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quinta-feira, agosto 20, 2020

Renda em fibra de coco

 


RENDA EM FIBRA DE COCO
(Luiz de Aquino)

 


Evoco palavras, estendo-as no varal das linhas

num caderno imaginário e as prendo

uma a outra, em frases versos de frente

e soslaio, como quem flerta em silêncio.

 

O coco verde, pesado,

bilro de rendeira em sítio nordeste

tilintante e certeiro dispõe as letras linhas

nas paralelas do caderno.

 

Um ponto, um nó; uma trança, vírgula.

Exclamo em sinal de ponto e reta,

indago em curva e ponto, aguardo

respostas de feitos alvos de linha fina.

 

Sorvo a suave seiva do coco,

energizo-me da água fria e doce

e costuro minha renda ao rés do chão

de sua casa de caule e folhas.

* * * * * * * * * *


Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras

23 comentários:

Valéria Gomes disse...

Faz tempo que não lia um poema tão alinhavado ao momento que vivo... Suas palavras, meu Amigo Poeta, penduro-as no varal da minha vida!

ROSAMÁBILE IN CONCERT disse...

Magnifico Luis. Parabens

Rosy Cardoso disse...

Meu poeta querido "Um ponto, um nó; uma trança, virgula". Me senti dentro do ponto, do nó, da trança....que lindo!!

Unknown disse...

Marly Paiva
A delicadeza do trabalho das rendeiras é bem homenageada nesses versos, que tecem com palavras a arte da poesia inspirada na cultura popular.

Denise Godoy disse...

Denise Godoy disse...
Adorei o poema, a renda, a foto e o charme desse gato preto. Como diria minha nora, com o R goiano bem puxado:
"Ornou".

Itami Campos disse...

Itami Campos disse...
Renda que rende no varal. Bom poema.

Taniôr Mota disse...

Taniôr Mota disse...
Luiz, inocentemente olhei para a beleza do Ipê. Parei de olhar, comecei a ler;perdi gostosamente minha inocência. Abraços, meu amigo.

Unknown disse...

Que lindo poema mano!Vc é muito especial! É o orgulho da família!Bjs

Anônimo disse...

Edival Lourenço disse...

Belo poema, de colorações lirico-erótico-panteísta!! Parabéns, Luiz!!!

Itaney Campos disse...

Itaney Campos
Um metapoema, trançado com palavras, rendas e linhas. Boa costura!

Anônimo disse...

Waldir Ferreira

Quanta sabedoria rendada nas palavras evocadas, estendidas entre um ponto, um nó, uma vírgula...
Parabéns amigo, um belíssimo poema.👏👏👏

ttptcom disse...

...A rede de deus versos embalando corações ...

Unknown disse...

Seu poema transita entre a feitura da renda e a composição dos versos, enquanto o poeta mata sua sede em

delicioso manancial...

Unknown disse...

Uai siô, esse trem ficou bom bisurdo!!:-)

Andréa Fonseca disse...

O trançado que os Poetas como você fazem, é a mais bela forma de amar.
Lindo.
Andréa Fonseca

Anônimo disse...

Nelson Santos
Parabéns, Luiz de Aquino, pela sua habilidade com as letras e por comoor uma poesia tão bonita!

Unknown disse...

Nada de novo, e sim a velha certeza de beber na fonte da beleza, a reconfortante leitura de um MESTRE das Letras, pois Luiz de Aquino, se supera em cada postagem.

Unknown disse...

Nada de novo, e sim a velha certeza de beber na fonte da beleza, a reconfortante leitura de um MESTRE das Letras, pois Luiz de Aquino, se supera em cada postagem.

Henrique de Oliveira disse...

Luiz rendeiro de Aquino

Maria Helena Chein disse...

Maria Helena Chein disse...

Belo poema urdido nas palavras e frases do seu mundo e na trama da renda que é sua. Seu espaço e vida, que também são nossos. Gostei demais!

SIMONE BORGES ARQUITETURA disse...

Parabéns!

Flavia Rosaflor disse...

Belíssimo Luiz, amei, abraços da amiga nordestina com muito orgulho e que te admira bastante.

Marluzis disse...

Que poema lindo! Delicado, de movimentos suaves, como uma coreografia de rendas. E ao mesmo tempo enfático em seus pontos.