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sábado, dezembro 19, 2015

Natal de ternura e versos

Literatura Goyas, Antologia 2015 e Histórias de Ternura


Natal de ternura e versos



Nas últimas semanas, “um amigo meu” recém saído da faixa dos “sexy-agenários”, anda propalando aos quatro ventos o seu desencanto ante a realidade nacional. Nossas universidades despejam bacharéis mal formados – legitimamente chamados de “analfabetos funcionais”. A classe política está desacreditada, falida, suspeita e parte dela, expressiva pelo peso dos nomes, encarcerados ou obrigados a usar tornozeleiras eletrônicas.

Em 1964, num manifesto à nação para justificar o golpe de Estado, os militares conspiradores afirmaram que “as elites civis estão falidas”. Será? E agora, hem? Não quero falar dessa proposta petista para tirar a presidente Dilma (petista, sim! Quantas vezes, desde Fernando Collor, o PT apresentou pedidos de impeachment?). Não quero falar nas artimanhas do Eduardo Cunha. Nem dos “pastores” que se parecem muito mais com as siglas partidárias do que com as “denominações” de suas igrejas.

Esse “meu amigo” chega a dizer que preferia ter morrido alguns anos atrás – não sofreria tanta vergonha nem seria obrigado a admitir que a nossa geração faliu, fracassou, errou em tudo! Mas, incrivelmente, a dos nossos filhos, também! E não foi suficiente mostrar-lhes, como o fizemos, os pontos em que falhamos.

Então, questiono esse “meu amigo” dizendo-lhe que podemos enfiar a cabeça na areia. Ou melhor, enfiar os olhos e toda a concentração em algo que os-de-agora não sabem fazer: percorrer nossas estantes, escolher alguns livros, sempre há alguns que não lemos ou mesmo aqueles que somos tentados e reler.

Ou, então, recorrer à iniciativa de alguns amigos – Ademir Hamu, que aliou-se à Rossana Almeida R. Alencastro Veiga e, juntos, produziram uma belíssima antologia a que chamaram de Histórias de Ternura. E também o Adalberto de Queiroz, que recrutou 46 poetas numa antologia – Literatura Goyaz, Antologia 2015 – de poemas e minicontos.

Coincidência – 46 casos de ternura (alguns produziram dois textos) na antologia de Ademir e Rossana, 46 poetas na coletânea poética de Adalberto. Eu próprio marquei presença nos dois livros. Histórias de Ternura teve lançamento festivo e muito concorrido no Bougainville, e Literatura Goyaz, Antologia 2015 terá sua festa em janeiro.

Em ambos os casos, os livros podem ser adquiridos diretamente com seus organizadores (custam, cada um, o preço módico de R$ 20,00; acho que é a primeira vez que uso a palavra “módico”, mas não vou explicá-la). Na última sexta-feira, fiz um “kit” – um de meus livros de poemas e mais um exemplar Histórias de Ternura e Literatura Goiás, Antologia 2015 – e presenteei o amigo-secreto na minha primeira confraternização deste Natal.

Aguardo, pelo correio, o Volume 5 de outra antologia de que participo – Pedro II Tudo ou Nada? -, organizada pelos meus queridos Mirian Cavalcanti, Paulo Rubem S. Valente e Fernando Quintella. São algumas dezenas de crônicas e poemas, publicados a cada ano, por joviais coroas que estudaram no tradicional CPII, no Rio de Janeiro. A condição para se participar é apenas a de ter sido aluno do Imperial Colégio. Ou seja, entre nós há também alguns jovens que sentem o mesmo amor que nós e gostam de recordar tudo o que marcou nossa vida de adolescentes em uniformes (ainda mais naquele uniforme!).

Deste falarei assim que receber meus exemplares!

***


Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

Um comentário:

Sueli Soares disse...

Estou envelhecendo sem arrependimento pelo que fiz ou deixei de fazer, porque não tenho vocação para sofrer. Confesso que errei, e muito, mas também acertei bastante. Quanto as escolhas que "os-de-agora" fazem, não me cabe julgá-las. Aprendo muito com meus filhos, os amigos deles e ex-alunos, vivendo em constante troca, tendo em vista que os interesses se mostram divergentes, como acontecia entre mim e os meus pais - questão sucessória. Escolhas, meu querido! Escolhas!