 09, 2015

Aqueles meninos sob a Águia, outra vez!



Aqueles meninos sob 
a Águia, outra vez!

Sábado passado, dia 5, eu deixei um belo evento de arte e comilança (agora apelidada de gastronomia) e dirigi-me ao restaurante Bartolomeu, do querido ex-aluno Pedro Vasco, no setor Oeste, onde um grupo “da pesada” do tradicional Liceu se encontra todos os anos para recordar a passagem entre as decantadas décadas de 60 e 70 para confraternizar-se – e nisso, envolvem-nos, seus velhos professores. A iniciativa tem por líder o Dr. Pedro Dimas e junta gente, muita gente, de várias profissões, com predominância de engenheiros, seguidos de médicos, administradores, advogados, professores... Decidi agradecer-lhes com a mensagem que transcrevo:

Querido Pedro Dimas,

Esses "meninos sob a Águia", adolescentes da minha juventude, avançam, já, na casa sexy-agenária e o fazem com uma qualidade especial, que é a alegria e a vontade de preservar lembranças, contatos e esse modo de amor imorredouro (um poeta disse que "amizade é um amor que não se acaba").

Não bastassem essas motivações, vocês extrapolam ao envolver também os velhos mestres (sim, nós já somos velhos, mas vocês, não - estarão sempre no limiar entre se ser-adulto e ser-velho (não gosto da palavra idoso, ela me parece antipoética, mas velho soa-me como medalha, maravilha...).

Sinto-me meio-campista nos encontros, quando vejo ali o Prof. José Maria, nosso decano aos 95anos, de quem não fui aluno mas via sempre como o profissional a ser seguido, e a Profa. Eclea Campos Ferreira, colega de magistério no Liceu e minha mestra na Faculdade de Filosofia na UCG (PUC).

Vê-los reunidos é a visagem desfrutada na rampa; poucos passos após, eis-me imerso nessa paisagem e nesse tempo, e as quase três horas que passei com vocês renovaram-me para esperar o futuro porque revivemos o passado, ou melhor, relemos parte das nossas histórias de vida.

Emociona-me, também, o carinho de olhares que trocamos, os gestos de afeto, a cordialidade de tantos e tantos! Você, Ana Maria e Pedro Vasco simbolizam bem a tônica que move esses encontros e, sem exagero, afirmo que renova o desejo de continuar vivendo. 

Obrigado, Pedro Dimas! 
Obrigado, meninos da Águia!



Luiz de Aquino (professor de Geografia e Educação Moral e Cívica, naquele tempo).


Preciso registrar também que, pela segunda vez em sete encontros, os organizadores cuidaram de gravar um CD com músicas de época. Este ano, uma nova edição traz canções dos anos 50 e 60 que marcaram indelevelmente a geração desses garotos do meu tempo moço. Em ambas as capas, o imponente edifício histórico do Liceu e um poema da minha lavra, especialmente para tal fim, escrito assim:

Esses meninos sob a Águia...

Era um tempo de homens rudes, 
mulheres doces - seres severos… 
Tempo de nós muito jovens.

Sonhamos crescer, lutar... Quem sabe? 
Alcançar liberdade – palavra perigosa, 
vigiada e guardada a chave.

Meninos grandes de uniforme bege e branco; 
jovens mestres de jaleco, pastas, livros
e giz ante o quadro escuro...

Quadro negro, quase sempre verde... 
Lousa, massa e cimento
berço de textos e contas – lições.

Calça cáqui, sapatos pretos, saias medianas; 
meninas de meias brancas, muito alvas 
– rigor religioso, aquele!

No peito, a águia! Vigia solene, 
asas  abertas ao voo 
viagem no tempo a vir!


E o sentimento de fé e sonhos. Marcamos: 
 sine die, seja sábado e noite, 
mas em quarenta anos (ao menos).


(Luiz de Aquino - moço professor de 1970, feliz outra vez entre vocês!).

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